O Pentágono e outras agências de inteligência dos Estados Unidos acreditam que o balão chinês derrubado no sábado em espaço aéreo americano faz parte de um amplo programa de vigilância militar conduzido pelas Forças Armadas da China. Uma investigação do Washington Post indica que há registros da passagem dos balões nos cinco continentes. Países como o Japão, Índia, Vietnã, Taiwan e Filipinas são os alvos preferenciais do programa chinês.
“O que os chineses fizeram foi pegar uma tecnologia inacreditavelmente antiga e basicamente combiná-la com capacidades modernas de comunicação e observação” para tentar coletar informações sobre as forças armadas de outras nações, disse uma fonte que investiga o caso ao Post. “É um esforço enorme.”
Na segunda-feira, a vice-secretária de Estado, Wendy Sherman, deu detalhes sobre o programa espionagem de balões da China para cerca representantes de 40 embaixadas. O departamento também enviou a cada Embaixada dos EUA uma “informação detalhada” sobre a espionagem que pode ser compartilhada com aliados e parceiros.
Vigilância atmosférica
Enquanto a maioria dos esforços de vigilância de longo alcance da China são feitos por satélites militares, o Exército chinês viu no programa de balões espiões uma oportunidade de conduzir a vigilância da atmosfera superior em altitudes acima de onde voam os jatos comerciais, segundo as fontes do governo americano. Especula-se que dezenas de missões similares foram executadas desde 2018.
Eles aproveitam a tecnologia fornecida por uma empresa privada chinesa que faz parte do esforço de fusão civil-militar do país – um programa pelo qual empresas privadas desenvolvem tecnologias e recursos usados pelo Exército.
“Esses balões fazem parte de uma frota de balões da RPC desenvolvida para conduzir operações de vigilância, que também violaram a soberania de outros países”, disse um alto funcionário da defesa.
Alguns analistas menosprezaram o esforço chinês, observando que os balões não são as plataformas de mais alta tecnologia. Mas outros advertem contra descartar o potencial dos balões. “Para aqueles que têm uma visão otimista sobre as capacidades reais de coleta de inteligência deste balão, acho que estão subestimando as maneiras criativas pelas quais o PLA pode usá-lo para fins de inteligência e vigilância ou como uma plataforma para armas”, disse o deputado Michael Gallagher (R-Wis.).
Nos últimos anos, pelo menos quatro balões foram avistados no Havaí, Flórida, Texas e Guam – além do rastreado na semana passada. Três das quatro instâncias ocorreram durante o governo Trump, mas só recentemente foram identificadas como aeronaves de vigilância chinesas. Outros balões foram vistos na América Latina e em países aliados no Pacífico, disseram autoridades./ WASHINGTON POST
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.