Biden e Xi se reúnem no G-20 para delimitar era de confronto entre EUA e China

Presidentes americano e chinês se encontram pessoalmente pela primeira vez em Bali, na Indonésia, em busca de medidas para reduzir a tensão entre os dois países

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Por Chris Buckley e David E. Sanger

Algumas semanas após os presidentes Joe Biden e Xi Jinping apresentarem visões opostas sobre a competição entre EUA e China, a primeira reunião cara a cara entre os dois testará as chances de melhorar a relação entre Washington e Pequim.

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O encontro, marcado para a madrugada desta segunda-feira, 14, na Indonésia, ocorrerá meses depois que Xi exibiu seu potencial militar para sufocar Taiwan e Biden impôs controles de exportação para prejudicar a capacidade chinesa de produzir chips de computador.

Para agravar a tensão, há também a parceria de Pequim com Moscou, que permanece firme mesmo após a invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, essa relação está tão opaca que as autoridades americanas desconfiam de sua natureza.

Seja uma aliança robusta ou por conveniência, Pequim e Moscou compartilham um interesse crescente em atrapalhar a agenda americana. Por sua vez, muitos na China veem a combinação dos controles de exportação dos EUA e o apoio da Otan à Ucrânia como um prenúncio de como Washington poderia responder às suas reivindicações sobre Taiwan.

“Esta é a primeira cúpula de superpotências da Guerra Fria versão 2.0″, disse Evan Medeiros, professor da Universidade Georgetown. “Os líderes vão discutir, mesmo que implicitamente, os termos de convivência? Ou vão soltar os cachorros da rivalidade?”

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Acordo

Contendo as expectativas, autoridades americanas disseram que não esperam que surja uma declaração conjunta sobre pontos de acordo. Ainda assim, Washington vai dissecar o que Xi disser, sobretudo a respeito de Rússia e Taiwan.

Este mês, Xi disse ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que a China se opõe à “ameaça ou uso de armas nucleares”, uma reprovação às ameaças de Vladimir Putin sobre o uso de armas nucleares táticas.

Se Xi não puder dizer algo semelhante com Biden ao seu lado, será muito revelador. A China vê a Rússia como um contrapeso vital ao poder ocidental, e Xi pode hesitar em criticar Putin publicamente.

“Se Putin usasse armas nucleares, ele se tornaria o inimigo público da humanidade, contra a oposição de todos os países, incluindo a China”, disse Hu Wei, estudioso de política externa em Xangai. “Mas, se Putin cair, os EUA e o Ocidente vão se concentrar na contenção estratégica da China.”

Para as autoridades americanas, a relação Xi-Putin é tema de debate interno. Colin Kahl, terceiro na hierarquia do Pentágono, disse que os líderes chineses “estão mais dispostos a sinalizar que essa coisa está se aproximando de uma aliança, e não só uma parceria</CW>”.

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Xi e Biden falaram ao telefone cinco vezes em 18 meses. Mas agora será diferente. “Pela primeira vez, Biden se sentará na mesma sala com Xi, será franco e direto, e espera o mesmo de Xi”, disse Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.

Contatos

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Nos últimos anos, as viagens de presidentes americanos a Pequim e de presidentes chineses a Washington se tornaram comuns. Disputas eram contrabalançadas por promessas de cooperação em áreas de interesse mútuo. Cúpulas em terreno neutro, como esta em Bali, dão cada vez mais a sensação de Guerra Fria: são mais para gerenciar conflitos do que encontrar um terreno comum. A desconfiança significa que mesmo a estabilização e a cooperação de curto prazo podem ser frágeis.

Nenhum dos lados chama isso de Guerra Fria, termo que evoca um mundo dividido entre americanos e soviéticos armados arsenais nucleares. As diferenças são reais entre aquela e esta era, com vastos fluxos comerciais e tecnológicos entre a China e as potências ocidentais nos dias de hoje.

O iPhone da Apple e outros itens básicos da vida americana são montados na China. Em vez de formar um bloco de aliados, como os soviéticos, Pequim procura influenciar as nações com projetos que criam dependência econômica.

As ansiedades se ampliaram com os planos chineses de expandir seu arsenal nuclear até 2030. Já a China vê ameaças americanas nas propostas para ajudar a construir submarinos nucleares para a Austrália.

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“Pode não ser a Guerra Fria, com G e F maiúsculos, uma repetição da experiência EUA-URSS”, disse o professor Medeiros. “Mas, devido à capacidade da China e seu alcance global, em muitos aspectos, esta guerra fria será mais desafiadora do que a anterior.”

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