Alívio de restrições contra covid na China aumenta risco de novas variantes

EUA e outros países já intensificaram medidas de precaução para viajantes do gigante asiático e passaram a exigir testes

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Por Redação
Atualização:

A virada repentina na política anticovid de Pequim tem gerado preocupação no mundo, com governos e virologistas temendo que a decisão possa desencadear a disseminação de novas variantes. Vários países já intensificaram medidas de precaução para viajantes do gigante asiático. O governo americano anunciou nesta quarta-feira, 28, que passará a exigir testes de covid.

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A China eliminou a exigência de quarentena para visitantes estrangeiros a partir de 8 de janeiro, a última medida em vigor em sua rígida política de “covid zero”. Japão, Índia e Estados Unidos estão entre os países que consideram ou já introduziram medidas para prevenir um influxo de casos.

Com o alívio das restrições, a população chinesa correu para comprar passagens aéreas internacionais. Mas hospitais e crematórios em toda China continuam sobrecarregados, principalmente de idosos.

Chineses em filas se preparam para acessar plataformas em uma estação de trem de Pequim; com alívio de restrições, população se prepara para viajar  Foto: Noel Celis/AFP - 28/12/2022

Jornalistas da agência France Presse disseram ter visto dezenas de pacientes com covid-19, a maioria idosos, deitados em macas nas áreas de emergência dos hospitais de Tianjin, a 140 quilômetros de Pequim. Um médico admitiu que a equipe médica terá de continuar trabalhando, mesmo que teste positivo para o coronavírus.

Diante desse cenário de aumento de casos na China, vários países e especialistas expressaram preocupação com a possibilidade de surgimento de novas variantes. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o professor e médico australiano de doenças infecciosas Dominic Dwyer disse que a falta de transparência sobre a covid na China é preocupante. Segundo ele, não é possível saber quais variantes estão circulando no país atualmente e se elas são diferentes das que o mundo já conhece e para as quais já se tem vacinação.

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No dia 21 de dezembro, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, já havia pedido à China que compartilhasse dados e conduzisse estudos relevantes para ajudar o mundo a entender quais variantes da covid estão circulando. “Para fazer uma avaliação de risco abrangente da situação no país, a OMS precisa de informações mais detalhadas sobre a gravidade da doença, internações hospitalares e requisitos para suporte à UTI.”

O governo americano anunciou nesta quarta-feira, 28, que os viajantes de China, Hong Kong e Macau devem apresentar testes negativos de covid-19 antes de entrar nos Estados Unidos a partir do dia 5 de janeiro.

O anúncio, feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ocorreu em meio à crescente preocupação com o aumento de casos na China e a falta de transparência do país sobre o surto.

Pacientes com covid aguardam no Tianjin Nankai Hospital, em Tianjin, na China  Foto: Noel Celis / AFP - 28/12/2022

O Japão anunciou que começará a implementar medidas de controle de fronteiras para os viajantes provenientes da China, assim como a Malásia, cujo Ministério da Saúde informou que deve reforçar a campanha de vacinação.

O governo italiano se somou à lista, ao anunciar nesta quarta-feira, 28, que também vai impor testes obrigatórios a todos os viajantes procedentes da China. Taiwan, a ilha autônoma de soberania reivindicada pela China, anunciou que também pedirá testes de visitantes oriundos da China.

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Previsível e controlado

As medidas de flexibilização de Pequim puseram fim ao regime de “covid zero”, com testes em massa, confinamentos e extensas quarentenas que paralisaram sua economia e provocaram protestos em todo país.

“O desenvolvimento atual da situação epidemiológica chinesa é previsível e controlado”, garantiu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, nesta quarta-feira.

“O exagero, a difamação e a manipulação política com segundas intenções não resistem à prova dos fatos”, acrescentou Wang, que chamou a cobertura da imprensa ocidental sobre a covid na China de “totalmente tendenciosa”.

Desde março de 2020, os passageiros que chegavam à China tinham de passar por uma quarentena obrigatória. O tempo do confinamento foi reduzido de três para uma semana em junho e para cinco dias no mês passado, antes de ser completamente eliminado em janeiro de 2023.

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Na terça-feira, as autoridades de imigração disseram que vão voltar a emitir passaportes para fins turísticos a partir de 8 de janeiro, após anos de rígidos controles de saída.

Rastrear casos

O surto de casos no inverno (no Hemisfério Norte) ocorre antes do longo feriado do ano-novo chinês em janeiro, quando centenas de milhões de pessoas costumam viajar para visitar suas famílias.

Nesta quarta-feira, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças da China informou 5.231 novos casos de covid e três mortes, depois de estreitar os critérios para definir se uma morte foi causada pelo coronavírus.

Os números divulgados podem ser menores do que a realidade, porque as pessoas não são mais forçadas a relatar o contágio.

Hoje, usam dados de consultas on-line, visitas hospitalares, pedido de medicamentos para febre e chamadas de emergência para “cobrir as limitações dos números (oficiais) relatados”, disse Yin Wenwu, funcionário do controle de doenças, à imprensa na terça-feira.

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Diante da falta de remédios básicos, as autoridades da cidade de Pequim planejam distribuir Paxlovid, um remédio contra a covid, em hospitais locais e clínicas comunitárias./COM AFP

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