A divulgação de áudios de uma reunião da equipe de campanha do candidato Gustavo Petro, poucos dias antes do 2° turno da eleição presidencial na Colômbia, acirraram ainda mais os ânimos da polarizada disputa eleitoral no país sul-americano - abrindo uma frente de disputa judicial.
A revista colombiana Semana publicou na quarta-feira, 8, uma série de gravações de integrantes do Pacto Histórico, a coalizão liderada por Petro, em que se discutem estratégias de campanha para atacar rivais - entre eles, Federico “Fico” Gutiérrez, Sergio Fajardo e Alejandro Gaviria, adversários no 1° turno - e conter danos de imagem diante de notícias sobre supostas conversas de membros da coalizão com narcotraficantes sobre um plano de perdão judicial.
Além de vir a tona a poucos dias da votação (que será realizada em 19 de junho), os áudios foram vazados em um momento particularmente decisivo da campanha, em que Petro e Rodolfo Hernández estão virtualmente empatados. Uma pesquisa de intenção de voto encomendada pelo jornal El Espectador, divulgada nesta sexta-feira, 10, mostra um empate técnico entre os dois candidatos, com Hernández (48,2%) um pouco a frente do esquerdista (47,2%), dentro da margem de erro.
Candidato mais votado no 1° turno, Petro denunciou as gravações como “ilegais” e acusou o governo do presidente Iván Duque de envolvimento no vazamento dos áudios. A Semana afirma que recebeu o material de uma fonte anônima.
“Um Watergate que deve ser investigado por uma comissão independente”, escreveu o candidato em uma publicação no Twitter na quinta-feira, 9. Petro também exigiu a divulgação na íntegra dos áudios, sem cortes.
Nesta sexta, a equipe de campanha do presidenciável apresentou uma denúncia formal à Procuradoria colombiana para que a gravação e o vazamento dos áudios de reuniões privadas de um candidato a presidência sejam investigadas.
Alfonso Prada, um dos principais administradores da campanha de Petro, interpôs a denúncia alegando “violação da intimidade, reserva e interceptação de comunicações”, assegurando que “a divulgação de conversas privadas de estratégia enfraquecem a segurança da campanha”.
“A campanha presidencial é vítima de um gravíssimo ato de hacking e infiltrações ilegais no qual nos espionaram ilegalmente, gravaram e vazaram conversas privadas, fatos que foram publicados nacionalmente na revista Semana em suas plataformas digitais e depois replicado em outras mídias”, diz a denúncia apresentada por Prada, que defende que uma “guerra suja” está sendo travada contra Petro e a candidata à vice-presidência Francia Márquez.
A denúncia, no entanto, não tem um alvo específico, sendo “contra uma pessoa indeterminada”. Deste modo, caso o Ministério Público aceite a denúncia, será responsável também por investigar quem está por detrás do vazamento e publicação dos vídeos.
Apesar de ter se retirado de atos públicos e debates nesta reta final de campanha alegando razões de segurança, Rodolfo Hernández saiu de prontidão para se manifestar sobre a polêmica envolvendo a campanha de Petro. Em uma publicação no Twitter, o milionário de 77 anos afirmou que a equipe do adversário se comportava como “uma quadrilha de criminosos”.
Petro respondeu à provocação de Hernández, mencionando o suposto envolvimento do rival em um caso de corrupção que chegou aos tribunais./ EFE e AFP
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