Biden diz que democracia nos EUA não está garantida e narrativa de fraude é caminho do caos

Presidente americano discursa a poucos dias da eleição de meio de mandato, enquanto políticos republicanos ameaçam não reconhecer os resultados

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - A poucos dias das eleições de meio de mandato cruciais para Joe Biden, os democratas soam o alarme sobre supostos riscos à democracia e analisam soluções para a inflação descontrolada. Nesse contexto, o presidente discursou na quarta-feira falando dos riscos á democracia nos Estados Unidos e da narrativa de fraude que se constrói.

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Biden “disse claramente que a democracia (nos EUA) estava em perigo”. Sua porta-voz, Karine Jean-Pierre, alertou durante sua coletiva diária que “um número significativo de republicanos sugere que não aceitará o resultado” das eleições de meio de mandato.

Falando a poucos passos do Capitólio, que foi atacado por uma multidão pró-Trump após a última eleição presidencial – Biden alertou sobre um ataque contínuo à democracia americana. “É inédito. É ilegal. E não é americano”, disse Biden sobre os questionamentos que podem ser feitos ao resultado das eleições de meio de mandato. “Como eu disse antes, você não pode amar seu país apenas quando ganha.”

Biden alerta sobre riscos à democracia americana a poucos dias da eleição de meio de mandato  Foto: Tom Brenner/REUTERS

O democrata de 79 anos incluiu em sua agenda de quarta-feira o discurso de campanha em Washington sobre os “desafios que as eleições da próxima semana representam para a democracia”. Durante as eleições presidenciais de meio de mandato, os americanos renovam todos os 435 assentos na Câmara dos Representantes e um terço do Senado. Também são eleitos governadores e outros cargos locais.

Segundo uma pesquisa da Universidade Quinnipiac divulgada na quarta-feira, 36% dos americanos acreditam que a inflação é o problema mais “urgente” que o país enfrenta e estão mais preocupados com o preço do gás. Em segundo lugar, com apenas 10%, seria o direito ao aborto, em torno do qual os democratas tentaram reunir sua base.

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“Devemos, em um só tom, falar como um país e dizer que não há lugar para intimidação de eleitores ou violência política nos EUA, seja dirigida a democratas ou republicanos”, disse o presidente. “Nenhum lugar, ponto. Nenhum lugar, nunca.”

Antes de abordar a inflação, os democratas passaram grande parte da campanha tratando do direito ao aborto, mudanças climáticas e a guerra na Ucrânia.

Na tentativa de evitar um voto punitivo, Biden está se esforçando para parecer próximo da classe média diante de uma eleição que geralmente é um referendo de fato sobre o presidente e geralmente beneficia a oposição.

Democracia ameaçada

Biden alertou que os candidatos que se recusam a aceitar os resultados da eleição de terça-feira podem colocar o país no “caminho para o caos”. A avaliação do presidente ocorreu quando o FBI e outras agências previram que as ameaças de violência de extremistas domésticos provavelmente aumentarão após a eleição.

“Após as eleições de meio de mandato de 2022, as percepções de fraudes relacionadas às eleições e a insatisfação com os resultados eleitorais provavelmente resultarão em maiores ameaças de violência contra uma ampla gama de alvos – como oponentes ideológicos e trabalhadores eleitorais”, diz um documento do FBI.

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A capital do Arizona, Phoenix, é a cidade do país onde os preços mais subiram: 13% em um ano. Neste Estado, todos os holofotes estão voltados para o gabinete de governador, onde a ex-jornalista Kari Lake, figura emblemática do trumpismo, lidera nas pesquisas contra sua rival democrata.

Além de atacar diariamente Biden por seu manejo da inflação, a candidata republicana continua a questionar os resultados presidenciais de 2020, alegando, sem provas, que roubaram a vitória a Donald Trump.

Trump nunca admitiu sua derrota para Biden nas últimas eleições presidenciais  Foto: EVAN VUCCI/AP

O ex-presidente Trump, que nunca admitiu sua derrota, parece estar se preparando para contestar o resultado da eleição se for desfavorável aos republicanos. “Lá vamos nós de novo! Eleição manipulada!”, disse o magnata na terça-feira em sua rede social, Truth Social, referindo-se a supostos sinais de fraude na recente votação por correio na Pensilvânia, um estado-chave nas próximas eleições.

Contagem dos votos

Biden exortou os eleitores a serem pacientes após a eleição, observando que as regras para a contagem dos votos significam que alguns resultados podem não ser imediatamente claros. “Sempre foi importante para os cidadãos em uma democracia estarem informados e engajados”, disse ele. “Agora é importante que os cidadãos sejam pacientes também.”

O presidente também pediu aos cidadãos que levem em consideração o futuro da democracia ao fazer suas escolhas na terça-feira, dizendo que deveriam votar “sabendo o que corremos o risco de nos tornar”.

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“Nos nossos ossos, sabemos que a democracia está em risco”, disse ele. “Também sabemos disso: está em nosso poder, em cada um de nós, preservar nossa democracia.”

Ao contrário de seus colegas democratas, muitos republicanos em disputas importantes em todo o país se recusaram a dizer se aceitarão os resultados das eleições de terça-feira. “Vamos ver o que acontece”, disse o senador republicano Ron Johnson a repórteres em Wisconsin na terça-feira. Ele está em uma disputa acirrada com o desafiante democrata Mandela Barnes, vice-governador de seu Estado. “Quero dizer, algo vai acontecer no dia da eleição? Os democratas têm algo na manga?”. / WASHINGTON POST e AFP

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