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Banda crítica a Putin que temia deportação para Rússia deixa Tailândia e vai para Israel

Vários membros da banda são cidadãos russo-israelenses; apoiadores temiam perseguição por posições contrárias a guerra caso eles voltassem para Moscou

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Por Redação

Os integrantes da banda de rock autoexilada russa, que estava detida na Tailândia foram liberados, informou o grupo nesta quarta-feira, 31, em publicação no Facebook. A Bi-2 é crítica à guerra na Ucrânia e seus apoiadores temiam a deportação de volta para Moscou. Sem dar mais detalhes, o grupo disse apenas que todos os integrantes seguiram para Israel.

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Sete membros da Bi-2 foram detidos na Tailândia na semana passada, depois de um show na ilha Phuket, com autoridades citando problemas com permissões. A banda argumentou, em comunicado, que o organizador local do show preencheu incorretamente a papelada, um delito menor pelo qual cada um deles foi multado em cerca de US$ 84, pagos na hora.

Depois da audiência, os membros da banda foram detidos pela polícia de imigração tailandesa e levados para Bangkok. “Não nos foram apresentados a qualquer custo adicional”, disseram os representantes da banda em mensagem nas redes sociais após a prisão. “A situação e o ruído em volta sugerem que a pressão externa teve um papel significativo na nossa detenção. Nós sabemos que as razões para essa pressão são a nossa criatividade, nossas visões, nossa posição.”

Show da banda Bi-2 em Moscou em 2011. Grupo crítico à guerra estava detido na Tailândia e temia deportação de volta para Rússia.  Foto: AP Photo/Pavel Golovkin, arquivo

Na Rússia, a oposição a Vladimir Putin alertou que as autoridades russas pressionavam os tailandeses pela deportação, embora não houvesse base legal para o pedido já que não há nenhum processo conhecido na Rússia contra os integrantes da Bi-2. Os apoiadores da banda temiam, no entanto, que se a pressão surtisse efeito, eles poderiam enfrentar acusações criminais ligadas as suas declarações anteriores contra a guerra.

Para a Tailândia, o caso era considerado complicado já que vários membros da banda são cidadãos russo-israelenses, o que permitiria a eles contestar o país de destino em caso de deportação. Dois outros membros da banda não são da Rússia, de acordo com o comunicado do grupo, e não poderiam ser deportados para lá.

Confisco dos bens de críticos da guerra

Em mais um passo pra coibir críticas à guerra, o Parlamento russo aprovou nesta quarta uma lei que permite que as autoridades confisquem dinheiro, propriedades e bens de quem for condenado por criticar ou difundir informações falsas sobre o Exército e a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia.

A lei, aprovada em tempo recorde pela Duma (Câmara Baixa), na terceira e última votação, seguirá para o Conselho Federal (Câmara Alta), onde também se espera uma tramitação rápida, antes da sanção do presidente, Vladimir Putin.

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A Rússia proibiu críticas à guerra e já colocou vários opositores atrás das grades. “Difamar” ou propagar “informações falsas” sobre as Forças Armadas são crimes contra a segurança nacional que podem render até 15 anos de prisão.

O presidente da Duma, Viacheslav Volodin, disse que a lei pretende conter os “canalhas e traidores que cospem nas costas de nossos soldados”. “Precisamos punir os canalhas, incluindo figuras culturais que apoiam nazistas”, afirmou. “Qualquer um que tente destruir e trair a Rússia deve ser punido como merece.”

Volodin foi um dos coautores da lei, patrocinada por outros 395 deputados, que elaboraram um texto que muitos críticos compararam com os confiscos realizados durante o período soviético. “Não estamos propondo um confisco. Não temos nenhum desejo de voltar ao período soviético. Não precisamos dele”, respondeu Pavel Krasheninkov, presidente do comitê parlamentar que analisou a legislação. Segundo ele, a União Soviética aplicava o confisco como “uma espécie de castigo”. A lei aprovada é “uma medida de caráter penal”, que envolve apenas os recursos utilizados para cometer um crime.

A lei prevê ainda que as autoridades confisquem dinheiro recebido por jornalistas ou pesquisadores condenados por escrever “informações falsas” sobre a invasão da Ucrânia, incluindo o confisco de carros, casas ou apartamentos, como alternativa.

Troca de prisioneiros

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Ainda nesta quarta, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou uma troca de prisioneiros de guerra com a Ucrânia. Foram libertados 195 soldados de cada lado. O acordo foi concluído uma semana após a derrubada de um avião de transporte militar russo que supostamente transportava prisioneiros ucranianos a bordo.

Segundo o governo russo, os militares libertados serão transferidos para Moscou para tratamento médico e reabilitação. “Todos receberão ajuda médica e psicológica necessária”, afirmou o Ministério da Defesa, em comunicado.

Já o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, afirmou nas redes sociais que 207 soldados e civis ucranianos, que eram mantidos em cativeiro pelos russos, regressaram na troca – uma pequena discrepância nos números. A maioria dos ucranianos libertados havia sido capturada em maio de 2022, durante a rendição das tropas que defendiam a usina siderúrgica de Azovstal, no Porto de Mariupol, segundo o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andri Yermak.

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Após troca de prisioneiros com a Rússia, ucranianos libertos se abraçam.  Foto: AP / Danylo Pavlov

A troca ocorreu sete dias depois da queda de um avião na região russa de Belgorod. A Rússia garante que a bordo eram transportados 65 prisioneiros de guerra ucranianos, que deveriam ser parte de uma troca que deveria ter ocorrido no dia 24. O Kremlin acusa a Ucrânia de ter abatido a aeronave.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que investigadores russos estabeleceram “com precisão” que o avião de transporte – um Ilyushin Il-76 – foi abatido por um míssil antiaéreo Patriot, de fabricação americana. “Ele foi derrubado, isso já foi apurado com precisão, por um sistema antiaéreo Patriot”, afirmou Putin, durante reunião com aliados.

Putin também indicou que a queda do avião não significa o fim das trocas de prisioneiros com a Ucrânia. “Temos de resgatar os nossos rapazes”, disse o presidente russo, que reiterou o interesse em realizar uma investigação internacional, mas ressaltou que “não há organizações interessadas”.

Por sua vez, o governo ucraniano confirmou que estava sendo preparada uma troca de prisioneiros de guerra na semana passada, mas afirmou que o avião transportava armas e equipamentos, e não soldados ucranianos./ W. Post, EFE e AFP

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