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Atos contra indiciamento de Trump reúnem idosos e latinos em Miami

Convocação do ex-presidente para atrair partidários reuniu cerca de 1,5 mil pessoas; houve também protestos contra o republicano

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Por Luciana Rosa
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO, MIAMI - Por volta de 1,5 mil manifestantes, muitos deles de origem latina e de idosos, se reuniram em frente de um Tribunal em Miami, na Flórida, nesta terça-feira, 13, para protestar contra a abertura de uma ação penal na Justiça Federal americana contra o ex-presidente americano Donald Trump. A pequena amostragem de eleitores republicanos reunidos no ato dá uma dimensão da força de Trump, mesmo às voltas com problemas na Justiça, no Estado, que já foi considerado decisivo para definir o vitorioso no colégio eleitoral, mas optou pela direita em quatro das últimas seis eleições.

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“Eu vim corretamente, eu paguei para vir, com documentos e tudo” diz Raquel, uma peruana que chegou aos Estados Unidos há 43 anos e que declara apoiar o ex-presidente em suas críticas à entrada ilegal de imigrantes.

Foi o próprio ex-presidente quem convocou a militância, através das redes sociais, logo depois de saber do indiciamento. A fala do ex-presidente gerou apreensão e fez com que a cidade de Miami intensificasse a segurança ao redor do tribunal.

A supporter of former President Donald Trump protests at the Wilkie D. Ferguson Jr. U.S. Courthouse in Miami on Tuesday morning, June 13, 2023. Trump is set to become the first former president to be arraigned on federal charges when he appears in a Miami courtroom on Tuesday to face charges that he illegally retained national security documents after leaving office, obstructed efforts to retrieve them and made false statements about the matter. (Christian Monterrosa/The New York Times) Foto: NYT / NYT

Houve rumores de que grupos como os Proud Boys, pró-Trump, vieram vigiar a chegada do republicano. O grupo antifascista Antifa também era esperado. No entanto, a vigília pelo primeiro presidente dos Estados Unidos a ser indiciado duas vezes e o primeiro a responder por crimes em uma corte federal, não atraiu mais do que um pequeno carnaval da terceira idade.

Entre os centenas de jornalistas que se amontoavam nos pequenos espaços à sombra, em uma tarde que Miami chegou a registrar 31 graus, estavam pessoas fantasiadas com roupas nas cores da bandeira americana.

Uma delas, Greg Donovan, vestido como uma espécie de chapeleiro patriótico que viajou da Califórnia até a Flórida para demonstrar seu apoio ao presidente com o qual está orgulhoso de ter uma foto ao lado.

Posicionado em frente ao tribunal de Miami e disposto a falar com todos os repórteres presentes, Greg se transformou em mestre-sala do carnaval de figuras exóticas que passaram pela avenida N Miami, que circunda a Wilkie D. Ferguson Jr. Courthouse.

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Exóticas como uma mulher que se diz sem-teto e montou acampamento em frente ao tribunal. Ela considera que viver nas ruas é um estado de espírito e confessa que usa 90% do tempo que tem para tentar descobrir o porquê da perseguição a Trump. A resposta, segundo ela, é que Trump estaria expondo as pessoas que não amam a nação e querem destruí-la junto com seu povo.

Opositor de Trump pede sua prisão em Miami Foto: GIORGIO VIERA / AFP

Protestos anti-Trump

Colorido também esteve do lado contrário à Trump, em menor número, mas barulhento, como duas ativistas da comunidade LGBTQ+ que gritavam “Trump está morto”, e dizem estar esperançosas por ver pela primeira vez um homem branco e rico ser responsabilizado por seus crimes.

Trump chegou à corte minutos antes das duas da tarde, uma ode barulhenta, um fã clube em andadores e cadeiras de roda se aproximou da porta traseira do tribunal para tentar avistar, ainda que de longe, um pedacinho do homem que lhes devolve a esperança.

Mas, para infelicidade daqueles que investiram em bandeiras, camisetas, produziram cartazes com frases como “respeitem a constituição”, “stop biden doj witch hunt” ou “stop political persecution, Trump entrou e saiu da corte discretamente. Declarou-se inocente nos 37 crimes dos quais é acusado, cujas as penas somadas poderiam deixá-lo 310 anos detras das grades, e partiu em direção a um restaurante Cubano, Versailles Restaurant Cuban Cuisine, onde pôde ser visto de sorridente e sendo tietado pelo pessoal de serviço e clientes presentes no local.

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Assim como ocorreu em abril, após apresentar-se à Corte de Manhattan, Trump fará um discurso público explicando o processo que responde na justiça segundo seu ponto de vista. Um discurso que deverá vir carregado de retórica política e que, alavancado por todos os holofotes mediáticos que se concentraram em sua figura nesta terça pode ajudá-lo a aumentar os números, tanto de doadores para sua campanha - o já que aconteceu após o caso Stormy Daniels - quanto de votantes.

O ex-presidente acredita contar com a habilidade de transformar o que poderia ser uma mancha no currículo em um trampolim para seu retorno à Casa Branca. E, ainda que seus seguidores peçam por mais respeito à Constituição, é justamente a lealdade às letras das regras fundamentais do texto que embasariam uma candidatura a até mesmo o exercício da presidência, ainda que Trump esteja atrás das grades.

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