Após EUA libertarem executiva da Huawei, China solta canadenses

Prisão da diretora provocou crise entre Pequim e Ottawa e complicou relações entre americanos e chineses

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Por Redação
Atualização:

OTTAWA, Canadá - Dois canadenses detidos na China sob acusações de espionagem foram libertados e voaram para seu país, segundo anunciou o primeiro-ministro Justin Trudeau nesta sexta-feira, 24, horas depois que a diretora financeira da gigante chinesa de comunicações Huawei, Meng Wanzhou, obteve um acordo com a Justiça dos EUA. Wanzhou cumpria prisão domiciliar no Canadá e embarcou em um voo ainda nesta sexta-feira para a cidade chinesa de Shenzhen. 

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A diretora financeira enfrentava um julgamento de extradição para os EUA, que a acusava de fraude bancária. Segundo a negociação desta sexta-feira, as partes concordaram em “adiar” as diligências judiciais. 

Uma juíza canadense encerrou o processo de extradição contra a executiva e ordenou o levantamento de suas condições de fiança, colocando fim a uma saga legal de quase três anos. A decisão foi tomada depois que a defesa da diretora financeira chegou a um acordo de adiamento do processo legal com o Departamento de Justiça dos EUA para evitar acusações de fraude. O imbróglio judicial complicou as relações entre Pequim e Washington. 

Meng Wanzhou, de 49 anos, filha do fundador da Huawei Ren Zhengfei, foi detida em 1º de dezembro de 2018 no aeroporto canadense de Vancouver a pedido de Washington.

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A Justiça americana a acusou de ter mentido para um executivo do banco HSBC durante uma reunião em Hong Kong em 2013 sobre os vínculos entre o grupo chinês e uma subsidiária chamada Skycom que vendia equipamentos para o Irã. A empresária sempre negou as acusações. 

"Nos últimos três anos, minha vida virou de cabeça para baixo. Foi uma época perturbadora para mim como mãe, mulher e executiva de uma empresa. Mas acredito que toda nuvem tem um raio de luz prateado", disse Wanzhou após a decisão.

Manifestantes pedem liberdade dos canadenses Michael Spavor e Michael Kovrig em marcha em Vancouver Foto: Jason Redmond/AFP

Dias após a prisão de Wanzhou no Canadá, a China deteve o empresário canadense Michael Spavor – que em agosto foi condenado a 11 anos de prisão por espionagem e roubo de segredos de Estado – e o ex-diplomata Michael Kovrig, provocando uma séria crise diplomática entre Pequim e Ottawa. O governo canadense considerava essas detenções uma retaliação pela prisão de Wanzhou. 

Disputa comercial

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Pequim acredita que o governo dos EUA, então liderado por Donald Trump, buscava sobretudo enfraquecer a Huawei, empresa chinesa líder mundial em equipamentos e redes 5G, sem equivalente do lado americano.

Desde 2019, a Huawei tem sido objeto de sanções do governo americano, que a acusou de espionagem em seus telefones em favor da China. Com isso, a companhia chinesa não pode acessar tecnologias americanas para seus produtos, como o sistema operacional Android, de propriedade do Google e usado por quase todos os fabricantes de smartphones, exceto a Apple.

Devido às sanções, a Huawei também não pode acessar certos componentes para suas redes e smartphones. O resultado é que o grupo chinês foi expulso do pódio global de fabricantes de smartphones, após chegar a ultrapassar brevemente a Samsung e a Apple./AFP e NYT