PUBLICIDADE

Autoridades da Turquia e da Suécia se reúnem em nova tentativa de acordo para adesão sueca à Otan

País nórdico apresentou pedido de entrada na Otan no ano passado, mas oposição da Turquia impede adesão; autoridades tentam chegar a acordo antes de cúpula

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

Autoridades da Suécia e da Turquia desembarcaram na sede da Otan nesta quinta-feira, 6, para examinar a obstrução do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, à adesão do país nórdico à aliança militar. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, lidera as negociações com objetivo de pôr fim ao impasse.

PUBLICIDADE

A reunião tem participação dos ministros das Relações Exteriores dos países, chefes de inteligência e conselheiros de segurança nacional. Autoridades da Finlândia, nação que aderiu à aliança militar após negociar com a Turquia, também planejavam participar.

A Suécia solicitou a adesão da Otan junto com a Finlândia no ano passado, encerrando uma política de longa data de não alinhamento militar para conter a ameaça da Rússia após a invasão à Ucrânia. A Turquia se opôs a adesão dos dois países. Segundo Erdogan, ambos dão abrigos a militantes curdos, considerados terroristas por Ancara.

Presidente turco Recip Tayyip Erdogan durante coletiva de imprensa em Ancara, em imagem de 3 de junho. Erdogan se opõe à adesão da Suécia na Otan Foto: Umit Baktas/Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu o primeiro-ministro da Suécia na Casa Branca, Ulf Kristersson, nesta quarta-feira, 6, em uma demonstração de solidariedade antes da cúpula da Otan que começa no dia 11, na Lituânia.

Além da Turquia, a Suécia também tem oposição da Hungria. Os outros 29 países-membros da Otan são favoráveis à adesão do país. A Otan precisa da aprovação unânime de todos os 31 membros para se expandir.

Segundo Stoltenberg e as autoridades suecas, o país fez o suficiente para satisfazer exigências da Turquia. A Suécia alterou as leis antiterrorismo e suspendeu um embargo de armas à Ancara, entre outras concessões. Não está claro o que a Turquia ainda exige, mas a reunião desta quinta-feira foi planejada para concretizar um acordo.

Erdogan deseja caças F-16 atualizados dos EUA, mas Biden sugeriu que a adesão da Suécia deveria ser endossada primeiro.

Publicidade

Primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, durante encontro com o presidente americano, Joe Biden, na Casa Branca nesta quarta-feira, 5. Kristersson negocia com a Turquia para aderir Otan Foto: Evan Vucci / AP

O chanceler turco, Hakan Fidan, afirmou que as negociações desta quinta-feira revisarão as medidas que a Finlândia e a Suécia tomaram, especialmente no contexto da luta contra o terrorismo. A última reunião entre as partes aconteceu em Ancara, no dia 14 de junho.

A Hungria também rejeita a candidatura da Suécia, mas nunca declarou publicamente quais são as suas preocupações. Autoridades da Otan esperam que o país suspenda o impedimento assim que a Turquia o fizer. Segundo uma declaração de Ulf Kristersson na semana passada, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, afirmou para ele em uma conversa que o país não vai demorar a permitir a adesão sueca.

Protestos na Suécia alimentam tensões

A questão turca, no entanto, é mais sensível para a Suécia. Na semana passada, suecos queimaram o Alcorão, livro sagrado do Islã, na frente de uma mesquita em Estocolmo em protesto à posição da Turquia e alimentou as tensões. A polícia permitiu o protesto alegando liberdade de expressão.

PUBLICIDADE

Erdogan criticou a Suécia por permitir o protesto. O porta-voz do Ministério da Defesa turco, Zeki Akturk, chamou o episódio de “ataque vil aos nossos valores sagrados que foi realizado em nome da chamada ‘liberdade de expressão’”. “O incidente de queima do Alcorão que ocorreu no primeiro dia do feriado de Eid al-Adha é uma indicação de quão justificados estávamos com nossas reservas (sobre a Suécia)”, disse Akturk, de acordo com a agência estatal turca Anadolu.

A Otan esperava que o problema fosse resolvido antes da cúpula da semana que vem. A entrada da Suécia seria um momento simbolicamente poderoso e a mais recente indicação de que a guerra da Rússia está levando os países a se juntarem à aliança. /ASSOCIATED PRESS

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.