WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou pela primeira vez as ações russas na Ucrânia de genocídio nesta terça-feira, 12. Durante um discurso sobre os preços dos combustíveis, ele fez uma alusão ao presidente russo, Vladimir Putin, usando o termo ditador que está causando um genocídio.
“Seu orçamento familiar, sua capacidade para encher um tanque, nada disso deveria depender de se um ditador declara guerra e comete um genocídio do outro lado do mundo”, declarou Biden no Estado de Iowa.
O governo de Biden atribui o aumento do preço da gasolina à invasão russa da Ucrânia, durante a qual as tropas russas cometeram atrocidades contra civis, segundo denúncias de uma parte da comunidade internacional.
Anteriormente, o americano já havia chamado as ações da Rússia na Ucrânia de crimes de guerra, mas ainda não havia qualificado a incursão como genocídio. No dia 4, Biden chamou Putin de criminoso de guerra e, em 26 de março, em um discurso na Polônia, afirmou que “esse homem (Putin) não pode continuar no poder”.
Falando em Iowa pouco antes de embarcar no Air Force One para retornar a Washington, Biden disse que falava sério quando disse em um evento anterior que Putin estava realizando um genocídio contra a Ucrânia.
“Sim, eu chamei isso de genocídio”, disse ele a repórteres. “Tornou-se cada vez mais claro que Putin está apenas tentando acabar com a ideia do que é ser um ucraniano.”
Biden acrescentou que cabe aos advogados decidir se a conduta da Rússia atende ao padrão internacional para genocídio, mas disse que “com certeza parece assim para mim”. O líder americano havia dito anteriormente que não acreditava que as ações da Rússia representassem genocídio, apenas que constituíam “crimes de guerra”.
A convenção internacional de genocídio exige que os países signatários intervenham assim que o genocídio for formalmente identificado. Essa obrigação foi vista como um impedimento ao então presidente Bill Clinton de declarar genocídio o assassinato de 800 mil tutsis étnicos de Ruanda em 1994, por exemplo.
Kiev prende aliado de Putin
Em Kiev, autoridades anunciaram que o deputado e empresário ucraniano Viktor Medvedchuk, muito próximo de Putin, e que estava foragido desde o começo da invasão, foi capturado em uma operação especial.
“Uma operação especial foi realizada graças ao SBU (serviços de segurança ucranianos). Parabéns!”, declarou o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, pelo aplicativo Telegram.
Zelenski publicou uma foto em que é possível ver o detento algemado e vestindo um uniforme Você pode ser um político pró-Rússia e trabalhar para o Estado agressor durante anos. Você pode fugir. Você pode até usar um uniforme ucraniano para passar despercebido. Mas isso irá te ajudar a escapar da punição? Absolutamente não”, confirmaram os serviços de segurança ucranianos no aplicativo Telegram.
Medvedchuk, de 67 anos, estava em prisão domiciliar desde 2021, após ser acusado de “alta traição” e “tentativa de saque de recursos naturais na Crimeia”, península ucraniana anexada pela Rússia em 2014. Em 26 de fevereiro, dois dias após o início da invasão russa, a polícia comprovou que ele havia fugido.
O magnata possui a 12ª maior fortuna na Ucrânia, estimada em US$ 620 milhões pela revista Forbes, e é conhecido por sua relação com Putin, que seria padrinho de uma de suas filhas. /AFP e AP
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