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Após fechar acordo para fornecimento de caças, Orbán libera adesão da Suécia à Otan

Hungria se tornou última resistência depois do aval da Turquia e deve votar ampliação da aliança na semana que vem

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Por Redação

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, declarou nesta sexta-feira, 23, o fim de uma disputa de meses com a Suécia sobre a expansão da Otan. Ele disse que uma visita de seu colega sueco havia reconstruído a confiança e aberto caminho para que o Parlamento húngaro votasse na segunda-feira para ratificar a adesão da nação nórdica à aliança.

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“Estamos prontos para lutar uns pelos outros, para dar nossas vidas uns pelos outros”, disse Orban em entrevista coletiva conjunta em Budapeste, a capital húngara, com o líder sueco, Ulf Kristersson.

A Hungria tem sido a última resistência para endossar formalmente a adesão da Suécia à Otan. O súbito aquecimento das relações entre os dois países ocorreu após a decisão de Estocolmo de fornecer à Hungria quatro caças Gripen fabricados na Suécia, além dos 14 que sua força aérea utiliza, e a promessa de que a Saab, fabricante dos aviões de guerra, abrirá um centro de pesquisa de inteligência artificial na Hungria.

Budapeste vinha protelando há 19 meses a ratificação da admissão da Suécia na Otan, um atraso que intrigou e exasperou os EUA e outros membros da aliança militar. Orbán e outras autoridades húngaras deram explicações diferentes para o atraso. Essas explicações incluem reclamações sobre acusações suecas de retrocesso democrático na Hungria sob o comando de Orbán; materiais didáticos que criticam a Hungria nas escolas suecas; e comentários que Kristersson fez anos antes de assumir o cargo.

Embora Orban tenha insistido na sexta-feira que a oferta da Suécia de novos caças e um instituto de pesquisa não fazia parte de um acordo sobre a adesão à Otan, os meios de comunicação controlados pelo partido governista Fidesz alardearam o aumento da cooperação militar com a Suécia como um triunfo das táticas de negociação húngaras. “A reunião de hoje é um marco em um longo processo”, disse Orbán. “Esse longo processo também pode ser chamado de processo de reconstrução da confiança, e podemos marcar o fim dessa fase hoje.”

Primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán (direita) e primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, Budapeste, 23 de fevereiro de 2024.  Foto: EFE/EPA/Zoltan Fischer / Governo da Hungria

Depois de meses reclamando que a Suécia não havia demonstrado respeito suficiente pela Hungria, Orbán elogiou o país na sexta-feira como um parceiro confiável. Ele observou que o país acolheu muitos refugiados húngaros depois que as tropas soviéticas esmagaram um levante anticomunista em Budapeste, em 1956, e que apoiou fortemente a entrada da Hungria na União Europeia em 2004.

A visita de Kristersson a Budapeste reverteu sua posição anterior de que viajaria a Budapeste para conversar com Orbán somente depois que o parlamento húngaro votasse pela aprovação da adesão do país à Otan.

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Os aviões de guerra Gripen de fabricação sueca, fornecidos por meio de um contrato de aluguel, formam a espinha dorsal da força aérea húngara. Os meios de comunicação pró-governo na Hungria informaram nos últimos dias que Orbán estava pressionando por um acordo melhor sobre a aeronave como parte de suas negociações.

Quando Kristersson chegou a Budapeste, a Saab anunciou que havia assinado um contrato com o Estado sueco para fornecer mais quatro caças à Hungria. Alguns diplomatas e analistas viram o foco repentino de Orbán na expansão da cooperação militar com a Suécia como uma forma de salvar um impasse que, segundo os críticos, prejudicou a reputação da Hungria como um aliado confiável e não garantiu nenhum benefício claro em troca.

Até sexta-feira, o benefício mais tangível para a Hungria, ou pelo menos para Orbán, da longa demora em aceitar a Suécia foi toda a atenção dada a uma nação que, de outra forma, tem pouca influência militar, diplomática ou econômica. Ela é responsável por 1% da produção econômica da UE e tem um Exército com cerca de 40 mil membros na ativa, aproximadamente o tamanho da força policial da cidade de Nova York.

O Magyar Nemzet, um meio de comunicação que frequentemente canaliza as opiniões de Orbán, comemorou na sexta-feira o fato de o primeiro-ministro húngaro ter assumido o centro do palco com uma manchete: “Viktor Orbán está na primeira página dos jornais suecos”.

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A Hungria se tornou o último obstáculo à admissão da Suécia na Otan depois que o Parlamento da Turquia votou no mês passado para aprová-la. Depois que a Hungria ficou sozinha, Orbán assegurou ao secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, que o “governo húngaro apoia” a adesão da Suécia e faria com que o Parlamento agisse “na primeira oportunidade possível”.

Mas quando os legisladores da oposição convocaram uma sessão do Parlamento no início deste mês para votar sobre a entrada da Suécia, o Fidesz (partido de Orbán) boicotou a sessão.

A adesão da Suécia ficou emaranhada nas relações frias de Orbán com o governo Joe Biden, que apoiou fortemente a candidatura da Suécia à aliança.

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“Gostaríamos muito de ver o presidente (Donald) Trump retornar à Casa Branca e fazer a paz aqui na metade oriental da Europa”, disse Orbán no último sábado em seu discurso anual sobre o estado da nação.

Uma delegação bipartidária de senadores americanos que visitou Budapeste no último fim de semana para pressionar a Hungria a ratificar rapidamente a adesão da Suécia à Otan recebeu uma resposta negativa, depois que todos os ministros e legisladores húngaros do Fidesz se recusaram a se reunir com eles./NYT

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