Alemanha tem dia de protestos após favorito nas eleições indicar aproximação com extrema direita

Estopim foi moção proposta pelo líder de centro-direita Friedrich Merz e seus Democratas-Cristãos no parlamento pedindo que país barrasse mais migrantes em suas fronteiras

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

BERLIM - Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em toda a Alemanha neste fim de semana para protestar contra o líder de centro-direita e favorito nas eleições deste mês Friedrich Merz, após medidas que sinalizaram uma reaproximação entre a direita e a extrema direita nesta semana.

Manifestantes em Berlim, Hamburgo, Munique, Colônia e Leipzig afirmaram que Friedrich Merz e seus Democratas-Cristãos romperam a promessa da Alemanha do pós-nazismo, segundo a qual todos os partidos democráticos se comprometiam a nunca aprovar qualquer regra ou resolução no parlamento com o apoio de partidos nacionalistas de extrema direita, como a Alternativa para a Alemanha (AfD).

Cartazes mostram o líder da União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha, Friedrich Merz, com a colíder do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel Foto: John Macdougall/AFP

PUBLICIDADE

Na quarta-feira, Merz propôs uma moção não vinculativa no parlamento pedindo que a Alemanha barrasse muito mais migrantes em suas fronteiras. A medida foi aprovada por uma margem apertada graças ao apoio da AfD. Merz estava determinado a demonstrar o compromisso de seu bloco de centro-direita, a União — que também inclui o partido bávaro CSU — em reduzir a migração irregular após um ataque fatal com faca no mês passado, cometido por um solicitante de asilo rejeitado.

No entanto, na sexta-feira, o parlamento alemão rejeitou por pouco um projeto de lei que previa regras mais rígidas para a migração e que corria o risco de se tornar a primeira legislação a ser aprovada com o apoio de um partido de extrema direita. Apesar disso, a questão se tornou o centro de uma polêmica sobre a atitude do favorito nas eleições em relação à extrema direita.

Publicidade

Merz tem sido acusado por manifestantes e políticos da esquerda de quebrar um tabu e enfraquecer a “barreira de contenção” dos partidos tradicionais contra a AfD. Ele insiste que sua posição não mudou e que não trabalhou nem trabalhará com o partido.

“Que vergonha, CDU” ou “Merz sem coração” eram as frases em algumas das faixas seguradas pelos participantes na manifestação de Berlim neste domingo, 2, na qual a polícia local deu uma contagem inicial de pelo menos 20 mil pessoas.

Em Colônia, manifestantes protestaram em 350 barcos no rio Reno, segundo a agência de notícias alemã dpa. As embarcações se alinharam diante do horizonte da cidade, onde se destaca sua famosa catedral, com manifestantes segurando faixas com slogans como “Sem racismo” e “Pela democracia e diversidade”.

No sábado, mais de 220 mil pessoas se manifestaram nas principais cidades do país, de acordo com números divulgados pela emissora pública ARD.

Publicidade

Cartaz eleitoral vandalizado da União Democrata Cristã (CDU) mostra Merz com os dizeres 'traidor'. Foto: AP/Matthias Schrader

As pesquisas mostram que a União de centro-direita, responsável pela proposta e pelo projeto de lei sobre migração, lidera com cerca de 30% de apoio, enquanto a AfD está em segundo lugar com cerca de 20%, seguida pelos Social-Democratas e pelos Verdes, mais atrás.

Merz parece apostar que ganhará apoio ao fazer a União parecer decisiva na adoção de uma abordagem mais rígida à migração, ao mesmo tempo em que reduz o apelo da AfD anti-imigração e faz com que os partidos governistas — que alegam já ter feito muito para lidar com a questão — pareçam desconectados das preocupações dos alemães./AP e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.