Argentina tem último debate antes da eleição marcado por influência de Lula na campanha

Último encontro entre Milei, Massa e Bullrich tem temas e formato pré-definido; entenda

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Foto do author Luiz Raatz

A campanha presidencial na Argentina entra na reta final neste domingo, 8, com o último debate entre os candidatos à Casa Rosada. No palco da icônica Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, no centro portenho, o libertário Javier Milei, da coalizão Liberdade Avança, o peronista Sergio Massa, da União Pela Pátria e Patricia Bullrich, do Juntos pela Mudança, além dos nanicos Juan Schiaretti, da Façamos pelo Nosso País, e Myriam Bregman, da Frente de Esquerda, se enfrentarão a partir das 21h (no horário de Brasília).

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A 15 dias do primeiro turno da eleição, o debate ocorre em meio à crescente influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha no país vizinho. Nesta semana, o Estadão revelou que o governo pediu em julho à ministra do Planejamento Simone Tebet, governadora do Brasil no CAF, que votasse a favor da liberação de empréstimos para a combalida economia argentina.

O governo diz que o intuito da intervenção era ajudar um importante parceiro comercial do Brasil na região. Na condição de ministro e candidato, Massa esteve no Brasil em agosto, quando discutiu outra potencial ajuda à economia argentina com Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

‘A casta vermelha treme’

Milei repercutiu a reportagem do Estadão em sua conta na rede social X, antigamente conhecida como Twitter, com críticas a Lula. “A casta vermelha está tremendo”, disse o libertário. Ele também acusou Lula de atuar contra sua candidatura, algo que o Planalto nega.

Em outro sinal de que Lula vê com preocupação a ascensão de Milei, um ácido crítico da esquerda latino-americana, a campanha de Massa ganhou o reforço recentemente de marqueteiros e estrategistas brasileiros que lideraram campanhas do PT nos últimos anos. Eles desembarcaram em Buenos Aires após as primárias, em agosto.

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Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha que levou Lula ao Planalto no ano passado, cedeu dois profissionais de sua confiança para colaborar com o candidato de situação à sucessão de Alberto Fernández.

Atualmente trabalham na campanha do ministro da Economia Raul Rabelo e Otávio Antunes. Ambos colaboraram com a campanha do atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em 2018, à Presidência da República. Eles também aturam em favor do PT em 2022. Rabelo na campanha presidencial de Lula, e Antunes na estadual de Haddad, em São Paulo.

Como será o debate

Diferentemente do Brasil, onde os debates são realizados livremente pelos meios de comunicação e negociados com as campanhas dos candidatos, na Argentina os programas são regidos por uma lei eleitoral, criada em 2016. São dois no primeiro turno e um no segundo. Os locais, os temas e os mediadores são pré-definidos. O programa é transmitido nos canais de televisão públicos e privados.

Os temas do segundo debate serão segurança pública, emprego e ‘desenvolvimento humano, moradia e meio ambiente, sendo que este último foi escolhido pelo público.

Cada pergunta terá até cinco réplicas, de 45 segundos, com o intuito de tornar o debate mais dinâmico. Haverá três blocos, sendo um de abertura, um intermediário e um de encerramento. O programa será transmitido, em espanhol, pela Comissão Nacional Eleitoral da Argentina.

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Economia marcou o primeiro encontro

No primeiro debate, realizado em 1º de outubro em Santiago Del Estero, o tema econômico dominou a discussão, com embates entre Massa e Milei. O libertário reforçou suas propostas de desregulamentação e dolarização da economia como resposta à crise.

“A Argentina está em decadência. Se continuarmos assim, em 50 anos seremos a maior favela do mundo”, afirmou Milei.

Massa admitiu que a inflação é maior problema dos argentinos e pediu desculpas por não ter conseguido reduzir o índice de preços. Ele foi bastante atacado pelos rivais.

Ainda no primeiro debate, Milei provocou polêmica ao questionar o número de desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1978-1983), estimado por organizações de direitos humanos em 30 mil.

A declaração foi duramente criticada pelo presidente Alberto Fernández. . “É insustentável que alguém continue negando e justificando a ditadura genocida que torturou, assassinou, roubou bebês dos quais mudou a identidade, provocou desaparecimentos e condenou ao exílio dezenas de milhares de argentinos”, escreveu o presidente.

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