O candidato de centro-esquerda Bernardo Arévalo, de 64 anos, liderou o segundo turno das eleições da Guatemala e deve se tornar o novo presidente do país. Eleito com uma agenda anticorrupção, Arévalo venceu Sandra Torres, do União pela Esperança (UNE), com 58,94% dos votos, segundo a contagem oficial. A ex-primeira-dama terminou a eleição com 36,3%.
Apesar do resultado, é pouco provável que as eleições cheguem ao fim, uma vez que os resultados oficiais do primeiro turno, no dia 25 de junho, demoraram mais de duas semanas para certificação. Os partidos perdedores conseguiram que os tribunais interviessem e ordenassem uma segunda revisão da contagem dos votos.
Quando as autoridades eleitorais finalmente estavam prontas para certificar os dois primeiros votantes a serem medidos na cédula, a Procuradoria-Geral da República anunciou uma investigação sobre as assinaturas que o Movimento Semente havia coletado para se registrar como partido político. Essa investigação continua e os promotores parecem estar a caminho de despojar Arévalo de seu partido.
A votação é uma das eleições mais acompanhadas nos últimos tempos devido às dificuldades e interferências judiciais que o processo sofreu e que alertaram não apenas os cidadãos, mas também a comunidade internacional. A percepção local e internacional é de que o país caminha para o colapso institucional e que o presidente Alejandro Giammattei cooptou a Procuradoria-Geral da República e outras organizações para perseguir detratores e garantir a impunidade de acusados.
Torres e Arévalo têm visões diferente do que a sociedade guatemalteca precisa. Arévalo, deputado, sociólogo e filho do ex-presidente progressista Juan José Arévalo (1945-1951), promete combater a corrupção e a impunidade que invadem o país. Torres, de 67 anos, apelou para uma agenda mais voltada aos valores conservadores e religiosos e um programa de assistência social e redução dos preços da cesta básica. /AP
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