Os países árabes do Oriente Médio reagiram neste domingo, 14, com preocupação aos ataques aéreos do Irã contra Israel, com um pedido unânime de “máxima contenção” diante da grande ameaça que a escalada representa para a região, sem esquecer a situação em Gaza, a causa final da crise.
Nenhum dos países e organizações nas imediações (Egito, Arábia Saudita, Líbano, Catar, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Conselho de Cooperação do Golfo) condenou explicitamente o Irã por lançar cerca de 300 drones e mísseis a Israel em retaliação ao bombardeio de seu consulado em Damasco, que deixou 13 pessoas mortas, incluindo dois generais da Guarda Revolucionária Iraniana.
Nem mesmo os países mais próximos de Israel na região (Emirados Árabes Unidos e Jordânia) ou aqueles com as piores relações com Teerã (Arábia Saudita e Egito) apontaram o Irã como responsável pela escalada, que eles associaram à “agressão” israelense em Gaza, cujo fim é a única chave para garantir a segurança na região.
“Parar a agressão israelense contra Gaza e começar a implementar um plano abrangente para acabar com a ocupação israelense e alcançar uma paz justa baseada na solução de dois Estados é a maneira de parar a perigosa escalada na região”, disse o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman al Safadi.
Al Safadi, cujo país foi sobrevoado por mísseis e drones iranianos a caminho de Israel e cujas defesas aéreas ajudaram a destruir os projéteis, insistiu, no entanto, que a ONU “assuma suas responsabilidades para proteger a segurança e a paz” e imponha “o fim da agressão contra Gaza e o respeito à lei internacional”.
Em uma mensagem ao Irã e a Israel, o ministro jordaniano enfatizou que seu país “continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger sua segurança e soberania e não permitirá que ninguém exponha sua segurança ou a de seu povo a qualquer perigo”.
O Catar, um dos principais mediadores do conflito no Oriente Médio, expressou “profunda preocupação” com o ataque iraniano e pediu que as partes exercessem “máxima contenção” para impedir a escalada, ao mesmo tempo em que solicitou à comunidade internacional que tomasse “medidas urgentes para aliviar a tensão”.
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A Arábia Saudita usou a mesma retórica: “profunda preocupação” com a escalada militar. O país pediu “máxima contenção” às partes para evitar que a guerra se espalhe pela região e solicitou ao Conselho de Segurança da ONU que “assuma sua responsabilidade pela manutenção da paz e da segurança internacionais”.
Os Emirados Árabes Unidos, que fazem parte dos chamados Acordos de Abraão, que reconhecem Israel e têm uma relação econômica significativa com o Estado judeu, pediu o fim da escalada e que não sejam tomadas “medidas que exacerbem a tensão” para não arrastar a região “para novos níveis de instabilidade”.
O país também pediu ao Conselho de Segurança da ONU que “cumpra suas responsabilidades”, “resolvendo problemas e conflitos crônicos na região que ameaçam a segurança e a estabilidade globais”.
Vários países árabes da região cujas economias dependem das exportações de petróleo ou gás, incluindo Catar, Omã e Arábia Saudita, também expressaram “profunda preocupação” após o ataque iraniano.
O Líbano, na linha de frente de uma possível guerra regional, convocou uma reunião de emergência de seu Conselho de Ministros para segunda-feira, 15, para tratar “desses momentos críticos”, conforme anunciado pelo primeiro-ministro, Najib Mikati, mas não condenou ou comentou os ataques.
O secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), organização que reúne todas as monarquias do Golfo Pérsico, Jasem Mohamed Albudaiwi, foi um dos primeiros a reagir ao ataque iraniano, pedindo “máxima contenção” e evitando ameaças “à estabilidade”.
Do Egito, cujo governo mantém relações com Israel desde 1973, a mensagem foi de “profunda preocupação” com “uma escalada perigosa entre os dois países”.
“O Egito considerou que a atual escalada perigosa na arena iraniano-israelense não é nada além de um resultado direto do que temos repetidamente alertado sobre os perigos da expansão do conflito na região como resultado da guerra israelense na Faixa de Gaza e das ações militares provocativas que estão sendo praticadas na região”, disseram autoridades do país em uma nota.
Omã, que mantém boas relações com Teerã, limitou-se a alertar “sobre a gravidade das repercussões” da escalada e lembrou “a importância da autocontenção para salvar a região e seu povo dos perigos da guerra”./EFE
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