WASHINGTON -O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira, 15, que apoia a realização de novas eleições na Venezuela, segundo informações da Agência Reuters. O democrata demonstrou apoio a um novo pleito em Caracas durante uma coletiva de imprensa em Washington.
Biden não é o primeiro líder internacional a mencionar a ideia. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje que considera esta possibilidade.
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Em entrevista à Rádio T, em Curitiba, Lula afirmou ainda que há várias saídas para a crise política no país vizinho e que trabalha junto com o governo de Gustavo Petro na Colômbia para encontrar uma solução. Uma delas seria um novo pleito. “[Maduro pode] estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, declarou o presidente brasileiro.
Em uma audiência pública no Senado também nesta quinta-feira, o ex-chanceler Celso Amorim, chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, afirmou que que vê brechas para esse desfecho a partir de eventual anulação do pleito pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), a entidade máxima do Judiciário da Venezuela controlada pela ditadura chavista.
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María Corina nega possibilidade
A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, rejeitou a ideia apoiada por Biden e Lula em uma coletiva de imprensa também nesta quinta-feira.
“Eu pergunto a vocês. Se não agradar o resultado de uma segunda eleição, vamos por uma terceira? Uma quarta? Uma quinta? Vocês aceitariam isso em seu país?”, afirmou a venezuelana. “Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho, é um desrespeitos aos venezuelanos”, completou. “Vocês aceitariam que seus governos chamassem novas eleições se este não concordasse com os resultados?”, insistiu.
Ela também rejeitou a ideia de um governo de coalizão entre a oposição e o chavismo. A líder ressaltou que a oposição defende uma transição democrática com garantias e salvaguardas para as partes envolvidas. “Há uma saída política cumprindo as regras”, afirmou. “Não é um esquema de compartilhar o poder”.
Saiba mais
Histórico
No dia 28 de julho os eleitores venezuelanos foram as urnas para as eleições presidenciais no país. Após um acordo que garantiria eleições livres e justas na Venezuela, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão oficial controlado pelo chavismo, anunciou a vitória do ditador Nicolás Maduro com 52% dos votos contra 43% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.
Quase três semanas depois da eleição, a ditadura venezuelana ainda não apresentou publicamente as atas de votação, o documento que registra o total de votos e o resultado em cada um dos cerca de 30.000 locais de votação da Venezuela. A oposição, por outro lado, publicou na internet mais de 25 mil atas, cerca de 83% do total, que respaldaria a vitória de Edmundo González Urrutia por mais de 60%.
Ao menos três apurações independentes, da AP, do Washington Post e da plataforma AltaVista, desenvolvida por uma organização sem fins lucrativos da Venezuela indicam que o opositor venezuelano Edmundo González Urrutia venceu as eleições contra o ditador Nicolás Maduro nas eleições da Venezuela, diferentemente do que afirma o resultado oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Feitas com base em atas eleitorais disponíveis, as apurações identificaram que o opositor recebeu pelo menos meio milhão de votos a mais que o divulgado pelo órgão eleitoral do país, dominado pelo chavismo.
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Posição dos EUA
A posição de Washington sobre o regime chavista foi mudando ao longo dos anos. No primeiro mandato de Donald Trump como presidente a estratégia para Venezuela era a de “pressão máxima”, com sanções econômicas que contribuíram para a piora da economia venezuelana, e o reconhecimento do então presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino do país.
Quando o atual mandatário americano Joe Biden assumiu a Casa Branca a abordagem mudou, com a flexibilização de sanções, um acordo para a deportação de venezuelanos e o apoio de Washington aos acordos de Barbados, o que também não deu certo.
No início de agosto, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, apontou que Urrutia venceu o pleito venezuelano, mas não o reconheceu como presidente eleito.
Em vez de assumir a liderança na pressão para Maduro deixar o poder com sanções e outras represálias se ele se recusar, o atual governo americano depositou suas esperanças na tríade de governos esquerdistas da América Latina para persuadi-lo a ceder.