BRUXELAS - O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse nesta quinta-feira, 7, durante encontro com aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas, que vai defender três pontos: “armas, armas e armas”. “Minha agenda é muito simples, há apenas três itens: armas, armas e armas”, disse ele ao chegar à sede da Aliança Atlântica. A invasão russa da Ucrânia completa 43º dia.
Kuleba assegurou que “nas últimas semanas, o exército da Ucrânia e toda a nação ucraniana mostraram que sabemos como lutar, sabemos como vencer”. No entanto, acrescentou uma condição: “sem armas suficientes solicitadas pela Ucrânia, essas vitórias são acompanhadas de enormes sacrifícios”.
O chefe da diplomacia ucraniana disse que “a melhor maneira de ajudar a Ucrânia agora é fornecer tudo o que for preciso para conter o presidente Vladimir Putin e derrotar o exército russo na Ucrânia, de tal forma que a guerra não aumente mais”.
Especificamente, ele disse que a Ucrânia precisa de aviões, mísseis antinavio, veículos blindados pessoais e sistemas pesados de defesa aérea. “Eu acho que o acordo que você está oferecendo para a Ucrânia é justo: você nos dá armas, sacrificamos nossas vidas e a guerra está contida na Ucrânia”, frisou.
Kuleba considerou que não deveriam ser feitas diferenças entre as armas defensiva e ofensiva “porque toda arma usada no território da Ucrânia pelo exército do país contra um agressor estrangeiro é defensiva por definição”.
Em relação à Alemanha, reconheceu que deu “um passo revolucionário para mudar sua posição de não fornecer armas para permitir envios de armamentos à Ucrânia, em particular, armas anti-tanque”. O ministro alegou que a Alemanha pode oferecer mais suprimentos por causa do arsenal que possui. “Estamos trabalhando com o governo alemão para nos fornecer armas adicionais”, disse.
Sobre as sanções contra a Rússia, ele também afirmou que foi dado um passo adiante e que há apenas uma semana as medidas restritivas propostas eram muito mais brandas.
Porém, ele insistiu em impor um embargo total ao gás e ao petróleo russo. O objetivo é expulsar todos os bancos russos do sistema Swift International e no fechamento de todos os portos para navios e mercadorias russas com o mínimo de exceções possíveis com base em motivos humanitários.
Ele pediu que os ucranianos não tenham que pagar com “suas vidas, saúde e sofrimento” para aplicar novas sanções contra a Rússia. Os países da Otan estão fornecendo armas para Ucrânia, mas a Aliança também procura ter cautela para não se envolver em uma guerra total contra a Rússia.
“Quanto maior o número de armas que conseguirmos e quanto mais cedo chegarem à Ucrânia, mais vidas humanas serão salvas, mais cidades e aldeias escaparão à destruição e não haverá mais Buchas”, afirmou, fazendo referência ao massacre descoberto na cidade dos arredores de Kiev.
Otan promete ajuda
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg disse que os aliados têm fornecido a ajuda solicitada, e em paralelo pressionado a economia de guerra do Kremlin, aprovando sanções sem precedentes.
Stoltenberg tem expressado preocupações com a possibilidade de uma ofensiva das tropas russas “nas próximas semanas” para tomar “a totalidade” da região do Donbas, advertindo que a “brutalidade” revelada pelos “crimes de guerra” na cidade de Bucha pode se repetir.
O secretário-geral da Otan afirmou que a Russia pretende “criar uma ligação terrestre para [o território] ocupado da Crimeia”, e o Ocidente conseguiu detalhes sobre as operações que denunciam as intenções do Kremlin.
“Estamos vendo uma movimentação significativa de tropas desde Kiev, para se reagruparem, se rearmarem e reabastecerem, mudando o foco para o leste”, afirmou o secretário-geral. /EFE e AFP
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