A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, discursou na tarde desta quarta-feira, 6, na Howard University, em Washington, após ligar para o presidente eleito Donald Trump e conceder a derrota nas eleições presidenciais americanas.
Kamala iniciou o discurso de 12 minutos agradecendo o seu marido, Douglas Emhoff, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu companheiro de chapa, o governador de Minnesota, Tim Walz.
“As pessoas estão sentindo e vivenciando uma série de emoções agora, eu entendo. Mas devemos aceitar os resultados desta eleição”, disse Kamala. “Hoje mais cedo falei com o presidente eleito Trump e o parabenizei por sua vitória”, apontou a vice-presidente, em meio a vaias da plateia após o nome do republicano ser mencionado.
Kamala também apontou que a administração Biden irá ajudar Trump e sua equipe no processo de transição. “Embora eu esteja concedendo esta eleição, não concedo os valores que contribuíram para esta campanha”, disse Kamala. “A luta pela liberdade, pelas oportunidades, pela justiça e pela dignidade de todas as pessoas não acabou.”
A vice-presidente americana também se dirigiu diretamente ao público jovem. “É normal se sentir triste e desapontado, mas saibam que vai ficar tudo bem”, destaca Kamala. “As vezes a luta demora”.
Kamala também encorajou outras mulheres a disputarem o pleito presidencial. Caso a democrata tivesse sido eleita, ela seria a primeira mulher a ocupar a Casa Branca. “Nunca dê ouvidos quando alguém lhe disser que algo é impossível porque nunca foi feito antes”.
A vice-presidente tentou injetar otimismo em seus apoiadores no final do discurso. “Sei que muitas pessoas sentem que estamos entrando em um período sombrio, mas para o benefício de todos nós, espero que não seja esse o caso”, disse ela. “E se isso acontecer, vamos encher o céu com a luz de um bilhão de estrelas brilhantes. A luz do otimismo, da fé, da verdade e do serviço”.
Ligação para Trump
Segundo um assessor da candidata democrata, Trump e Kamala conversam por telefone na tarde desta quarta-feira e discutiram a importância de uma transição pacífica de poder. Steven Cheung, um porta-voz da campanha de Trump, descreveu o telefonema de Kamala para Trump como cordial.
“O presidente Trump reconheceu a vice-presidente Harris por sua força, profissionalismo e tenacidade durante toda a campanha, e ambos os líderes concordaram sobre a importância de unificar o país”, disse Cheung em uma declaração.
O republicano garantiu a vitória segundo as projeções da Associated Press (AP) após vencer no Estado do Wisconsin, contabilizando 277 delegados no colégio eleitoral. Para um presidente ser eleito nos EUA, 270 delegados são necessários.
Neste momento, Trump tem 295 delegados após a AP projetar a vitória do ex-presidente no Alasca. Kamala Harris ficou com 226 delegados. A AP ainda não projetou a vitória de Trump em Nevada e no Arizona, mas o republicano está na liderança nos dois Estados.
Derrota
A derrota foi um balde de água fria na campanha de Kamala Harris, que se animou na reta final da eleição com algumas pesquisas que deram a vice-presidente numericamente à frente de Trump em alguns Estados-pêndulo. A realidade, no entanto, provou que as estatísticas subestimaram a força eleitoral do republicano pela terceira vez consecutiva.
A democrata apostou na força do voto feminino para tentar derrotar Trump, usando principalmente o tema como a legalização do aborto para mascarar o alto custo de vida e o pessimismo do americano com a economia que ela herdou do presidente Joe Biden, que desistiu da reeleição em julho após uma performance ruim em debate contra Trump e preocupações sobre sua idade.
Saiba mais
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também deve discursar nesta quarta-feira. Segundo a Casa Branca, Biden telefonou para Kamala e Trump nesta tarde e parabenizou a ex-colega de chapa pela “campanha histórica”, e o ex-rival, pela vitória.
O presidente disse também ao sucessor que está comprometido com uma transição tranquila e ressaltou a importância de que ambos trabalhem para unificar o país. Biden convidou Trump para uma reunião na Casa Branca.
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