THE NEW YORK TIMES - A Arábia Saudita deu um pequeno passo para normalizar as relações com Israel nesta sexta-feira, 15, ao autorizar que aviões israelenses voem entre os dois países. O anúncio, feito horas antes do presidente americano, Joe Biden, embarcar de Jerusalém para Jeddah, é o mais novo exemplo dos laços crescentes entre Israel e o mundo árabe, após décadas de isolamento diplomático.
O movimento de aproximação entre Israel e países árabes ganhou força em 2020, após uma série de acordos mediados pelos Estados Unidos, ainda sob governo de Donald Trump, o que incluiu países como Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Bahrein. Para além de uma normalização das relações diplomáticas, revelações recentes mostram que os países chegaram a cooperar em temas militares, incluindo uma operação de defesa compartilhada para abater drones iranianos.
Riad ficou de fora da primeira leva dos acordos, mas o gesto de abertura do espaço aéreo foi vista com otimismo pelo presidente Joe Biden, que comentou sobre o tema em um comunicado. “A decisão da Arábia Saudita pode ajudar a impulsionar uma maior integração de Israel na região, inclusive com a (própria) Arábia Saudita”, afirmou.
O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, agradeceu ao governo saudita, mas disse que a medida era “apenas o primeiro passo” em direção a laços plenos. “Continuaremos trabalhando com a cautela necessária, pelo bem da economia de Israel, da segurança e do bem de nossos cidadãos”, afirmou.
Merav Michaeli, ministro dos Transportes de Israel, descreveu a medida como um passo importante para “relações melhores e mais fortes com os países do Oriente Médio, relações que trarão benefícios críticos para nossa segurança e nossa economia”.
Embora a Arábia Saudita e Israel tenham relações extra-oficiais há muito tempo, o governo saudita havia dito anteriormente que evitaria um relacionamento formal com Israel até que houvesse uma resolução para o conflito israelo-palestino. Mas os principais membros da realeza saudita tornaram-se mais críticos em relação à liderança palestina, e alguns comentaristas sauditas expressaram recentemente apoio à normalização com Israel.
Além disso, a preocupação de líderes árabes de países de maioria sunita com as ações hostis do Irã tem superado o apoio histórico às demandas palestinas. Na última década, o Irã e seus representantes no Iêmen, Líbano, Síria e Iraque aumentaram o número de ataques por drone contra Israel, bases americanas na região, estados sunitas e instalações petrolíferas - incluindo o grave ataque a companhia petrolífera nacional saudita, Aramco, em setembro de 2019.
Observadores apontam que a viagem de Joe Biden ao Oriente Médio teve como efeito principal reforçar o relacionamento entre Israel e os Estados árabes, uma vez que o próprio relacionamento de Biden com a Arábia Saudita não está em plena sintonia.
Como candidato, Biden prometeu punir a Arábia Saudita pelo assassinato do jornalista Jammal Khashoggi tornando o reino um “pária”. No entanto, com a crise no preço do petróleo desencadeado pela guerra na Ucrânia e o aumento da influência chinesa na região, o presidente americano decidiu pagar o custo político e viajar até o país.
Enquanto isso, em Israel, autoridades esperam que a decisão de liberação de voos entre os países permita que membros da minoria muçulmana de Israel voem diretamente para a Arábia Saudita para peregrinações a Meca.
Na semana passada, Esawi Frej, um raro caso de ministro muçulmano no gabinete israelense, disse que pediu à Arábia Saudita que permitisse tal medida. “Quero ver o dia em que poderei partir de Ben-Gurion para Jeddah para cumprir minha obrigação religiosa”, disse Frej a uma estação de rádio israelense, referindo-se ao principal aeroporto de Israel e ao mais próximo de Meca.
A mídia e as autoridades israelenses também sugeriram que a decisão pode vir com um acordo entre Israel e a Arábia Saudita para mudar os acordos de manutenção da paz em um par de pequenas ilhas sauditas ao sul de Israel, no Mar Vermelho.
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