Em um discurso na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu a proibição de armas e munição de alta capacidade, como fuzis semiautomáticos, e a venda de armamento para menores de 21 anos. Ele pressionou os legisladores em Washington, especialmente no Senado onde tem uma maioria apertada, para que aprovem novas medidas de controle de armas, no seu apelo mais direto por ação desde os massacres em Uvalde, no Texas, e em Buffalo, em Nova York, no mês passado.
Biden disse ainda que é preciso reforçar as verificações de antecedentes e as leis de ‘bandeira vermelha’ no país, propostas que provavelmente não serão aprovadas pelas atuais negociações bipartidárias no Congresso. “A questão agora é: o que o Congresso fará?”, perguntou Biden.
“Eu apoio os esforços bipartidários que incluem um pequeno grupo de democratas e senadores republicanos tentando encontrar um caminho”, disse Biden, se referindo aos esforços liderados pelo senador republicano do Texas John Cornyn e pelo democrata de Connecticut Chris Murphy.
Ainda assim, ele aproveitou o momento para chamar a atenção dos republicanos que resistiram às tentativas no passado de aprovar leis de controle de armas em verificações de antecedentes e outras áreas. “Meu Deus, o fato de que a maioria dos republicanos do Senado não querer que nenhuma dessas propostas seja debatida ou votada é inconcebível”, disse Biden.
Depois de passar por todos os esforços fracassados para abordar a reforma das armas após ataques em massa em todo o país, Biden prometeu que desta vez será diferente. Os legisladores do Capitólio fizeram a mesma promessa, mas não está claro se ela se traduzirá realmente em uma lei.
Biden defendeu no passado ser a favor de restabelecer a proibição de armas de assalto que estava em vigor por uma década antes de expirar em 2004. Ele também pediu aos legisladores no passado que aprovassem verificações universais de antecedentes.
Ambas as medidas são consideradas altamente improváveis de serem aprovadas no Congresso, onde a feroz oposição republicana historicamente tem impedido sua promulgação. Os legisladores disseram recentemente que não acreditam que haja apoio bipartidário suficiente para aprovar qualquer medida.
Mas nos últimos dias, um pequeno grupo bipartidário de senadores vem discutindo se pode chegar a um consenso sobre um conjunto mais restrito de políticas.
As negociações se concentraram em expandir a verificação de antecedentes e fornecer incentivos para os Estados aprovarem leis de bandeira vermelha que permitem que armas sejam apreendidas de pessoas perigosas. O grupo também está analisando propostas sobre armazenamento seguro de armas em casa, violência comunitária e saúde mental, de acordo com assessores e senadores envolvidos nas conversas privadas que as descreveram sob condição de anonimato.
O discurso de Biden ocorre nove dias depois que um atirador de 18 anos matou 19 crianças e 2 professoras na Robb Elementary School, em Uvalde, no Texas. Apenas 10 dias antes desse ataque, 10 negros foram mortos em um supermercado em Buffalo, em Nova York. Em ambos os casos, o atirador usou uma arma de estilo militar.
Poucas horas após o ataque no Texas, Biden expressou horror e indignação, descrevendo a dor de perder um filho como “ter um pedaço de sua alma arrancado”. Na época, ele não pediu ações específicas do Congresso, mas lamentou a década de inação desde que 20 crianças foram mortas em um ataque semelhante em Newtown, Connecticut, em 2012.
“Como nação, temos de perguntar: quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o lobby das armas?” disse Biden. “Quando, em nome de Deus, faremos o que todos sabemos que precisa ser feito?”
A vice-presidente Kamala Harris também defendeu no fim de semana passado que o Congresso deveria aprovar a proibição de armas semiautomáticas.
“Inclui: vamos proibir armas de assalto. Você sabe o que é uma arma de assalto? Você sabe como uma arma de assalto foi projetada? Ela foi projetado para um propósito específico: matar muitos seres humanos rapidamente. Uma arma de assalto é uma arma de guerra sem lugar, sem lugar em uma sociedade civil”./Com NYT
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