Alemanha, França e Polônia prometem armas para Ucrânia em sinal de união após divergências na Europa

Macron alarmou aliados ao insistir que considerava mandar tropas para a guerra no futuro, o que colocaria a Otan em conflito direto com a Rússia

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Por Redação

BERLIM - Alemanha, França e Polônia prometeram adquirir mais armas para Kiev e reforçar a capacidade de produção militar junto a aliados na Ucrânia. O sinal de união veio durante o encontro do chamado Triangulo de Weimar nesta sexta-feira, 15, depois que as divergências entre Berlim e Paris sobre as estratégias para a guerra se tornaram públicas.

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“Ele (o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski) sabe que pode confiar em nós e estamos renovando o nosso sinal de apoio à Kiev”, disse o chanceler alemão Olaf Scholz, depois de receber o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro polonês Donald Tusk para o encontro da aliança regional em Berlim. “A Rússia deve saber que não vamos desistir do nosso apoio à Ucrânia.”

Scholz também prometeu buscar mais armas para Kiev no mercado global “começando imediatamente”, além de aumentar a produção de equipamentos militares, inclusive por meio da cooperação com aliados na Ucrânia. E, sem dar mais detalhes, anunciou a criação de uma coalizão para garantir artilharias de longo alcance.

“Queremos gastar nosso dinheiro, queremos ajudar de todas as maneiras possíveis... aqui e agora, para que a situação da Ucrânia nas próximas semanas e meses melhore, e não piore”, reforçou Donald Tusk.

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“Este é um momento sério”, disse Macron após o encontro. “E o fato de nós três estarmos unidos neste dia, determinados com a mesma lucidez sobre a situação na Ucrânia e determinados a nunca deixar a Rússia vencer e a apoiar o povo ucraniano até o fim, é uma força para nós, nossos povos, nossa segurança e nossa Europa”, acrescentou.

Da esquerda para direita: Emmanuel Macron, Olaf Scholz e Donald Tusk aparecem de mãos dadas após encontro em Berlim, 15 de março de 2024.  Foto: Odd Andersen/ AFP

Divergências na Europa sobre o apoio à Ucrânia

Embora as divergências não tenham sido abordadas durante a entrevista coletiva, Macron disse que os três países permaneceriam fiéis à sua posição de “nunca tomar a iniciativa de uma escalada”.

No mês passado, o presidente francês alarmou aliados ao dizer que não descartava mandar tropas para Ucrânia no futuro - o que colocaria a Otan em conflito direto com a Rússia. Embora Alemanha e Polônia tenham negado essa possibilidade, Macron insistiu. “A Europa claramente enfrenta um momento em que será necessário não sermos covardes”, disse ele.

A declaração foi tomada em Berlim como um insulto. E o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, reagiu: ““Não precisamos, de fato, pelo menos do meu ponto de vista, de discussões sobre mandar tropas ou sobre ter mais coragem ou menos coragem”.

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Mesmo depois de criar atritos na relação França-Alemanha, considerada central para impulsionar a Europa em meio à guerra e para garantir a própria estabilidade do bloco europeu, Macron reafirmou sua posição mais uma vez, um dia antes do encontro em Berlim. Em entrevista à TF1 e France 2, ele ponderou que o envio de tropas não ocorrerá agora, mas deixou no ar: “todas as opções são possíveis”.

Envio de armas

Apesar das promessas renovadas nesta sexta, Olaf Scholz tem se recusado a fornecer para Ucrânia os mísseis de cruzeiro de longo alcance Taurus por temer que o país seja arrastado para dentro da guerra. A oposição critica decisão e apresentou uma moção no Parlamento para que as armas fossem enviadas “imediatamente”, depois que a Rússia conquistou avanços em campo de batalha.

Apesar de partidos que fazem parte do governo terem votado com a oposição, o Parlamento rejeitou o envio dos mísseis Taurus em votação nesta quinta-feira.

A Ucrânia espera receber mais ajuda dos seus parceiros do Ocidente, mas o pacote adicional americano de US$ 60 bilhões segue travado no Congresso e os europeus, hoje os principais apoiadores de Kiev, têm tido dificuldade em fazer chegar ao campo de batalha o que anunciam. É o caso, por exemplo, da promessa de 1 milhão de munições que deveriam ser entregues este mês e parece longe de ser cumprida./COM AFP, AP E NY TIMES

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