Análise: após primeiro sinal de apoio militar a Guaidó, há guerra civil no horizonte

Dúvida agora é se os militares que continuam apoiando Nicolás Maduro são articulados e têm poder para prender organizadores do movimento contra o chavismo

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O movimento militar que ocorre nesta terça-feira, 30, na Venezuela deixa clara a divisão existente nas Forças Armadas do país e é o primeiro sinal de que agora o líder opositor autoproclamado presidente venezuelano, Juan Guaidó, tem apoio de uma parte significativa dos militares. 

O líder opositor e autoproclamado presidente interino daVenezuela,Juan Guaidó,anunciou nesta terça-feira, 30, que conta com o apoio de um grupo de militares para restaurar a democracia e "acabar com a usurpação de poder"- como os antichavistas se referem ao governo deNicolás Maduro-, em um vídeo gravado de uma base aérea deCaracase publicado nas redes sociais. Foto: Twitter/JuanGuaidó

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Mais cedo, Guaidó anunciou que conta com o apoio de um grupo de militares para restaurar a democracia e "acabar com a usurpação de poder" - como os antichavistas se referem ao governo de Nicolás Maduro -, em um vídeo gravado de uma base aérea de Caracas e publicado nas redes sociais. 

A dúvida agora é se os militares que continuam apoiando Maduro são suficientemente articulados, têm poder suficiente para sair e colocar os organizadores dessa movimentação na cadeia.

A Inteligência brasileira ainda avalia quem são os militares que apoiam Guaidó para entender a dimensão deste levante. Recentemente, Maduro nomeou diversos generais na Venezuela, mas são oficiais que não possuem tropas e, por isso, têm pouco poder de mobilização dos militares de menor patente. 

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Um fato importante de ter em mente é que o número de militares dissidentes do chavismo que cruzam as fronteiras para Colômbia e Brasil tem aumentado. Segundo autoridades de imigração colombianas, cerca de 1.400 militares da Venezuela desertaram para a Colômbia neste ano. Na Colômbia, esses desertores são recebidos por colombianos e, também, americanos.

O Exército brasileiro disse que mais de 60 integrantes das Forças Armadas venezuelanas migraram para o Brasil desde que Maduro fechou a fronteira em 23 de fevereiro para frustrar um esforço da oposição para levar alimentos e remédios para o país. 

Milícias chavistas

De qualquer maneira, é preciso lembrar das milícias que ainda apoiam Maduro. Últimos levantamentos de grupos de Inteligência mostram que esse grupo também tem diminuído, mas ainda é representativo. Na época do ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013, as milícias chegaram a quase 1 milhão de integrantes. Agora, o número aproximado é de 200 mil milicianos. Se Guaidó assumir de fato o poder, terá que lidar, no mínimo, com uma guerrilha ativa.

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Qualquer que seja o resultado do levante desta terça, com Maduro se mantendo no poder por mais tempo ou Guaidó assumindo de fato a presidência venezuelana, a situação caminha para uma guerra civil, cedo ou tarde.

A posição brasileira continua a mesma do início da crise política venezuelana: não intervenção. O compromisso do País continua sendo preservar o território e o espaço aéreo nacionais. O que pode ocorrer agora é uma ordem de "desdobrar tropas", ou seja, levar mais soldados para a região de fronteira, estritamente para proteção.