Biden critica Trump por não agir diante do ‘inferno medieval’ do ataque ao Capitólio nos EUA

Investigações do Congresso apontam que ex-presidente assistiu invasão ao Capitólio na Casa Branca sem agir para impedi-la

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Por Redação
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou o antecessor Donald Trump nesta segunda-feira, 25, por não agir durante o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Biden chamou o episódio de “inferno medieval” e citou as informações divulgadas pela comissão do Congresso que investiga o ataque, que disse na semana passada que Trump ficou diante da televisão durante horas vendo o ataque, realizado pelos seus apoiadores, mas nada fez para pará-lo.

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Trump, disse Biden, “observou tudo acontecer, sentado no conforto da sala de jantar privada do Salão Oval”. “Os bravos policiais foram vítimas do inferno medieval por três horas, pingando sangue, cercados de carnificina, cara a cara com a multidão enlouquecida que acreditou nas mentiras do presidente derrotado”, afirmou o atual presidente.

As declarações foram dadas durante a participação em uma conferência de uma organização de chefes policiais afro-americanos e ressaltou sobretudo a atitude dos policiais americanos, em um momento que a violência cresce nos EUA e os republicanos culpam Biden por isso. “A polícia foi heroica nesse dia. Faltou a Donald Trump valentia para agir”, acrescentou o presidente.

“Não se pode estar a favor da insurreição e, ao mesmo tempo, da polícia. Não se pode estar a favor da insurreição e da democracia. Não se pode ser pró-insurreição e pró-americano”, continuou.

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Imagem de 6 de janeiro de 2021 mostra apoiadores do ex-presidente Donald Trump em confronto com a polícia e forças de segurança americanas no Capitólio, em Washington. Insurgência foi estimulada por Trump, segundo investigações Foto: Roberto Schmidt / AFP

O ataque foi uma reação dos apoiadores de Trump à derrota para Biden nas eleições presidenciais de 2020. O republicano não aceitou o resultado, alegou fraude eleitoral sem apresentar provas e convocou apoiadores a marcharem em Washington no dia em que o Senado iria certificar a vitória de Biden. Milhares de americanos defensores de Trump invadiram o local, ameaçaram políticos – incluindo o vice-presidente de Trump, Mike Pence – e entraram em confronto com a polícia. Quatro pessoas morreram.

Biden já havia dado declarações sobre o episódio, considerado um dos piores ataques à democracia dos EUA na história, na época em que ocorreu. “Nossa democracia está sendo atacada de uma maneira como nunca antes”, declarou em um discurso televisionado no dia 6 de janeiro de 2021.

No dia seguinte, deu outro pronunciamento, classificando o dia 6 como “um dos dias mais sombrios da história dos EUA”. “Um ataque, literalmente à cidadela da liberdade”, declarou.

Desta vez, as declarações de Joe Biden miram diretamente em Donald Trump e na responsabilidade do ex-presidente sobre o ataque, evidenciadas a partir das investigações da comissão formada no Congresso americano para apurar a conduta do republicano.

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Segundo as investigações, Trump estimulou o ataque semanas antes, com as contínuas alegações de fraude, até o dia em que ele aconteceu. Os invasores foram ao Capitólio logo após o republicano discursar em um comício, onde pediu que os presentes “lutassem como demônios” contra o resultado da eleição. No fim do discurso, o ex-presidente tentou seguir os manifestantes, mas foi impedido por funcionários do governo; uma vez que estava na Casa Branca, não fez nada por mais de duas horas para impedir o que estava acontecendo.

Ainda de acordo com a comissão, Trump ficou na sala de jantar privada da Casa Branca acompanhando o ataque pela televisão enquanto “conselheiros próximos e parantes imploravam para que ele interviesse”. “O presidente Trump se recusou a agir por causa do desejo egoísta de se apegar ao poder”, descreveu a congressista democrata Elaine Luria na semana passada.

No fim de duas horas, o ex-presidente deu uma declaração na sua conta oficial do Twitter para encerrar os ataques. “Conheço a dor de vocês, mas precisam ir para casa agora”, tuitou no dia, encerrando a invasão.

Testemunhas da comissão afirmam, no entanto, que Donald Trump poderia ter agido mais cedo. “Se o presidente quisesse fazer uma declaração e se dirigir ao povo americano, ele poderia ter sido filmado quase imediatamente”, afirmou Sarah Matthews, vice-secretária de imprensa da Casa Branca no governo Trump. “Se ele quisesse fazer um discurso no Salão Oval, poderíamos ter reunido a equipe de imprensa da Casa Branca em poucos minutos.” /AFP

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