América do Sul só está unida no discurso, diz presidente da Colômbia

Gustavo Petro cobra projetos concretos e diz ao Estadão que pedirá em cúpula promovida por Lula apoio à troca da dívida pública por investimentos climáticos

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Foto do author Felipe Frazão

BRASÍLIA - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou nesta terça-feira, dia 30, que a união entre países da América do Sul não passou do discurso e carece de projetos concretos. Petro é um dos 11 presidentes, de 12 países, a participar do retiro de chefes de Estado em Brasília, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“América do Sul está unida no discurso, não em projetos concretos”, afirmou Petro a jornalistas, ao chegar no Palácio do Itamaraty.

Diante de uma série de divergências políticas, que levaram ao abandono de mecanismos de integração e à construção de grupos efêmeros e fragmentados, Lula convocou a cúpula de presidentes para recriar uma forma de diálogo permanente.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, participa da reunião de presidentes sul-americanos em Brasília  Foto: Evaristo Sa/AFP

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“O panorama mundial é crítico. A América Latina sem dúvida deve ter voz unificada. Temos uma potencialidade nas nossas mãos, várias soluções no nosso território para a crise integral da humanidade. Temos que debater e chegar a consenso”, afirmou o colombiano.

Petro disse ao Estadão que vai pedir, durante a reunião fechada com os demais presidentes, apoio em âmbito global uma bandeira da Colômbia, a troca de dívida pública por investimentos em ação climática, seja proteção ambiental ou recuperação. Ele também falou na necessidade de maior integração de energia elétrica na região.

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“Temos várias propostas. Trocar a dívida pública por ação climática”, disse o presidente colombiano.

A ideia já é aplicada por países na região. O Equador anunciou em 9 de maio um acordo com credores internacionais para converter U$ 1,1 bilhão em investimentos ambientais. Desse total, U$ 450 milhões serão destinados a iniciativas de proteção e conservação das Ilhas Galápagos.

No discurso inaugural, o único transmitido, o presidente brasileiro defendeu a reconstrução da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), da qual só fazem parte sete países, notadamente os governos de esquerda, e propôs a ideia de criação de uma moeda comum pra transações de comércio entre os 12 países.

Os presidentes se reúnem em privado nesta terça-feira, e vão almoçar e jantar juntos, a convite de Lula. Ao fim, devem emitir um comunicado conjunto e estabelecer um prazo de 120 dias para desenvolver as propostas apresentadas.

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