O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu nesta terça-feira, 12, o sinal mais claro de divergência com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, depois de o líder israelense ter rejeitado publicamente a visão americana para o futuro da Faixa de Gaza, que incluiria a Autoridade Palestina substituindo o Hamas no comando do enclave.
Mais cedo, Netanyahu reconheceu desacordos com a Casa Branca e deixou claro em um comunicado publicado nas redes sociais que é contra ceder o comando de Gaza à Autoridade Palestina.
“Eu gostaria de ser claro: Israel não repetirá os erros dos Acordos de Oslo”, disse Netanyahu em uma declaração em vídeo postada nas redes sociais Após o grande sacrifício de nossos civis e soldados, não permitirei a entrada em Gaza daqueles que educam para o terrorismo, apoiam o terrorismo e financiam o terrorismo Gaza não será nem ‘Hamastão’ nem o ‘Fatahstão’.”
O Fatah é a facção política que controla a Autoridade Palestina desde os acordos de Oslo, em 1993. Rival do Hamas, foi expulsa de Gaza em 2007, mas ainda administra partes da Cisjordânia ocupada por Israel.
As declarações de Biden vieram logo em seguida, recheadas de críticas à coalizão de governo de Netanyahu, a mais à direita da história de Israel. “Eles estão começando a perder esse apoio”, disse Biden, argumentando que Netanyahu precisava fazer mudanças em seu governo.
O presidente americano ainda disse em um discurso em Washington que a comunidade internacional estava se voltando contra o governo israelense. Até agora, mais de 15 mil palestinos morreram na resposta israelense aos atentados de 7 de outubro, segundo o ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Do lado israelense, 1,2 mil pessoas morreram nos ataques.
Até agora, os Estados Unidos apoiaram Israel tanto em ações quanto em retórica - apoiando o ataque a Gaza, rejeitando pedidos de cessar-fogo na ONU e autorizando a venda de milhares de projéteis de tanque para os israelenses. NYT
Israel lançou seu ataque a Gaza depois que militantes liderados pelo Hamas realizaram ataques terroristas devastadores em Israel a partir da enclave em 7 de outubro, matando aproximadamente 1.200 pessoas.
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