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Análise: Segundo julgamento é um acerto de contas

Em questão no Senado, nos próximos dias, estarão muitos dos aspectos fundamentais que definiram os quatro anos de Trump no poder

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Por Peter Baker

Após o Senado dos Estados Unidos abrir um segundo processo de impeachment de Donald Trump, na terça-feira, os deputados democratas exibiram poderosas imagens em um vídeo do ataque letal do mês passado ao Capitólio, o que deixou bastante claro o quão diferente esse processo será com relação ao primeiro. 

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Enquanto o primeiro impeachment de Trump era um argumento abstrato sobre suas interações nos bastidores com um país distante, a Ucrânia, o caso agora diz respeito à erupção de violência que os americanos viram na TV com os próprios olhos – e os senadores que atuam como jurados experimentaram pessoalmente quando fugiram para salvar suas vidas.

Em vez de um julgamento sobre excessos cometidos em política externa, esta sequência do impeachment equivale a um acerto de contas da própria presidência de Trump. Em questão no Senado, nos próximos dias, estarão muitos dos aspectos fundamentais que definiram os quatro anos de Trump no poder: seus ataques implacáveis à verdade, seus esforços deliberados para fomentar divisões na sociedade, a violação de normas e sua tentativa de enfraquecer uma eleição democrática. 

Imagens de câmeras de segurança mostram momento em que o então vice-presidente Mike Pence é retirado durante a invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro Foto: Senate Television via AP

Ainda assim, esse julgamento pode terminar com o mesmo veredicto do último. Em uma votação sobre a constitucionalidade de processar um presidente depois que ele deixou o cargo, 44 republicanos apoiaram Trump, uma medida de sua influência duradoura dentro do partido e um sinal de que ele, provavelmente, conquistará os 34 votos de que precisa para a absolvição, diante da maioria absoluta de dois terços necessária para a condenação. 

No entanto, se os seis republicanos que votaram para prosseguir o julgamento também votarem para condená-lo por incitar uma insurreição, será a maior quantidade de senadores a romper com um presidente do próprio partido em todos os julgamentos de impeachment da história dos Estados Unidos.

“Quando estava no plenário do Senado, no primeiro impeachment, nunca imaginei que aquilo seria apenas o ato de abertura”, disse Norman Eisen, advogado dos democratas da Câmara que participou do julgamento do ano passado. “O segundo ato cristaliza todos os elementos antidemocráticos que caracterizaram o mandato de Trump e seus crimes na Ucrânia, mas os leva a um nível ainda mais alto.” 

A carga emocional desta vez ficou evidente no plenário do Senado, na terça-feira. Sentados no que equivale à cena do crime, a mesma Casa da qual fugiram há apenas um mês, momentos antes de os apoiadores de Trump invadirem, alguns dos senadores republicanos assistiram assustados às cenas de violência que se desenrolavam nas telas diante deles. Outros viraram a cara e preferiram não ver. 

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*É COLUNISTA

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