Biden diz que morte de palestinos em distribuição de comida pode prejudicar negociações por trégua

O mandatário afirmou que Washington está verificando “versões contraditórias” sobre o ocorrido

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Por Redação

WASHINGTON -O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira, 29, que a morte de dezenas de civis palestinos após uma confusão durante a chegada de caminhões com ajuda humanitária na Faixa de Gaza deve prejudicar as negociações por um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Biden disse que um acordo de trégua “provavelmente” não será alcançado até segunda-feira.

O mandatário afirmou que Washington está verificando “versões contraditórias” sobre o ocorrido. “Estamos verificando isso agora mesmo. Há duas versões contraditórias do que aconteceu, ainda não tenho uma resposta”, disse aos jornalistas antes de viajar para a fronteira com o México.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, responde a perguntas de repórteres em Washington, Estados Unidos  Foto: Andrew Harnik / AP

O grupo terrorista Hamas acusou Israel de matar dezenas de pessoas que aguardavam o recebimento de ajuda humanitária na Cidade de Gaza, maior cidade do enclave palestino, nesta quinta-feira, 29. De acordo com o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas, 104 pessoas morreram e 760 ficaram feridas.

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As autoridades israelenses reconheceram que as Forças de Defesa de Israel (IDF) atiraram contra palestinos, mas que só fizeram isso depois que uma multidão se aproximou de forma ameaçadora. Tel-Aviv ressaltou que as mortes ocorreram em uma confusão durante a entrega de ajuda humanitária para os civis palestinos e que os soldados israelenses dispararam tiros para o ar e contra as pernas dos residentes para que não se aproximassem dos caminhões.

A duas semanas do início do mês sagrado muçulmano do Ramadã, as negociações para uma nova trégua estão se intensificando. Biden havia dito no início desta semana, em Nova York, que tinha “esperança” de que um cessar-fogo fosse alcançado “até a próxima segunda-feira”.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou que os EUA buscam “respostas” sobre o ocorrido.

“Estamos em contato com o governo israelense desde esta manhã cedo e entendemos que uma investigação está sendo realizada. Vamos acompanhar de perto esta investigação e pressionar para obter respostas”, disse a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Civis palestinos inspecionam os escombros de um prédio destruído após um bombardeio israelense no campo de refugiados de Nusseirat, no centro da Faixa de Gaza  Foto: Adel Hana/ AP

Investigação

As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que investigações iniciais sobre o caso apontam que 30 caminhões com ajuda humanitária entraram no enclave palestino pela passagem de Kerem Shalom e que ao chegarem a Cidade de Gaza, pessoas armadas começaram a caminhar em direção aos caminhões e saquearam a ajuda humanitária. Neste momento, uma multidão começou a se aproximar da área.

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“Esta manhã, caminhões de ajuda humanitária entraram no norte de Gaza, os residentes cercaram os caminhões e saquearam os suprimentos que estavam sendo entregues. Como resultado do empurra-empurra, pisoteamento e atropelamentos pelos caminhões, dezenas de habitantes de Gaza foram mortos e feridos”, diz o comunicado da IDF.

A Cidade de Gaza e o norte do enclave palestino foram os primeiros alvos da ofensiva israelense em Gaza que já deixou mais de 30 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. A guerra começou no dia 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense e mataram 1.200 pessoas no pior ataque terrorista da história de Israel e o pior contra judeus desde o Holocausto./com AFP

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