Biden e Xi Jinping conversam por telefone sobre Taiwan, TikTok e apoio chinês à Rússia

Ligação teve como objetivo demonstrar uma tentativa de retorno ao diálogo regular entre os líderes de duas potências cujas relações se deterioraram nos últimos meses

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com seu homólogo chinês, Xi Jinping, por telefone na manhã desta terça-feira, 2, o primeiro contato entre os dois líderes desde novembro. Os presidentes discutiram questões sobre Taiwan, segurança tecnológica e apoio chinês à Rússia, em uma ligação destinada a demonstrar um retorno ao diálogo regular entre os líderes de duas potências envolvidas em tensões recentes.

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Os tópicos levantados por Biden incluíram o combate à produção de narcóticos, o conflito no Oriente Médio, o programa nuclear da Coreia do Norte e o apoio da China à Rússia em sua guerra na Ucrânia, de acordo com um resumo da ligação divulgado pela Casa Branca. O ponto alto da conversa, e origem dos maiores atritos entre Washington e Pequim, foi a questão de Taiwan.

Já Xi disse a Biden que os dois países deveriam aderir à linha “sem choques, sem confronto” como um dos princípios para este ano. “Devemos priorizar a estabilidade, não provocar problemas, não ultrapassar limites, mas manter a estabilidade geral das relações China-EUA”, disse Xi, segundo a emissora estatal China Central Television (CCTV).

O presidente da China, Xi Jinping, e o presidente dos EUA, Joe Biden, em encontro durante o G20 em Bali, em novembro de 2022 Foto: Saul Loeb/AFP

Biden pretendia que a conversa fosse um “checagem” em vez de uma discussão com resultados concretos, disse um funcionário do governo, que falou a um pequeno grupo de repórteres na noite de segunda-feira sob condição de anonimato. Mas foi um marco durante um ano político crucial para Biden e enquanto os países tentam estabilizar uma relação que chegou aos piores níveis em muitas décadas no ano passado.

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A ligação ocorreu dias antes de uma viagem à China da secretária do Tesouro, Janet Yellen, que será seguida pelo secretário de Estado, Antony Blinken. Estas seriam as primeiras visitas de membros do gabinete à China este ano; ambos os responsáveis viajaram para Pequim no ano passado para estabilizar as relações depois dos ânimos terem esquentado durante o episódio do balão espião chinês.

Desde o meio do ano passado, Biden e Xi têm procurado evitar quaisquer escaladas entre as duas nações. Biden tenta se concentrar em sua disputa acirrada pela reeleição este ano. Enquanto Xi lida com uma série de questões internas, incluindo uma economia conturbada e corrupção nos altos escalões das suas forças armadas.

Os dois realizaram uma reunião presencial em novembro em uma exuberante propriedade em Woodside, nos arredores de São Francisco. Os dois também se reuniram em novembro de 2022 em Bali, na Indonésia — a sua primeira reunião presencial como líderes nacionais — e tiveram a sua última teleconferência em julho de 2022.

Taiwan

Biden levantou duas questões sobre a agressão da China no Pacífico: Taiwan e o Mar do Sul da China, de acordo com o resumo da Casa Branca.

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A administração Biden alertou a China para controlar os navios da guarda costeira, que têm disparado canhões de água contra navios de reabastecimento filipinos numa área contestada do Mar do Sul da China. E os Estados Unidos afirmaram que os militares chineses estão utilizando jatos e navios de forma provocativa perto de Taiwan, a ilha independente cujo estatuto é o maior ponto de conflito entre Washington e Pequim.

A questão de Taiwan foi discutida um mês antes da posse de Lai Ching-te, o presidente eleito da ilha, que prometeu salvaguardar a sua independência da China e alinhá-la ainda mais com outras democracias. Biden reafirmou a política de longa data de “uma só China” dos Estados Unidos e reiterou que o país se opõe a quaisquer meios coercivos para colocar Taiwan sob o controle de Pequim. A China considera Taiwan um assunto interno e protestou vigorosamente contra o apoio dos EUA à ilha.

