NAÇÕES UNIDAS - A Assembleia-Geral da ONU pediu novamente nesta terça-feira, 27, o fim do embargo americano a Cuba com a aprovação de uma resolução apoiada por 191 países, mas à qual os EUA voltaram a se opor.
A pedido do governo cubano, a Assembleia-Geral faz a solicitação todo ano desde 1992, mas essa foi a primeira vez que se pronunciou desde que Cuba e EUA iniciaram, em dezembro de 2014, o restabelecimento de suas relações diplomáticas.
Embora durante os últimos meses os EUA tenham alimentado as expectativas sobre uma possível abstenção na votação desta terça, a delegação americana votou contra por considerar que a resolução "não representa" os passos dados para a aproximação nos últimos meses.
"Lamentamos que o governo de Cuba tenha escolhido continuar com sua resolução anual. O texto não representa os passos significativos dados e o espírito de compromisso que o presidente Obama defendeu", disse, justificando a postura, o diplomata americano Ronald Godard.
"Se Cuba acredita que esta ação vai contribuir para que as coisas avancem na direção que os dois governos indicaram que esperam, está equivocada", reiterou o representante dos EUA, que junto com Israel votou contra a resolução. Não houve abstenção.
O texto preparado pelas autoridades cubanas recebe "com beneplácito o restabelecimento das relações diplomáticas entre os governos de Cuba e EUA" e reconhece "a vontade" expressada por Obama "de trabalhar pela eliminação do bloqueio econômico, comercial e financeiro".
No entanto, expressa, como em outras ocasiões, preocupação pela continuidade da política e pelos "efeitos negativos" que tem sobre os cubanos e pede medidas "no prazo mais breve possível" para derrubar ou anular o embargo.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, ressaltou, ao apresentar a resolução, que apesar dos avanços na relação bilateral, não houve "nenhuma modificação tangível" na "prática do bloqueio". "Não devemos confundir a realidade com os desejos, nem as expressões de boa vontade. Em assuntos como esses, só se pode julgar a partir dos fatos. E os fatos mostram, com toda clareza, que o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto contra Cuba está em plena e completa aplicação", acrescentou Rodríguez.
O chefe da diplomacia cubana defendeu que o embargo "é uma violação flagrante, massiva e sistemática dos direitos humanos de todos os cubanos" e insistiu que é "o principal obstáculo para o desenvolvimento econômico e social" da ilha.
Nos discursos prévios à votação, grupos como o Movimento de Países Não-Alinhados, o Mercosul e a CELAC, países latino-americanos como Colômbia e Venezuela e potências como Rússia e China também manifestaram sua oposição ao embargo e pediram seu fim. /EFE
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