WASHINGTON - O presidente americano, Joe Biden, recebeu os familiares dos cidadãos americanos que são mantidos como reféns pelos terroristas do Hamas na Faixa de Gaza. O encontro desta quarta-feira, 13, na Casa Branca se segue as críticas do democrata ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, que tornou públicas as diferenças com os EUA, um dos seus maiores aliados na guerra.
Essa foi a primeira vez que Biden se reuniu presencialmente com os familiares dos cativos. O encontro a portas fechadas não estava previsto na agenda do presidente americano e durou cerca de duas horas. Na saída, os presentes elogiaram o esforço americano para libertar os reféns. “Não poderíamos ter amigo melhor”, disse Jonathan Dekel-Chen. Ele é pai de Sagui Dekel-Chen, 35, capturado pelo Hamas em casa, no Kibbutz Nir Oz, no ataque terrorista de 7 de outubro.
O grupo apela aos Estados Unidos que cobrem uma pausa nos combates na Faixa de Gaza na esperança de que Israel possa negociar a liberação dos seus entes queridos, como já aconteceu no final de novembro. Na ocasião, o Hamas entregou mais de 100 reféns em troca pelo cessar-fogo temporário e pela liberação de prisioneiros palestinos.
“Imploramos ao nosso governo, ao governo de Israel e aos governos pelo mundo que encontrem um jeito de trazê-los de volta para casa antes que seja tarde demais”, disse um representante do grupo em nota enviada ao New York Times.
Joe Biden disse na semana passada que tentava negociar a pausa em conversas com representantes do Catar, que tem atuado como mediador entre Israel e o Hamas. “Estamos pressionando, estamos em conversas com o Catar. Não sei onde vai dar, mas não vamos desistir”, prometeu em 5 de dezembro.
Os Estados Unidos estão entre os principais aliados de Israel na guerra contra os terroristas do Hamas, inclusive com uso do poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para barrar na semana passada a resolução que pedia por cessar-fogo. Washington afirma que Tel-Aviv tem o direito de se defender do ataque terrorista de 7 de outubro e já argumentou que a trégua nos combates não produziria a paz duradoura na região.
Apesar do apoio, os EUA vinham expressando preocupação com o alto número de mortes do lado palestino (mais de 18 mil segundo o ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas) e com o drama humanitário denunciado dia após dia pelas organizações internacionais. E as divergências ficam cada dia mais evidentes.
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Ontem, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu criticou publicamente o plano dos EUA para o futuro de Gaza: a reunificação com a Cisjordânia sob o comando de uma Autoridade Palestina fortalecida.
“Após o grande sacrifício de nossos civis e soldados, não permitirei a entrada em Gaza daqueles que educam para o terrorismo, apoiam o terrorismo e financiam o terrorismo Gaza. Não será nem ‘Hamastão’ nem o ‘Fatahstão’”, disse Netanyahu em referência ao Fatah, o grupo político que controla a Autoridade Palestina,
Biden reagiu e alertou que Israel estava começando a “perder apoio” em declaração crítica ao governo Netanyahu. A posição foi reforçada hoje pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. Ele disse que as críticas do presidente americano “refletem a opinião global” e que o apoio dos EUA a Israel “não diminuiu”, mas que há preocupação sobre a ofensiva militar em Gaza.
Em meio à crise, o Conselheiro Nacional de Segurança dos EUA, Jake Sullivan, tem uma viagem a Israel marcada para esta quinta-feira. Ele deve se reunir com o governo e o gabinete de guerra./NY TIMES E WASHINGTON POST
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