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‘Biden tem uma grande vantagem sobre Trump hoje: sabe como debater com ele’, diz Bill de Blasio

Em entrevista ao Estadão, o ex-prefeito de Nova York, afirma que o aborto será uma questão central para a vitória de Biden na eleição, e diz ser ‘cinismo’ duvidar da ameaça de Trump à democracia

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Foto do author Rodrigo Turrer
Foto: Peter Folley/EFE
Entrevista comBill de Blasio Prefeito de Nova York (2014 - 2021); pré-candidato democrata à presidência em 2019

Houve um tempo em que Bill de Blasio, ex-prefeito de Nova York, era a grande esperança da ala progressista do partido Democrata. Ativistas e comentaristas saudaram sua vitória esmagadora na eleição para prefeito de Nova York, em 2013, como uma esperança para a esquerda liberal. Mas, em 11 anos, tudo mudou. Bill de Blasio não resistiu ao radicalismo ‘woke’ que tomou conta dos progressistas democratas. Sua pré-candidatura à presidência, em 2019, desafiando Joe Biden, naufragou em gafes e falta de apoio.

Agora, de Blasio se juntou à campanha de Biden para ajudar o presidente americano a derrotar Donald Trump, favorito nas pesquisas eleitorais nos EUA. Depois de um café da manhã em São Paulo, promovido pelo Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), em que conversou com o advogado Walfrido Warde, de Blasio concedeu uma entrevista exclusiva ao Estadão.

Para de Blasio, que costumava se apresentar em suas campanhas como o “homem a quem Trump chamou de o pior prefeito dos EUA”, Biden tem uma vantagem importante sobre Donald Trump no debate desta quinta-feira: “É uma das maiores vantagens que alguém pode ter em um debate: as baixas expectativas”, disse. “Ele também tem a grande vantagem de saber debater com Trump. Ele já fez isso. Trump não pode surpreendê-lo da forma como surpreendeu Jeb Bush, Hillary e outros”.

Leia a seguir os principais trechos da conversa em que de Blasio fala sobre como a questão do aborto e as mulheres podem decidir a eleição americana, o que a campanha de Biden precisa fazer para recuperar o terreno perdido, e por que Donald Trump é, para ele, a “personificação de uma ameaça à democracia”.

Bill de Blasio fala sobre a eleição dos Estados Unidos em um hotel em São Paulo: para ele, aborto pode se tornar uma questão central na disputa entre Biden e Trump  Foto: Reinaldo Meneguim / IREE

O senhor disse que Joe Biden tem uma vantagem sobre Donald Trump no debate desta noite. Que vantagem seria essa?

Biden tem uma das maiores vantagens que alguém pode ter em um debate, que são as baixas expectativas. Eu tenho que dar a Trump crédito pelo seu brilhantismo doentio. Sua estratégia de debate em 2016 foi incrivelmente eficaz, aquela maneira irreverente, agressiva e criativa com que dizimou seus oponentes. Agora Trump é visto como forte e agressivo, e os Republicanos pintaram Biden como frágil e fraco. Mas assim eles prepararam o palco para seu próprio desastre. Tanto que nos últimos dez dias eles estão tentando redefinir as expectativas, sugerindo que Joe Biden vai se sair melhor do que as pessoas pensam, mas é tarde demais. Joe Biden tem uma configuração perfeita dessa maneira.

Ele também tem a grande vantagem de saber debater com Trump. Ele já fez isso. Trump não pode surpreendê-lo da forma como surpreendeu Jeb Bush, Hillary e outros. E Trump novamente tem o problema de ser agressivo, não reagir bem quando confrontado. Seus oponentes em 2016 meio que desmoronaram diante de seus ataques. Biden já conhece cada parte do manual de Trump e pode ser agressivo e disruptivo com Trump. Isso é uma enorme vantagem. Ele tem 3 ou 4 linhas de ataque que são devastadoras.

O ex-presidente Donald Trump fala durante o primeiro debate presidencial da eleição americana, em 2020, em Cleveland: novo confronto com Joe Biden Foto: Julio Cortez / AP

Quais seriam?

O que alguém responde quando você diz na cara dela que é um criminoso condenado? Se você olhar na cara dele e disser: “sabe, você é um criminoso condenado, não é apropriado para um criminoso condenado ser presidente dos Estados Unidos”. Não há saída disso para Trump. Ele pode balbuciar “o sistema está contra mim”. Ele pode dizer o que for, para os eleitores que importam, essa não é uma mensagem atraente.

