Alemanha confirma envio de tanques Leopard 2 para a Ucrânia

Novos tanques podem dar poder ofensivo para a Ucrânia em um momento em que a invasão russa se tornou uma guerra de atrito e artilharia, e ajudar na retomada de territórios

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Por Redação

BERLIM – A Alemanha confirmou nesta quarta-feira, 25, a decisão de enviar uma primeira leva de 14 tanques Leopard 2 para a Ucrânia, e também aprovou o envio dos tanques alemães por outros países, afirmou o chanceler alemão, Olaf Scholz, em uma reunião de gabinete.

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A decisão acontece após um período de relutância da Alemanha e de uma pressão dos países aliados da Otan, e tem potencial para ser um divisor de águas no conflito, dando poder terrestre para a Ucrânia em um momento em que a invasão russa se tornou uma guerra de atrito e artilharia.

Neste caso, os tanques têm potencial de furar bloqueios e ajudar na retomada de territórios ao quebrar linhas defensivas inimigas e abrir as trincheiras russas em territórios ocupados. Os 14 tanques alemães vão se juntar a outros 14 tanques Challenger, do Reino Unido, e um número ainda não confimardo de tanques americanos M1 Abrams - além de veículos blindados de transporte de tropas e operação terrestre.

Ainda é pouco para ter um impacto significativo na guerra, segundo analistas. Um relatório do estudo do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres, diz que alguma diferença pode ocorrer, dada a superioridade técnica dos modelos ocidentais sobre os russos, a partir de cem blindados. Mas os blindados podem ajudar a Ucrânia em batalhas mais imediatas, principalmente em Zaporizhia e Donetsk.

Chanceler alemão Olaf Scholz durante uma entrevista coletiva em Paris, no domingo, 22. Ele autorizou o envio dos tanques Leopard 2 à Ucrânia Foto: Benoit Tessier/Reuters

Os tanques de fabricação alemã são apontados por estrategistas militares como a melhor opção para apoiar as ações terrestres Kiev pelo fato de estarem disponíveis em maior número em solo europeu e por serem movidos a diesel - enquanto os americanos Abrams prometidos pelos Estados Unidos utilizam combustível de aviação, o que exigiria uma linha logística mais complexa para mantê-los em operação.

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De acordo com fontes do governo Scholz, o plano é reunir dois batalhões dos tanques Leopard 2 provenientes de estoques mantidos pelo Bundeswehr, o exército alemão, e enviar uma primeira leva de 14 tanques em conjunto com outros parceiros, o que significa que Berlim autorizou a exportação de tanques que haviam sido vendidos para os Exércitos de Finlândia, Suécia e Polônia. Berlim tem 376 blindados do tipo. Na Europa, são 2.300 unidades operadas por 12 países.

Andri Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, comemorou a decisão dos alemães. “Isso será um verdadeiro golpe da democracia contra a autocracia”, escreveu Yermak no Telegram.

A decisão do chanceler foi tomada após os Estados Unidos concordarem em enviar tanques M-1 Abrams, já que a relutância alemã esteve, em parte, na busca de uma ação coordenada com países aliados. “Esta decisão segue nossa conhecida linha de fazer nossos melhores esforços para apoiar a Ucrânia”, disse Scholz. “Nisso estamos atuando em estreita coordenação com nossos [parceiros] internacionais.”

Há meses a Ucrânia solicita o envio de tanques de guerra na intenção de conter os avanços das tropas russas e expulsá-los do seu território. Até então, o Ocidente relutava em enviá-los, restringindo-se a remessas de outros equipamentos, como armas, munição, lançadores de mísseis e sistemas de defesa aérea, mas a pressão ucraniana cresceu após derrotas da Rússia nos meses que antecederam o inverno do Hemisfério Norte e a guerra se aproximar de um ano.

Os primeiros países a anunciarem o envio de tanques de guerra e veículos blindados para os ucranianos foram o Reino Unido e os Estados Unidos. Os britânicos se comprometeram em enviar 14 tanques Challenger. Os EUA anunciaram os veículos blindados Strykers e Bradley, que servem de transporte de tropas, e devem confimar o envio de tanques M-1 Abrams.

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Segundo autoridades americanas, o envio de Abrams, relatado pela primeira vez no The Wall Street Journal, começou a ser discutido após a relutância da Alemanha em enviar os Leopard 2, exposta em debates entre os chefes da Otan. As autoridades alemãs insistiram em particular que só enviariam os tanques se os Estados Unidos concordassem em enviar seus próprios tanques M-1 Abrams. Publicamente, autoridades americanas e alemãs negaram que as duas questões estivessem ligadas.

O último pronunciamento público da Alemanha sobre o envio dos tanques foi feito pelo ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, na semana passada. Pistorius afirmou que nenhum acordo havia sido fechado, mas que o país tomaria uma decisão “assim que possível”.

A pressão também se tornou crescente por parte dos países que possuem o Leopard 2 no seu arsenal, mas que precisavam da autorização de Berlim por se tratar de um equipamento de fabricação alemã. É o caso da Polônia, que fez um pedido oficial para enviar os tanques nesta terça-feira. A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, já havia informado no domingo, 22, que não tentaria impedir a Polônia de fornecê-los à Ucrânia.

Os tanques reforçam o poder ofensivo dos militares ucranianos em um momento em que a guerra está prestes a entrar em uma nova fase de ataques, devido ao fim do inverno. A avaliação da Otan é que eles precisam ser enviados agora, antes que a Rússia comece novas ofensivas contra a Ucrânia.

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Segundo especialistas militares, os tanques Leopard seriam decisivos para o sucesso dos ucranianos este ano. O equipamento transporta quatro ocupantes e pode disparar contra alvos que estão a até 5 quilômetros de distância. O tanque tem um peso de cerca de 60 toneladas e pode atingir velocidade próxima aos 70 km/h, tendo capacidade para atravessar áreas inundadas e rios de até quatro metros de profundidade, além de possuir um periscópio.

A Alemanha possuiria mais de 350 tanques Leopard 2 ativos, em condições de entrarem em serviço, e outros 200 armazenados, de acordo com o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki. Entretanto, um ponto de interrogação entre os analistas é se a quantidade é suficiente para conter os russos. “Os tanques alemães e britânicos são melhores individualmente que os tanques russos. Mas essa qualidade supera os números de Moscou?”, questionou Eric Gomez, diretor de Estudos em Política de Defesa do Cato Institute.

“O ritmo de baixas no front e a velocidade com que equipamentos militares estão sendo destruídos é tanta que fica uma dúvida sobre quanto tempo esses tanques vão durar no campo de batalha”, acrescentou. /COM INFORMAÇÕES DE EFE, NYT E W.POST E COLABORAÇÃO DE RENATO VASCONCELOS

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