Biden chama eleitores de Trump de ‘lixos’ e campanha de Kamala tenta se distanciar do presidente

Resposta do presidente à piada racista feita por apoiador de Trump recebeu enxurrada de críticas nas redes sociais; questionada, Kamala diz discordar de afirmação

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Por Redação
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, respondeu à piada racista do comediante Tony Hinchcliffe, que chamou Porto Rico de “uma ilha flutuante de lixo” durante um comício de Donald Trump, com a insinuação de que os eleitores do ex-presidente é que são lixos. A resposta do presidente contrasta com o discurso final da candidata Kamala Harris na campanha, que destacou a unificação do país, e causou uma crise na campanha democrata.

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Biden participava nesta terça-feira, 29, de uma videoconferência com o Voto Latino, um grupo de defesa dos hispânicos, quando comentou sobre a piada. “Outro dia, um palestrante no comício (de Trump) chamou Porto Rico de ilha flutuante de lixo”, introduziu Biden. “O único lixo que vejo flutuando por aí são seus apoiadores. Sua demonização dos latinos é inconcebível e antiamericana. É totalmente contrária a tudo o que fizemos, a tudo o que fomos”, acrescentou.

Após a declaração, Donald Trump e os apoiadores criticaram o presidente nas redes sociais e forçaram Biden a voltar ao assunto ainda nesta terça, também nas redes sociais. “Mais cedo hoje, me referi à retórica de ódio sobre Porto Rico, vomitada pelo apoiador de Trump no comício no Madison Square Garden, como lixo – é a única palavra que consigo pensar para descrevê-la. Sua demonização dos latinos é inconcebível. Era tudo que eu queria dizer”, afirmou o presidente. As críticas continuaram.

Imagem mostra presidente Joe Biden ao lado da vice-presidente Kamala Harris durante a Convenção Nanacional Democrata, em 15 de agosto. Vice-presidente tenta se distanciar de Biden durante a campanha Foto: Eric Lee/NYT

Apesar do esclarecimento, a afirmação prejudicou a campanha de Kamala Harris, que no mesmo dia falou em unificação nacional durante o discurso final de campanha. Questionada nesta quarta-feira sobre o assunto, a vice-presidente buscou se distanciar do presidente. “Quero ser clara: discordo veementemente de qualquer crítica às pessoas com base em quem elas votem”, disse. Ela também fez menção à postagem do presidente nas redes sociais, afirmando que ele havia esclarecido o tema.

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O distanciamento de Kamala neste caso não é um episódio isolado. Segundo o jornal americano The New York Times, a campanha democrata passou a ver o presidente como uma desvantagem na eleição e tem se afastado dele nos últimos dias. Líderes à frente da campanha avaliam que eventos de Kamala com Biden só causariam prejuízo no estágio mais crucial da corrida, segundo um assessor disse sob anonimato ao jornal.

A vice-presidente mantém uma relação descrita como leal com Biden, seguindo um programa de governo semelhante durante a campanha e mostrando deferência quando possível, mas a lealdade pessoal passou a fazer parte nas últimas semanas de uma relação mais complexa.

Segundo assessores, Kamala passou a perguntar diariamente a pessoas próximas de Biden sobre a saúde mental, emocional e física do presidente, à medida que a eleição se aproxima. E nas últimas agendas de campanha, os dois têm estado em diferentes lugares.

No dia 25, por exemplo, enquanto Kamala Harris esteve um comício no Texas com milhares de pessoas, com a participação da cantora pop Beyoncé, Biden viajou para Pittsburgh para participar no dia seguinte de um evento com o Sindicato Internacional dos Trabalhadores da América do Norte, com apenas 100 pessoas. Seus assessores começaram a priorizar a participação dele nas candidaturas para o Senado.

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Um aliado próximo de Biden, ouvido sob anonimato pelo NYT, afirmou que o presidente compreendeu que a campanha de Kamala “quer Beyoncé, não Biden”. Outro aliado disse que a agenda dele era complexa por ele ser presidente.

Autoridades da Casa Branca observam que Biden fez mais para ajudar a Kamala Harris nos bastidores do que de formas mais evidentes. Recentemente, o presidente gravou vídeos aos doadores da campanha para pedir mais doações e participou de reunião com 173 sindicatos locais na Pensilvânia e Wisconsin, dois Estados-chave para a eleição americana.

Os eventos oficiais da presidência, não relacionados à campanha de Kamala, também podem servir para ajudar a vice-presidente. No dia 25, ele pediu perdão aos nativos americanos no Arizona pelos crimes de abuso de crianças indígenas em internatos entre 1800 e 1960, transmitindo uma mensagem aos principais eleitores em outro Estado-chave.

Apesar disso, os funcionários da campanha de Kamala estão o mantendo à distância, em grande parte porque a vice-presidente tenta se apresentar como candidata da mudança e estar associada a Biden é obstáculo a isso. Parte dos estrategistas mais experientes do partido afirmam que Kamala não tem outra escolha a não ser se distanciar de Biden, para os eleitores não pensarem nela como uma continuidade da gestão democrata. /Com NYT

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