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Então, cada segundo que eles estão falando sobre a condenação do Trump, Biden estará ganhando. Cada segundo que eles estiverem falando sobre aborto, Biden está ganhando. Cada segundo que estiverem falando sobre os cortes de impostos de Trump para os ricos, Biden está ganhando. Trump tentará atacá-lo sobre inflação e a fronteira. E a melhor coisa que Biden pode fazer é oferecer sua visão e falar sobre como os Republicanos interromperam qualquer esforço de solução. E exigir que Trump concorde com as ações que está tentando aplicar e force os Republicanos a seguirem. Trump controla o Partido Republicano. Então, em um certo sentido, Trump está encurralado.

A imagem que os republicanos vem tentado colar em Biden, de um senhor idoso, frágil, delicado, quase senil às vezes, tem tido sucesso. Biden tem condições de se reeleger?

Para alguém que tem 81 anos, Biden está incrível. Quando olho para ele e para Bernie Sanders, têm um vigor inacreditável. Biden, quando anda, é um pouco mais devagar. Mas e daí? Franklin Delano Roosevelt estava em uma cadeira de rodas e foi o melhor presidente que os EUA já tiveram. Então, não me importo se Biden anda um pouco devagar. Me importo com suas políticas e suas decisões, que foram sólidas. Temos um problema fundamental. Não é um problema novo. Ele tem uma gagueira. Ele tinha uma gagueira 40 anos atrás, quando concorreu ao Senado pela primeira vez nos anos 1970. Eu gostaria que ele não tivesse isso. Mas não é novidade. Não está relacionado à idade dele. Então, vimos que quando ele e sua equipe se concentram, têm a extraordinária habilidade de ser disciplinados. Em 2020, quando parecia que não havia como eles vencerem, eles foram extremamente disciplinados, cometeram quase nenhum erro. Sabiam onde estavam seus votos, e foram lá buscar.

A questão de idade não será um fator na eleição?

É justo dizer que os americanos, de forma geral, se perguntam como é possível que ambos os candidatos tenham, mais ou menos, 80 anos. É uma pergunta perfeitamente justa. Mas no final, existe uma escolha. E o esforço para pintar Biden como frágil não tem sucesso. E novamente, no processo eleitoral, as pessoas reclamam que desejavam ter outras opções, opções mais jovens. Mas quando você realmente tem que votar, todas as reclamações desaparecem. É uma decisão real. E é quando tudo ganha perspectiva. A questão da democracia é essencial, como vimos na pesquisa da Fox News, mas não é do dia a dia. Não é o mesmo que custos de saúde ou custo da habitação. Mas isso faz parte da identidade americana. E Trump abalou essa confiança em muitos americanos moderados, para quem ele não representa seus pontos de vista e não é consistente com a tradição americana que eles valorizam. E isso vai prejudicá-lo muito, principalmente nos subúrbios.

O presidente dos EUA, Joe Biden, bate palmas ao lado da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em um evento na Casa Branca: imagem de fragilidade explorada pelos republicanos  Foto: Leah Millis / Reuters

Se Biden não se sair bem no debate será um duro golpe. Qual o caminho para uma recuperação?

Temos um paralelo nas primárias democratas na eleição de 2020. As atuações de Biden nos debates das primárias não foram tão bons. Eles se recuperaram chegando a uma mensagem simples, clara, e fazendo o árduo trabalho de campanha. É isso que eles teriam que fazer novamente. Eu prevejo um bom resultado esta noite, mas mesmo que não seja tudo o que eu queria, há muitas maneiras de se recuperar. A maioria dos americanos começa a se concentrar nas eleições depois de setembro. E muitos só nos últimos dias da eleição. É justo dizer que uma boa performance muda a corrida. Uma performance abaixo do esperado não ajuda, mas não muda o trabalho fundamental que temos que fazer.

