Pelo menos 40 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas quando uma bomba explodiu no noroeste do Paquistão neste domingo, durante um comício organizado por um partido islâmico radical, disseram fontes policiais.
O ataque teve como alvo o partido religioso conservador Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F), que realizava uma reunião com a presença de mais de 400 membros e simpatizantes na cidade de Khar, perto da fronteira com o Afeganistão, tendo em vista as eleições a serem realizadas realizada no final do ano.
“Posso confirmar que no hospital há 40 mortos e 123 feridos, incluindo 17 pacientes gravemente feridos”, disse à AFP Riaz Anwar, delegado do Ministério da Saúde na província de Jaiber Pastunjuá. O balanço foi confirmado pelo governador provincial.
Imagens do local da explosão que circulam nas redes sociais mostram corpos espalhados e voluntários ajudando vítimas ensanguentadas a entrar em ambulâncias.
Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo ataque, mas o braço local do grupo Estado Islâmico (EI) recentemente realizou ataques contra o JUI-F e, no ano passado, o disse estar por trás de ataques violentos contra estudiosos religiosos afiliados ao partido, que têm uma enorme rede de mesquitas e madrassas no norte e no oeste do país.
O grupo jihadista acusa o JUI-F de hipocrisia por ser um grupo religioso islâmico que apoiou sucessivos governos e militares.
No Paquistão, houve um grande aumento nos ataques desde que o Talibã afegão voltou ao poder no vizinho Afeganistão em 2021. O próprio grupo Talibã do Paquistão, Tehreek–e-Taliban Pakistan, tem como alvo oficiais de segurança, incluindo policiais.
Em janeiro, um homem-bomba ligado ao Talibã do Paquistão se explodiu em uma mesquita dentro de um complexo policial na cidade de Peshawar, no noroeste, matando mais de 80 policiais. Os ataques se concentraram nas regiões que fazem fronteira com o Afeganistão. Islamabad alega que alguns estão sendo planejados em solo afegão, uma acusação que Cabul nega.
Bajaur é um dos sete distritos remotos que fazem fronteira com o Afeganistão.
O Paquistão às vezes era atormentado por bombardeios quase diários, mas uma grande operação militar de limpeza, iniciada em 2014, restaurou em grande parte a ordem. Desde então, a segurança melhorou com o noroeste sob o controle das autoridades paquistanesas, após a aprovação da legislação em 2018.
Analistas dizem que grupos armados islâmicos em antigas áreas tribais adjacentes a Peshawar e na fronteira com o Afeganistão ganharam novo impulso desde o retorno do Talibã afegão.
O governo paquistanês deve ser dissolvido nas próximas semanas, antes das eleições marcadas para outubro ou novembro, e os partidos políticos estão se preparando para a campanha.
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