Rússia ataca portos da Ucrânia pelo segundo dia em meio a disputa sobre acordo de grãos

Em meio aos bombardeios, Moscou pressiona a ONU e indica que poderia voltar ao acordo em um prazo de até três meses se tiver demandas atendidas

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Por Redação

ODESSA - Um intenso bombardeio com mísseis e drones da Rússia atingiu o sul da Ucrânia, no segundo dia de ataques à infraestrutura portuária. A ofensiva segue o abandono de Moscou ao acordo que garantia segurança para o escoamento de grãos pelo Mar Negro.

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O ministério da agricultura ucraniano afirma que 60 mil toneladas de grãos foram destruídas no ataque, que danificou instalações em Odesa e Chornomorsk.

No início da semana, a Rússia deixou o acordo, que era considerado a maior vitória da diplomacia durante o conflito entre dois dos maiores exportadores de commodities do mundo. Segundo a ONU, a iniciativa reduziu em 20% o preço dos alimentos globalmente além que garantir o abastecimento em países mais pobres.

Moradores de Odessa na Ucrânia, se deparam com estilhaços de ataques.  Foto: EFE/EPA/IGOR TKACHENKO

Moscou reclamou de não ter as demandas das próprias exportações atendidas e, agora, pressiona a ONU enquanto lança ataques à infraestrutura portuária ucraniana. Nesta quarta-feira, 19, a Rússia disse que as Nações Unidas têm três meses para implementar os termos do acordo que facilitariam as exportações de grãos russos se quiser retomar o acordo.

O recado foi dado pela porta-voz do ministério de relações exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em entrevista à Rádio Sputnik. “O acordo valerá por três anos e, caso uma das partes tenha a intenção de rompe-lo, deve dar um aviso de três meses. Nós demos o aviso”, alertou a porta-voz russa citando um trecho do documento.

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Do outro lado do conflito, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, também pressionou a ONU. Ele alegou que busca uma forma de manter as exportações, mas que “conhecendo a Rússia” não haverá corredor seguro a menos que “a ONU comece a trabalhar com clareza e firmeza”.

Zelenski disse ainda que os ataques são “terrorismo” da Rússia e aproveitou para pedir mais sistemas de defesa aérea que seriam necessários para garantir a segurança dos portos ucranianos.

A mais recente ofensiva russa também atingiu outras regiões da Ucrânia, deixando pelo menos um morto e 21 feridos. Os bombardeios seguem a promessa de Vladmir Putin de retaliar o ataque à ponte que liga a Rússia e Crimeia - o segundo durante a guerra. Além de estratégica, a via construída sobre o Estreito de Querche é um símbolo da tomada da península ucraniana por Moscou, em 2014.

Ucrânia reconhece avanço russo

No campo de batalha, a Ucrânia tenta romper as linhas defensivas da Rússia na sua lenta contraofensiva, mas são as tropas de Moscou que avançam na região de Kharkiv - retomada em setembro do ano passado em uma das maiores vitórias para Ucrânia ao longo da guerra.

O Ministério da Defesa russo disse que as suas tropas avançaram pouco mais de 3km na cidade de Kupiansk. Kiev afirma que Moscou reuniu cerca de 100 mil soldados para a batalhes e reconhece que “infelizmente, há um avanço do lado deles”, mas afirma que está segurando a defesa.

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Essa pode ser uma estratégia da Rússia para forçar a Ucrânia a redistribuir as tropas, o que deixaria outras áreas expostas. A hipótese foi reforçada pela vice-ministra da defesa ucraniana, Hanna Malyar. Na semana passada, ela disse que os bombardeios russos nas regiões de Donetsk e Kharkiv seriam uma tentativa de tirar o foco da Ucrânia da sua contraofensiva com a ampliação das forças nas áreas em batalha.

Hanna Malyar disse que um dos objetivos era distrair a tentativa ucraniana de retomar terreno em Bakhmut, mas que defesa ucraniana está “respondente rapidamente às mudanças” no campo de batalha./ AP e The New York Times

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