Avião dos EUA é atingido por tiros ao tentar pousar no aeroporto do Haiti

Gangues que tomam conta da capital haitiana atiraram contra voo comercial que havia saído da Flórida; incidente causou o fechamento do aeroporto da capital e a suspensão de voos

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Por Redação

PORTO PRÍNCIPE – Um voo comercial que havia saído da Flórida, nos Estados Unidos, foi atingido por tiros ao tentar pousar no aeroporto internacional do Haiti nesta segunda-feira, 12, um dia depois do país nomear um presidente interino que prometeu restaurar a paz. O incidente levou ao fechamento do aeroporto da capital, Porto Príncipe, e a suspensão de voos por parte das companhias aéreas.

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Os tiros foram disparados pelas gangues que controlam territórios do país desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021. Segundo a Embaixada dos EUA, o voo da companhia Spirit Airlines estava a apenas centenas de metros de pousar quando o ataque aconteceu. Uma comissária de bordo foi atingida e sofreu ferimentos leves. O voo foi desviado e pousou na República Dominicana, vizinho ao Haiti.

A embaixada americana afirmou que o incidente faz parte de “esforços liderados por gangues para bloquear as viagens de e para Porto Príncipe”. Além da Spirit, a JetBlue e a American Airlines cancelaram nesta segunda os voos para o país.

Imagem mostra policiais haitianos em Porto Príncipe durante uma operação contra gangues, em 11 de novembro. Gangues detém 85% da capital haitiana Foto: Clarens Siffroy/AFP

No mesmo dia, foram registrados tiroteios entre a polícia haitiana e as gangues em outras partes da capital. Casas foram incendiadas nos bairros de classe média alta e as escolas foram fechadas.

Os novos conflitos eclodiram após o conselho de transição do país, formado em abril pelos partidos políticos para restabelecer a ordem democrática, demitir o primeiro-ministro interino Garry Conille, que estava no cargo desde a renúncia de Ariel Henry em março por pressão das gangues. Alix Didier Fils-Aimé foi nomeado no lugar.

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Ao tomar posse, Fils-Aimé disse que suas principais prioridades eram restaurar a paz e realizar eleições, que não são realizadas no Haiti desde 2016. “Há muito a ser feito para trazer de volta a esperança”, disse diante de uma sala de diplomatas e oficiais de segurança.

Segundo a ONU, as gangues do Haiti controlam 85% do território de Porto Príncipe. Os grupos tentam tomar o poder e chamam o movimento de revolução.

Em setembro deste ano, o presidente do conselho de transição, Edgard Leblanc Fils, afirmou na Assembleia-Geral da ONU que os partidos apoiam a missão humanitária, liderada pelo Quênia, para retomar a ordem. Os militares quenianos chegaram ao país em junho deste ano, mas enfrentam dificuldades de financiamento e pessoal.

Dissidências internas no conselho têm dificultado o caminho para o restabelecimento da ordem. Com o caos político, a violência se agravou ainda mais, com a pressão das gangues para tomar o poder. Nesta segunda-feira, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, pediu a todos os envolvidos na transição democrática do Haiti que “trabalhem juntos de forma construtiva” para encontrar uma saída à crise. “Superar suas diferenças e colocar o país em primeiro lugar continua sendo crítico”, declarou. “O importante é que os líderes políticos haitianos coloquem os interesses do Haiti em primeiro lugar.” /ASSOCIATED PRESS

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