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Austrália deverá receber refugiados climáticos de Tuvalu, país que pode desaparecer

Ilhas que compõem a pequena nação de Tuvalu, que tem menos de 10 mil habitantes, podem submergir nos próximos anos, devido ao aumento do nível do mar provocado pelas mudanças climáticas

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Foto do author Clayton Freitas

Entrou em vigor na última quarta-feira, 28, um tratado que consiste no acolhimento dos cerca de 9.645 moradores da pequena nação de Tuvalu pela Austrália - Tuvalu deve submergir em breve, devido ao aumento do nível do mar provocado pelas mudanças climáticas.

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O documento firmado entre os dois países é denominado Tratado da União Falepili e foi assinado em 2023, durante a reunião dos líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico. Ele prevê três eixos principais: cooperação climática, mobilidade com dignidade e segurança compartilhada. Entre outras coisas, até 280 cidadãos tuvaluanos por ano terão a opção de viver, trabalhar ou estudar na Austrália.

Informações do governo australiano indicam que o acordo prevê ainda que o país é obrigado a responder quando Tuvalu pedir assistência, seja em face de um grande desastre natural, pandemia de saúde ou agressão militar. “Tuvalu, por sua vez, concordará mutuamente com qualquer novo envolvimento de terceiros em questões relacionadas à defesa e segurança com a Austrália”, diz a nota do Instituto Australiano de Relações Internacionais, que faz as vezes de ministério da área.

Aumento do nível do mar deve fazer Tuvalu, pequeno país na Oceania, desaparecer.  Foto: Reprodução de vídeo/Simon Kofe via Youtube

Tuvalu fica no centro-oeste do oceano Pacífico e tem 26 km quadrados - tamanho próximo ao da área de administração da Subprefeitura da Sé, na cidade de São Paulo. É composto por nove ilhas e tem 9.645 habitantes, sendo o país com menor população depois do Vaticano, que tem 825 habitantes.

O ponto mais alto de Tuvalu fica 5 metros acima do nível do mar - em média, são 2 metros de altura de elevação. Desde 1997, o país está na mira de ciclones e, desde então, as ilhas ficaram sensíveis às variações do nível do mar, situação que vem se agravando devido às mudanças climáticas.

A situação de Tuvalu motivou uma visita em 2019 do secretário-geral da ONU, António Guterres, que foi ver de perto as tentativas do governo local para recuperar terras invadidas pelas águas. Organismos internacionais dão como certo o avanço das águas e a necessidade de mudar os habitantes do lugar nas próximas décadas.

A situação de Tuvalu motivou, em 2019, uma visita do secretário-geral da ONU, António Guterres.  Foto: Mark Garten/ONU

Em 2021, rodou o mundo a imagem do ministro Simon Kofe, então responsável pela pasta de Justiça, Comunicação e Relações Exteriores do país, de terno e gravata, dentro do mar e com água até os joelhos, gravando uma mensagem para a 26ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas, a COP 26. “Estamos afundando, mas todos os outros também”, afirmou, à época.

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Mesmo com o iminente risco de desaparecer, os tuvuluanos querem continuar existindo como nação. O governo lançou um projeto para recriar o país no mundo virtual e já deu início à migração digital. Eles estão armazenando os aspectos culturais para o país não cair no esquecimento e transferindo todas as funções governamentais para um espaço digital.

Ministro Simon Kofe apareceu com água até os joelhos para demonstrar o aumento do nível do mar durante a COP 26, realizada em 2021. Foto: Ministério da Justiça, Comunicação e Relações Exteriores de Tuvalu

História

Segundo a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), as ilhas de Tuvalu foram povoadas pela primeira vez por viajantes de Samoa ou Tonga no primeiro milênio depois de Cristo. A partir do final dos anos 1700 e início dos anos 1800, o país foi visitado por uma série de navios americanos, britânicos, holandeses e russos e as ilhas foram denominadas de Ilhas Ellice em 1819.

A bandeira de Tuvalu faz referência ao Reino Unido e tem nove estrelas amarelas de cinco pontas. As Ilhas Ellice (nome anterior do país) viraram um protetado do Reino Unido em 1892, tornando-se colônia em 1916 junto com as ilhas Gilbert. A separação só ocorreu em 1974 e, a independência, em 1978.

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