Biden diz no G-20 que todos devem defender soberania da Ucrânia e pede pressão sobre o Hamas

Os conflitos globais tem sido um dos entraves às negociações para uma declaração conjunta final da cúpula do G-20 que ainda carece de consenso

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ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, citou as guerras na Ucrânia e de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza durante seu discurso na cúpula de líder do G-20. O tema dos conflitos globais tem sido um dos entraves às negociações para uma declaração conjunta final da reunião no Rio de Janeiro.

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“Os EUA apoiam fortemente a soberania da Ucrânia e sua integridade territorial. Todos ao redor desta mesa deveriam fazê-lo também, em minha opinião”, disse aos demais líderes presentes nas discussões que ocorrem no Museu de Arte Moderna.

“Israel tem o direito de se defender depois do pior massacre de judeus desde o Holocausto. Mas a forma como se defende importa muito”, continuou. “Vamos continuar pressionando para acelerar um acordo de cessar-fogo que garanta a segurança de Israel, resgate os reféns e termine este sofrimento de pessoas e crianças palestinas. Peço a todos que elevem suas pressões ao Hamas, que atualmente tem recusado o acordo”.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala perante os demais líderes do G-20 no Rio de Janeiro Foto: Eric Lee/AP

As guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, que agora inclui uma nova frente no Líbano, são um dos principais pontos de divergências entre os países na declaração final. Clima, reforma da governança global, taxação de super-ricos e igualdade de gênero são as outras. O argentino Javier Milei é quem encabeça a maior oposição aos termos e pode levar o documento ao fracasso caso não chegue a um consenso.

A tendência até o momento é que a declaração final não cite Israel e Rússia, dois dos países envolvidos e militarmente mais poderosos nas duas guerras em andamento. A palavra “guerra” também não é mencionada na mais recente versão do texto, ainda passível de mudanças. O termo usado agora é “conflito”.

No entanto, países do G-7 passaram a pressionar o Brasil a reabrir as negociações sobre o capítulo geopolítico do documento final depois que a Rússia desferiu um ataque massivo contra a Ucrânia na madrugada de domingo, quando os negociadores estavam fechando o texto-base do texto. EUA, Canadá, Alemanha, Itália, França, Reino Unido e Japão querem incluir uma condenação a ataques à infraestrutura de energia ucraniana.

França e Reino Unido argumentam que o ataque russo alterou o cenário geopolítico discutido no Rio. Agora, chefes de Estado e de governo podem ter de renegociar um consenso.

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O Brasil tenta convencer as nações desenvolvidas de que incluir a menção aos ataques à infraestrutura da Ucrânia fará com que Rússia e nações árabes peçam que seja usado o trecho também para se referir aos ataques a Gaza. Até o momento, segundo apurou o Estadão, o governo americano não endossa a iniciativa de europeus e britânicos para endurecer o trecho do texto sobre a Rússia.

Reino Unido, China, Argentina e Estados Unidos disseram ao governo brasileiro que ainda precisavam de aval de seus governos antes de dar por acordado o que diplomatas negociaram. Além do embate geopolítico, estavam sob consulta temas de clima e comércio.

As negociações sobre os termos da declaração final deveriam ser tido finalizadas no sábado, mas precisaram ser estendidas justamente por causa das divergências entre os países. O rascunho é submetido para aval dos líderes, que devem aprovar ou não na terça-feira, 19.

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