Alemanha vai retirar oposição a embargo ao petróleo da Rússia, diz Dow Jones

Berlim teria retirado objeção junto a instituições europeias a um embargo total, desde que haja tempo suficiente para garantir fontes alternativas, afirmaram funcionários do governo ouvidos pela agência

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

A Alemanha está pronta para parar de comprar petróleo da Rússia, afirmaram fontes do governo à agência Dow Jones na manhã desta quinta-feira, 28. A decisão alemã, caso se confirme, abriria caminho para um veto da União Europeia a importações do óleo russo.

Berlim tem sido uma das principais vozes contrárias a sanções da UE contra o petróleo e o gás russos. No entanto, representantes alemães em instituições europeias retiraram a objeção do país a um embargo total ao petróleo russo na quarta-feira, 27, desde que com tempo suficiente para garantir fontes alternativas, afirmaram os funcionários do governo ouvidos pela Dow Jones.

Refinaria de petróleo da produtora russa Gazprom nos arredores de Moscou.  Foto: Natalia Kolesnikova/ AFP

PUBLICIDADE

O fato ocorre no momento em que os países do bloco europeu se mobilizam para ajudar Polônia e Bulgária, que tiveram o fornecimento de gás natural cortados pela Rússia por se recusarem a pagar pelo produto em rublos. O Kremlin exige que os compradores da UE paguem pelo fornecimento a partir de contas bancárias especiais, nas quais os depósitos seriam convertidos de euros e dólares em rublos.

O think tank Bruegel estima que os países da UE paguem cerca de 1 bilhão de euros (US$ 1,05 bilhão) ao dia para empresas russas no setor de energia.

A Alemanha mudou de ideia após conseguir um acordo que permitirá importar petróleo de exportadores globais por meio do porto de Gdansk, no Báltico, afirmaram os funcionários ouvidos, que pediram anonimato

A Alemanha está agora pronta para parar de comprar petróleo russo, abrindo caminho para uma proibição da União Europeia às importações de petróleo da Rússia, disseram autoridades do governo.

As importações de petróleo para Gdansk, na Polônia, podem ser imediatamente canalizadas através do oleoduto para a refinaria de Schwedt, substituindo os suprimentos russos, disseram autoridades do governo.

Publicidade

A infraestrutura portuária de Gdansk, que está equipada para receber superpetroleiros, está conectada ao oleoduto russo com um link separado operado pela Polônia. Isso significa que as importações de petróleo para Gdansk podem ser imediatamente canalizadas através do oleoduto para a refinaria de Schwedt, substituindo os suprimentos russos, disseram autoridades do governo.

A refinaria de Schwedt foi o maior obstáculo para a Alemanha aceitar a proibição das importações de petróleo russo porque milhares de empregos na região dependem dela e não havia suprimento alternativo para alimentá-la até agora, disseram as autoridades.

O acordo com a Polônia foi necessário porque o porto alemão mais próximo da refinaria, Rostock, não tem capacidade para receber superpetroleiros. Além disso, as ferrovias da Alemanha não operam mais vagões de petróleo. O acordo histórico foi anunciado na quarta-feira pelo ministro da Economia alemão, Robert Habeck, durante uma visita à Polônia.

Cerca de 12% do consumo de petróleo da Alemanha depende de importações russas, ante 35% antes da guerra, disse Habeck em um comunicado em vídeo postado na mídia social de seu ministério. Ele disse que a Alemanha agora está pronta para a possibilidade de que a Rosneft pare de canalizar petróleo, um cenário que ele disse que não seria mais um desastre para a economia alemã. “A Rosneft é uma empresa estatal russa e eles não têm interesse em processar petróleo não russo”, disse Habeck.

Caso a Rosneft se recuse a processar importações de petróleo não russos, a Alemanha poderia colocar a refinaria sob gestão estatal sob leis que protegem ativos estratégicos. Berlim já assumiu a administração do principal centro russo de comércio de gás na Alemanha, uma subsidiária da estatal russa Gazprom. /ESTADÃO BROADCAST, NYT e W.POST

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.