Ataque israelense em escola deixa cerca de 100 mortos em Gaza

Três mísseis atingiram prédio onde milhares de pessoas se abrigavam; governo fala ainda em dezenas de feridos

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Um ataque aéreo israelita atingiu uma escola transformada em abrigo na cidade de Gaza na madrugada de sábado, 10, matando cerca de 100 pessoas, segundo a agência de comunicações do governo de Gaza. Inicialmente, autoridades palestinas falaram em cerca de 40 mortos, número que foi atualizado horas após o ataque.

Este já é um dos ataques mais mortíferos da guerra de dez meses entre Israel e o Hamas. “O número de mortos está agora entre 90 e 100 e há dezenas de feridos. Três foguetes israelenses atingiram a escola que abriga palestinos deslocados”, disse à AFP o porta-voz da organização, Mahmud Basal. A informação foi reforçada pela agência governamental que declarou que “mais de cem mártires” morreram no ataque.

Palestinos em escombros após outro ataque aéreo israelense em Deir al Balah, na Faixa de Gaza, na terça-feira, 6 de agosto Foto: Abdel Kareem Hana/AP

PUBLICIDADE

O ataque à escola Tabeen, no centro da Cidade de Gaza, também feriu 47 pessoas, informou o Ministério da Saúde local. As escolas têm sido utilizadas como abrigo para as pessoas que foram forçadas a fugir de suas casas devido à guerra.

Os militares de Israel reconheceram o ataque, afirmando que a ofensiva atingiu um centro de comando do Hamas dentro da escola - alegação negada pelos militantes palestinos. As Forças de Defesa de Israel relataram que 19 membros do Hamas e de outro grupo terrorista, a Jihad Islâmica, teriam sido mortos no ataque, em uma publicação com os nomes desses homens.

O ataque ocorreu sem aviso, pela manhã, antes do nascer do sol, quando as pessoas rezaram numa mesquita adaptada dentro do local, segundo Abu Anas, uma testemunha que trabalhou no salvamento de pessoas.

“Havia pessoas a rezar, pessoas a lavar roupa e pessoas lá em cima a dormir, incluindo crianças, mulheres e idosos”, disse ele. “O míssil caiu sobre eles sem aviso. O primeiro míssil e o segundo. Os recuperamos como partes de corpos.”

Três mísseis atingiram a escola e a mesquita, onde cerca de 6 mil pessoas deslocadas estavam se abrigando da guerra, disse o porta-voz dos socorristas da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, que operam sob o governo local administrado pelo Hamas.

Publicidade

O ataque ocorreu no momento em que os mediadores americanos, do Qatar e egípcios renovaram a sua pressão para que as duas partes cheguem a um acordo de cessar-fogo que possa ajudar a acalmar as crescentes tensões na região, na sequência do assassinato do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, e de um alto comandante do Hezbollah em Beirute.

O Egito, que faz fronteira com Gaza e atua como mediador, disse que o ataque à escola mostrou que Israel não tem a intenção de chegar a um acordo de cessar-fogo e encerrar a guerra. Nesta semana, as tropas israelenses fizeram outro ataque. A vizinha Jordânia também condenou o ataque, chamando-o de “violação flagrante” do direito internacional.

A campanha de Israel em Gaza já matou mais de 39 mil palestinos e feriu mais de 91 mil segundo o Ministério da Saúde local. A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas de 7 de outubro, em que militantes de Gaza invadiram o sul de Israel, matando cerca de mil e duzentas pessoas e raptando outras 250.

Mais de 1,9 milhões dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foram expulsos de suas casas, fugindo do território para escapar das ofensivas. A maioria está agora amontoada em acampamentos de tendas em ruínas numa área de cerca de 50 quilômetros quadrados na costa de Gaza. /AP e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.