O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta sexta-feira, 31, que o governo de Israel tem uma proposta permanente de cessar-fogo em Gaza e endossou o plano, que conta com a retirada das tropas do território palestino e uma proposta de libertação de reféns nas mãos do grupo terrrorista Hamas.
Em Washington, ele disse que o Hamas não é mais capaz de realizar outro ataque violento contra Israel, como o que aconteceu em 7 de outubro de 2023, porque o grupo militante teve as capacidades diminuídas após meses de ataques. “Está na hora desta guerra acabar, de o dia seguinte começar”, disse o presidente na Casa Branca.
Segundo o democrata, este é um “momento decisivo”, já que o grupo terrorista sinalizou que quer uma trégua da guerra, e que o acordo seria uma oportunidade de eles provarem que realmente o querem. Como apresentado por Biden, a proposta israelense seria dividida em três fases: primeiro, um cessar-fogo de seis semanas; em seguida, a retirada das tropas de Israel do território palestino em Gaza; por fim, a troca de idosos e mulheres reféns pela libertação de prisioneiros. No entanto, ele afirmou que ainda existem detalhes a serem negociados na próxima fase.
“Desde que o Hamas cumpra os seus compromissos, um cessar-fogo temporário se tornará, nas palavras da proposta israelense, uma cessação permanente das hostilidades”, disse Biden.
Apesar da declaração do presidente americano, Israel não falou publicamente sobre a proposta de cessar-fogo apresentada pelo americano ou sobre como este acordo seria diferente dos outros. Nos últimos meses, Binyamin Netanyahu contradisse Joe Biden em diversas ocasiões e, anteriormente, declarou que o objetivo de Israel é a destruição completa do grupo terrorista Hamas. Os extremistas, ainda, nunca aceitaram qualquer pacto de trégua, declarando que os combates precisam antes terminar, para que depois os reféns sejam liberados e que um acordo seja feito.
Leia também
Biden tem sofrido uma pressão crescente, por conta do tempo que ele pretende apoiar a campanha militar de Israel em Gaza. Os comentários do presidente nesta sexta-feira, foram os primeiros sobre a guerra no Oriente Médio desde que um ataque israelense incendiou um acampamento palestino em Rafah, ao sul de Gaza, e matou 45 pessoas, incluindo mulheres e crianças, e feriu outras 249.
Em uma análise feita pelo The New York Times, foi constatado que as bombas utilizadas por Israel foram fabricadas nos Estados Unidos. A situação levantou questões sobre a responsabilidade americana no número de mortos no conflito, que ultrapassa a marca de 36 mil. A situação tem gerado reflexos no país, e estudantes protestaram em campus universitários e nas ruas de diversas cidades americanas.
O Tribunal Internacional de Justiça, da Organização das Nações Unidas (ONU), sinalizou que Israel deveria parar a ofensiva militar em Rafah. No entanto, o tribunal não tinha meios para que a ordem fosse cumprida.
O conselheiro de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, afirmou no início desta semana que acredita que a guerra continuará, pelo menos, até o fim deste ano.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.