Biden, Meloni e Trudeau perdem foto da aliança contra a fome no G-20

Os três chegaram atrasados ao momento da fotografia e as demais lideranças preferiram não esperar

Foto do author Carolina Marins
Foto do author Felipe Frazão
Foto do author Beatriz Bulla
Atualização:

ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, não participaram da foto oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza lançada nesta segunda-feira, 18, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula de líderes do G-20.

PUBLICIDADE

Os três líderes teriam chegado atrasados ao momento da fotografia e as demais lideranças preferiram não esperar. A foto estava prevista para ocorrer às 14h10, mas só saiu por volta das 15h30. A agenda de eventos da cúpula está atrasada desde o começo, com os cumprimentos aos líderes, que deveriam finalizar até às 10h se estendendo por quase uma hora.

Os líderes americanos e canadenses estavam em uma reunião bilateral antes da foto. Em seguida, o presidente dos EUA foi visto saindo do Museu de Arte Moderna do Rio, onde estão ocorrendo as negociações.

Líderes se reúnem para a foto oficial da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada nesta segunda por Lula no G-20 Foto: Ludovic Marin/AFP

O presidente Lula posou ao lado dos líderes dos outros dois países da troika: Narendra Modi da Índia, que sediou a cúpula no ano passado, e Cyril Ramaphosa da África do Sul. O argentino Javier Milei, que tem sido um entrave nas negociações da cúpula, aparece próximo de Lula, atrás de Modi e entre Emmanuel Macron da França - com quem teve uma bilateral no dia anterior na Casa Rosada.

Outra presença notável é do chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, representante de Vladimir Putin, que desistiu de comparecer frente a um mandado de prisão contra ele no Tribunal Penal Internacional. O russo desistiu de participar até mesmo por videoconferência, como fez na reunião do Brics na África do Sul ano passado.

A aliança foi lançada oficialmente esta manhã, no momento em que Lula confirmou a adesão de 82 países. O projeto é o principal tópico da presidência brasileira no G-20 no Rio e talvez o único que tenha algum avanço concreto. A Argentina foi o último país a aderir, depois que uma lista oficial com 81 nações foi divulgada pelo governo brasileiro.

Além dos países fundadores, a aliança terá 66 organismos internacionais, entre eles fundações como Gates e Rockfeller e bancos multilaterais, como BID e Banco Mundial.

Publicidade

O tema do combate à fome é uma das prioridades estabelecidas pelo Brasil, como presidente do G-20 este ano. O pacto proposto por Brasília e endossado pelos demais países tem como objetivo acelerar a redução da pobreza e eliminar a fome, até 2030. A aliança funcionará por cinco anos, a partir de 2025, com um secretariado sediado na FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura - em Roma, na Itália.

Além de obter doações de recursos, uma das intenções da aliança é mobilizar fundos já existentes para programas que reconhecidamente funcionam, como os de transferência de renda condicionada, agricultura familiar, merenda escolar e cadastro único. Os países que desejam receber dinheiro devem se comprometer a adotar um dos programas.

Reunião dos chefes de Estado na cúpula do G20 no MAM, Rio de Janeiro   Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Em seu discurso de lançamento da aliança, Lula afirmou que este será o maior legado da cúpula deste ano. “Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G-20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.”

“O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza. Segundo a FAO, em 2024, convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome”, continuou.

PUBLICIDADE

Apesar da adesão, o presidente argentino Javier Milei disse em seu discurso durante a cúpula de líderes que governos não deveriam intervir no tema e só o capitalismo traz prosperidade. Segundo relatos feitos ao Estadão de diplomatas na sessão, Milei disse também que o capitalismo e o setor privado tiraram milhões da pobreza ao longo da história.

O chileno Gabriel Boric rebateu Milei durante seu pronunciamento. Segundo relatos de fontes que acompanham a reunião, ele fez menções ao discurso do argentino e disse que, no Chile, iniciativas só pelo lado do setor privado não resolveram a questão da pobreza. Boric também elogiou programas sociais do Brasil, como o Bolsa Família.

O libertário tem sido o maior entrave para a chegada de consensos na declaração conjunta final da cúpula. Milei busca ser o líder da direita na América Latina e agora se vê respaldado por Donald Trump retornando à Casa Branca. Ele abriu ao menos cinco frente de embate na cúpula deste ano: multilateralismo, gênero, desenvolvimento sustentável, tributação de grandes fortunas, clima e meio ambiente.

Publicidade

Por causa dos embates, o rascunho do texto que deveria ter sido finalizado no sábado só ficou pronto no domingo. Agora ele vai para aprovação, ou não, dos líderes nos dois dias de reuniões. Se aprovado, o documento precisa ser assinado por todas as nações do G-20.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.