WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira, 16, que seu governo já está em contato com "diversos países" sobre o destino do excedente de vacinas contra covid-19. Os americanos têm sido pressionados a compartilhar com outros países as doses que não estão em uso, como o estoque de vacinas fabricadas pela Astrazeneca.
Até agora, a orientação do governo Biden é priorizar a vacinação dos americanos, para só depois abrir mão de doses já compradas.
A agência que regulamenta a questão nos EUA, a FDA, já aprovou a aplicação de três vacinas: das farmacêuticas Moderna, Pfizer e Johnson & Johnson. A vacina da Astrazeneca ainda está em fase de estudos no país, por isso ainda não há pedido para uso emergencial junto à FDA. Os americanos não podem, portanto, usar no momento o estoque de 30 milhões de doses do imunizante que possuem.
Diante da escassez de vacinas em outros lugares do mundo, países têm pedido aos EUA que repassem imunizantes parados -- especialmente aos locais onde o uso da vacina da Astrazeneca já foi autorizado, como o Brasil.
Nesta terça-feira, questionado sobre quais países receberão as doses excedentes dos americanos primeiro, Biden afirmou que o governo "já tem conversado com diversos países". "Nós avisaremos vocês muito em breve", disse o presidente.
Na semana passada, um porta-voz da Astrazeneca disse ao jornal The New York Times que a empresa pediu ao governo americano para que considere o apelo de países para a doação das doses paradas.
Na sexta-feira, o governo americano descartou inicialmente a possibilidade de envio de doses, com declarações da equipe de infectologista das Casa Branca e também da porta-voz da presidência. O governo diz que primeiro precisa garantir a imunização local, para depois compartilhar doses.
Segundo fonte do Departamento de Estado, os EUA planejam desenvolver um plano para destinar o excedente de vacinas aos países necessitados "assim que houver oferta suficiente" para o próprio país. O compartilhamento pode ser feito através do Covax Facility, o consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) para promover o acesso equitativo às doses.
O governo já adquiriu mais doses do que precisa para vacinar toda a população. A previsão é que até o fim de maio haja vacina para todos os americanos elegíveis -- pouco mais de 260 milhões. Mesmo dentro do governo há quem defenda que imunizantes sem uso imediato sejam destinados a aliados, como forma de se contrapor à "diplomacia da vacina" adotada por adversários como China e Rússia.
Na sexta-feira, sob pressão diante das notícias sobre o estoque de vacinas da Astrazeneca sem previsão de uso, os EUA adotaram uma nova estratégia sobre colaboração global com a distribuição de doses. O país anunciou uma parceria com Japão, Índia e Austrália para financiar 1 bilhão de doses de vacina contra covid-19 para o Sudeste Asiático. O objetivo é conter a influência da China na região e acelerar a vacinação local, com financiamento de americanos e japoneses e produção feita pelos indianos. A distribuição será organizada pela Austrália.
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