Xi “enfatizou que a questão de Taiwan é a primeira linha vermelha que não deve ser ultrapassada nas relações China-EUA”, de acordo com uma descrição da teleconferência divulgada pelo governo chinês. Xi apelou a “ações concretas” por parte dos Estados Unidos para demonstrar o compromisso de não apoiar a independência de Taiwan, dizia a descrição.

Tal como líderes chineses anteriores, Xi disse que Taiwan deve ser submetida ao domínio do Partido Comunista Chinês, pela força, se necessário. Biden disse quatro vezes que as tropas dos EUA defenderão Taiwan se a China tentar invadir. Estas observações constituíram um desvio dos esforços de décadas do governo dos EUA para deixar ambíguo se os militares americanos defenderiam Taiwan de um ataque chinês.

Joseph Wu, ministro das Relações Exteriores de Taiwan, disse em entrevista ao The New York Times em Taipé na quinta-feira que a China tem aumentado constantemente sua atividade militar em torno da ilha, bem como seus esforços de ciberespionagem e promoção de desinformação online, todos equivalendo a “zona cinza” de agressões antes de uma guerra total. “Precisamos que os EUA trabalhem mais próximos de Taiwan”, disse ele.

Joe Biden cumprimenta Xi Jinping em Woodside, Califórnia, em novembro de 2023, última vez que os dois se encontraram Foto: Doug Mills/The New York Times via AP

Tecnologia

Na teleconferência, Xi também criticou o “fluxo interminável de medidas” tomadas pelos EUA para tentar suprimir a economia, a ciência e a tecnologia da China, dizia o resumo do governo chinês. Biden impôs limites à exportação de semicondutores avançados para a China.

Biden disse a Xi que seu governo “continuará tomando as medidas necessárias para evitar que tecnologias avançadas dos EUA sejam usadas para minar nossa segurança nacional, sem limitar indevidamente o comércio e o investimento” e criticou as “políticas comerciais injustas” da China, de acordo com o resumo da Casa Branca.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, revelou que o presidente Biden também reiterou o seu desejo de que o TikTok mude de dono. A angústia dos legisladores americano sobre a propriedade chinesa do popular aplicativo de mídia social TikTok gerou uma nova legislação que proibiria o aplicativo se seu proprietário com sede na China, ByteDance, não vendesse suas participações na plataforma dentro de seis meses após a promulgação do projeto de lei.

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Biden, na chamada, também reforçou as advertências a Xi contra a interferência nas eleições de 2024 nos EUA, bem como contra os contínuos ataques cibernéticos maliciosos contra infraestruturas americanas críticas.

Ele também levantou preocupações sobre os direitos humanos na China, incluindo a nova lei restritiva de segurança nacional de Hong Kong e o tratamento dado aos grupos minoritários, e tratou da situação dos americanos detidos ou impedidos de sair da China.

Apoio à Rússia

O presidente democrata também pressionou a China sobre a sua relação de defesa com a Rússia, que procura reconstruir a sua base industrial à medida que avança com a invasão da Ucrânia.

A produção de armas russa tem sido robusta, apesar das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e outros países depois de o presidente Vladimir Putin ter ordenado a invasão em grande escala da Ucrânia em Fevereiro de 2022. A produção constante de munições e mísseis – bem como ajuda armamentista da Coreia do Norte e Irã – tem ajudado a Rússia na Ucrânia.

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A China retomou algumas áreas de comércio que as nações europeias pararam, e isso permitiu à Rússia reconstruir as suas capacidades de produção de armas, disse o funcionário do governo americano o NYT.

Biden também queria que Xi ajudasse a conter os ataques a navios comerciais no Mar Vermelho pelas forças Houthi do Iêmen, um grupo militar apoiado pelo Irã que diz que continuará os ataques enquanto Israel levar adiante sua guerra contra o Hamas em Gaza, disse a autoridade dos EUA. O governo Biden tem pressionado a China para pedir ao Irã que controle os Houthis, especialmente porque os navios chineses também passam pelo Mar Vermelho.

A autoridade disse que Biden gostaria de cooperar ainda mais com a China em várias questões: limitar a exportação de produtos químicos usados para fabricar fentanil, conversas militares de nível sênior, discussões sobre inteligência artificial e política de mudança climática./AP, NYT e W.Post

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