Alemanha assume controle de três refinarias da empresa russa Rosneft em meio à crise de energia

Medida visa garantir abastecimento quando embargo ao petróleo da Rússia entrar em vigor no próximo ano

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Por Redação

BERLIM - A Alemanha está assumindo o controle de três refinarias de propriedade russa no país para garantir a segurança energética antes que um embargo ao petróleo da Rússia entre em vigor no próximo ano, disseram autoridades alemãs nesta sexta-feira, 16.

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Duas subsidiárias da gigante petrolífera russa Rosneft – Rosneft Deutschland GmbH e RN Refining & Marketing GmbH – serão colocadas sob a administração da agência reguladora de energia da Alemanha, disse o Ministério da Economia em comunicado. Com isso, a agência também controlará as ações das empresas nas refinarias PCK Schwedt, MiRo e Bayernoil, localizadas no leste e sul da Alemanha.

“Esta é uma decisão de política energética de longo alcance para proteger nosso país”, disse o chanceler alemão Olaf Scholz. “Sabemos há muito tempo que a Rússia não é mais um fornecedor confiável de energia.”

As instalações industriais da refinaria de petróleo PCK são retratadas em Schwedt/Oder, Alemanha, em 9 de maio de 2022 Foto: Hannibal Hanschke/Reuters

“Com a decisão de hoje, estamos garantindo que a Alemanha também receba petróleo no médio e longo prazo”, disse Scholz. “Especialmente da refinaria de Schwedt.” A instalação fornece produtos petrolíferos para grande parte do nordeste da Alemanha, incluindo Berlim.

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O funcionamento desta refinaria, controlada majoritariamente pela Rosneft, foi muito prejudicado desde que o governo Scholz decidiu reduzir drasticamente suas importações de petróleo russo, em represália pela invasão da Ucrânia. O objetivo no final do ano é dispensar completamente essas importações.

A refinaria de Schwedt até agora processa apenas petróleo russo entregue através do oleoduto Druzhba (“amizade” em russo). Mas como Berlim visa acabar com as importações russas até o final do ano, o governo deve forçar a conversão do local.

Ao assumir o controle, Berlim também quer evitar que a refinaria seja desapropriada de certos ativos por seu proprietário, ou mesmo liquidada por falta de dinheiro suficiente ou petróleo russo. Assim, as autoridades alemãs poderão organizar o abastecimento da usina com petróleo de outros países que não sejam a Rússia.

A Rosneft responde por cerca de 12% da capacidade de refino de petróleo da Alemanha, importando petróleo no valor de várias centenas de milhões de euros todos os meses, disse o ministério. Segundo a pasta, a medida ajudará a garantir o fornecimento contínuo de energia e inicialmente deve durar seis meses.

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O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, fala durante uma entrevista coletiva com o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro do estado de Brandemburgo, Dietmar Woidke, depois que a Alemanha colocou a subsidiária alemã da gigante petrolífera russa Rosneft sob tutela em meio à crise de energia após a invasão russa da Ucrânia, em Berlim, Alemanha  Foto: Christian Mang/Reuters

A empresa havia deixado claro anteriormente que não tinha intenção de interromper as importações de petróleo pelo oleoduto Druzhba, que vai da Rússia através da Ucrânia para refinarias na Europa central, apesar de um iminente embargo da União Europeia entrar em vigor em 1º de janeiro de 2023.

Nos meses que se seguiram à invasão, bancos, seguradoras e empresas de tecnologia pararam de trabalhar com a Rosneft e sua unidade alemã, comprometendo sua capacidade de funcionamento, disse o Ministério da Economia.

Os trabalhadores das refinarias temem perder seus empregos se o embargo ao petróleo russo levar a paralisações. A refinaria de Schwedt emprega milhares de pessoas em uma região com poucas outras perspectivas econômicas.

Scholz disse que um pacote de ajuda de 1 bilhão de euros garantiria empregos para cerca de 1.200 pessoas que atualmente trabalham na refinaria PCK em Schwedt e ajudaria em sua transformação a longo prazo como parte da transição para uma economia verde.

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O ministro da Economia, Robert Habeck, disse que a refinaria no futuro receberá petróleo através de um oleoduto da cidade portuária de Rostock e através da vizinha Polônia, que se recusou a fornecer suprimentos enquanto houvesse o risco de que a Rosneft pudesse lucrar com eles.

A Alemanha já assumiu o controle da antiga subsidiária alemã da Gazprom, a Gazprom Germania, no início de abril, desta vez para garantir seu fornecimento de gás. Em seguida, o governo alemão teve que alocar uma ajuda de 9 a 10 bilhões de euros para salvar a entidade ameaçada de falência.

A principal economia da Europa já reduziu sua dependência das importações russas de petróleo, que representavam 35% de suas necessidades antes da guerra da Rússia na Ucrânia. Paralelamente, a Rússia suspendeu suas entregas de gás ao país, que não poderá substituí-las completamente antes de 2024, de acordo com as últimas previsões do governo./AFP, AP e NYT

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