KYEV - As forças russas dispararam mísseis de cruzeiro contra a cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, durante a madrugada desta quarta-feira, 14, matando pelo menos três pessoas e ferindo ao menos 12 em um ataque que danificou casas, um armazém, lojas e cafés no centro da cidade, informou uma autoridade militar.
O ataque lançado do Mar Negro envolveu quatro mísseis de um cruzeiro Kalibr lançados do mar, três dos quais foram interceptados pelas defesas aéreas, disse Sergii Bratchuk, porta-voz da administração militar de Odessa, no Telegram.
Três funcionários de um armazém de alimentos foram mortos e outros sete ficaram feridos. “Pode haver pessoas sob os escombros”, disse o porta-voz militar, observando que um incêndio havia começado no local.
Seis outras pessoas ficaram feridas depois que um centro de negócios, estabelecimentos comerciais e um complexo residencial no centro da cidade foram danificados “como resultado do combate aéreo e da onda de choque da explosão”, disse Bratchuk.
Andrii Kovalov, porta-voz do Estado-Maior da Ucrânia, disse que os ataques nas regiões de Kharkiv, Donetsk, Kirovohrad, além da região de Odessa, envolveram mísseis de cruzeiro Kh-22, mísseis de cruzeiro Kalibr lançados do mar e drones Shaheed de fabricação iraniana. Nove foram interceptados.
A cidade portuária de Odessa, no Mar Negro, era um destino popular de férias para ucranianos e russos antes de o presidente Vladimir Putin lançar tropas contra o país vizinho em fevereiro do ano passado.
Desde o início da invasão, Odessa foi bombardeada várias vezes pelas forças russas. Em janeiro, a agência cultural da ONU, Unesco, listou o centro histórico de Odessa como um Patrimônio Mundial em perigo.
Ataques noturnos
Moscou intensificou seus ataques noturnos às principais cidades ucranianas nas últimas semanas, enquanto Kiev lança uma vasta contraofensiva com armas fornecidas por países ocidentais, buscando retomar o território ocupado pelas forças russas.
Na terça-feira, um ataque de mísseis russos matou onze pessoas em Krivói Rog, a cidade natal do presidente ucraniano Volodmir Zelenski, no centro do País.
As autoridades da região sudeste de Dnipropetrovsk também relataram um ataque russo na noite de terça-feira, 13, com drones explosivos, todos destruídos pelas defesas ucranianas, segundo as autoridades.
A Ucrânia afirma que a contraofensiva está avançando, mas o presidente russo, Vladimir Putin, disse na terça-feira que seu exército estava infligindo perdas “catastróficas” às forças ucranianas.
De acordo com analistas militares, a Ucrânia ainda não lançou a maior parte de suas forças nessa contraofensiva e agora está testando a linha de frente, procurando os pontos mais fracos das forças russas.
Essas operações parecem estar concentradas em três eixos: Bakhmut (leste), destruído após quase um ano de combates, Vugledar (sudeste) e Oykhiv (sul).
Enquanto isso, o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, deve visitar a usina nuclear de Zaporizhia, controlada pela Rússia, nesta quarta-feira, para verificar se a destruição da barragem de Kakhovka, no rio Dnieper, representa um risco.
De acordo com Grossi, não há “perigo imediato”, mas o nível da água na piscina de resfriamento é motivo de preocupação. ”Quero fazer minha própria avaliação, ir até lá, conversar com a gerência sobre as medidas que eles tomaram e então estabelecer uma avaliação mais definitiva do perigo”, disse Grossi aos repórteres.
A destruição da represa causou graves inundações no sul da Ucrânia, deixando 17 mortos na parte ocupada pela Rússia e dez na área controlada pela Ucrânia. A Ucrânia acusa Moscou de ter destruído a represa para impedir sua contraofensiva, mas a Rússia negou, acusando Kiev./AP e AFP
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