A Azerbaijan Airlines, empresa aérea nacional do Azerbaijão, afirmou nesta sexta-feira, 27, que “interferência física e técnica externa” causou a queda de seu avião da Embraer no Cazaquistão na quarta-feira, 25, de acordo com resultados preliminares de investigação sobre o caso. No entanto, a empresa não detalhou que tipo de interferência seria essa.
O voo J2-8243 caiu na quarta-feira perto da cidade de Aktau, no Cazaquistão, após desviar de uma área no sul da Rússia onde Moscou usou repetidamente sistemas de defesa aérea contra drones de ataque ucranianos. A queda do avião comercial, que tinha 67 pessoas a bordo, matou 38 pessoas. Dos 29 sobreviventes, 11 permanecem em terapia intensiva.
Na quinta-feira, 26, a agência de notícias Reuters reportou que o avião teria sido abatido por um sistema de defesa aéreo russo, segundo quatro fontes ouvidas pela equipe de reportagem. A declaração foi feita inicialmente por Andriy Kovalenko, membro da segurança nacional ucraniana, que citou imagens de dentro do avião que mostravam “coletes salva-vidas perfurados”.
Na sequência, outros especialistas militares e de aviação ecoaram a avaliação, que foi reproduzida até mesmo na mídia russa, com a informação de que a aeronave pode ter sido confundida com um drone ucraniano.
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A Rússia e o Cazaquistão, por sua vez, tentam conter as especulações sobre a causa da queda, com autoridades de ambos os países pedindo que as pessoas aguardem os resultados das investigações.
Quando questionado sobre relatos de que as defesas aéreas russas teriam abatido o avião por engano, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta sexta-feira que não tinha nada a acrescentar e não queria fazer avaliações antes que a investigação oficial concluísse as análises, segundo a Reuters.
A Azerbaijan Airlines confirmou que o avião voava de Baku para Grozni, na Tchetchênia, Rússia, mas foi forçado a fazer um pouso de emergência a 3 km quilômetros de Aktau, cidade que fica na margem oposta do mar Cáspio em relação ao Azerbaijão e à Rússia.
Dados de rastreamento de voo do Flightradar24.com mostraram a aeronave realizando um movimento em forma de oito enquanto se aproximava do aeroporto. O site informou que o avião enfrentou “fortes interferências de GPS” que “fizeram a aeronave transmitir dados ADS-B incorretos”, referindo-se às informações que permitem que sites de rastreamento sigam os voos em tempo real.
A Rússia já foi acusada no passado de interferir em transmissões de GPS na região. Moscou emprega frequentemente tecnologia de interferência para se defender de ataques de drones, e alguns relatos sugerem que a Chechênia foi alvo de um ataque desse tipo pouco antes do acidente.
Relatos de passageiros
Dois passageiros do avião disseram à Reuters que ouviram pelo menos uma explosão enquanto a aeronave se aproximava de seu destino, Grozny, no sul da Rússia.
“Depois da explosão... achei que o avião iria se despedaçar”, disse do hospital Subhonkul Rakhimov, um dos passageiros, à Reuters. “Era óbvio que o avião tinha sido danificado de alguma forma”, disse ele. “Era como se estivesse embriagado – não era mais o mesmo avião.”
Outra passageira também disse à Reuters que ouviu uma explosão alta. ”Eu fiquei muito assustada”, disse Vafa Shabanova, que também ouviu uma segunda explosão. Ambos os passageiros disseram que, após a explosão, parecia haver um problema com os níveis de oxigênio na cabine./Com informações de AP, AFP e Reuters
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