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E no fim, há uma equação realmente simples: Trump tem mais vulnerabilidades do que Biden. Os erros que ele cometeu e as escolhas que ele fez vão prejudicá-lo mais com o tempo. Eu preferiria, se me dessem a escolha de ser qualquer um dos dois candidatos, escolheria ser Joe Biden. Ele tem um histórico que realmente importa nas eleições, um conjunto de realizações. Uma tentativa sincera de acalmar as coisas e reduzir a divisão partidária. As pessoas reconhecem que ele é uma pessoa com a qual podem se relacionar. Quero dizer, um americano médio é muito mais parecido com Joe Biden do que com Donald Trump. Joe Biden é uma pessoa religiosa de verdade. Ninguém jamais diria isso de Donald Trump. Joe Biden é um pai de família de verdade. A família é obviamente importante para ele. Para Trump, a família é como um apêndice corporativo. Biden tem um estilo simples e pé no chão. Ele vem da classe trabalhadora, com enormes esforços. E há o poder do cargo.

O senhor disse que a questão do aborto nos EUA vai ser decisiva na eleição, e vai favorecer Biden. Por que?

Quer eu goste ou não, esta não é uma eleição nacional. Se fosse, com voto popular, poderíamos encerrar a campanha agora mesmo, porque venceríamos. Mas, nos EUA, temos uma uma série de eleições estaduais. E por mais que eu saiba que alguns Estados possam ser mais competitivos do que pensamos, Virgínia, Carolina do Norte, New Hampshire, Minnesota, eles são menos cruciais. O que realmente está em disputa são os Estados de Pensilvânia, Wisconsin, Michigan e, com esperança, Geórgia, Arizona e Nevada. Este são os Estados para focar. Mas veja, estamos falando apenas sobre um punhado de eleitores dentro desses Estados. O forte voto antiaborto, “pró-vida”, entre aspas, está concentrado em muitos dos Estados que Donald Trump vai ganhar de qualquer maneira. Então, se mais eleitores pró-escolha, a favor do aborto, saírem em Idaho ou Arkansas, isso não muda o resultado. Esses Estados vão eleger Trump.

Onde poderia ser importante? Nos Estados-chave que mencionei, obviamente. E nestes Estados, o voto de mulheres suburbanas da classe média, que por muito tempo foram chamadas de ‘soccer moms’ terão um peso fundamental. Não apenas eleitoras registradas como democratas, mas cada vez mais eleitoras independentes e republicanas. Para elas, foi um choque ter um direito retirado após a Suprema Corte reverter o caso Roe vs Wade. E elas veem isso em termos muito pessoais, porque muitas das novas leis são draconianas, em alguns lugares nem mesmo permitindo exceções para estupro ou incesto. A questão das mulheres votando motivadas sobre a questão do aborto está sendo subestimada. Eu acredito que é uma questão incrivelmente pessoal, poderosa e motivadora. E como mencionei anteriormente, é multigeracional. Mães e avós, ao pensarem que suas filhas ou netas não teriam um direito que elas tinham, se sentiram motivadas a ir votar. O que poderia ser mais pessoal, o que poderia ser mais visceral? Vai ser decisivo e, se for decisivo apenas com algumas centenas de milhares de eleitoras em cada um desses Estados, isso é mais do que suficiente para fazer a diferença.

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Manifestantes contrários ao aborto escutam o então presidente dos EUA, Donald Trump, em discurso em Washington, em janeiro de 2020  Foto: Olivier Douliery/AFP

O senhor acredita que este voto não está aparecendo nas pesquisas, que indicam vitória de Trump em quase todos estes Estados?

Não está. O voto é emocional, e pesquisas são racionais. Sabe, há tantas questões interessantes sobre pesquisas. A realidade dos telefones celulares, por exemplo, mudou a maneira como fazemos pesquisas. Temos pouquíssimas razões para acreditar, neste ponto, que sabemos como outras pessoas avaliam a capacidade das empresas de pesquisa de alcançar o eleitorado. Temos pouquíssimas razões para saber o quão precisa elas são neste momento. É uma bagunça. A maioria das pessoas está usando seus celulares. É muito mais difícil alcançar as pessoas no celular.

Em segundo lugar, há um grande viés no processo de pesquisa: muitas pessoas dizem aos pesquisadores o que eles querem ouvir ou o que percebem que eles querem ouvir. Essa foi certamente parte da história de 2016: muitas pessoas disseram que estavam votando na Hillary quando na verdade votariam em Trump. E ainda é apenas junho - falta muito tempo para a eleição.

Mas o voto antiaborto também pode favorecer Trump e os republicanos, não?

Eu não acredito, porque isso já está embutido na equação. Esse voto antiaborto terá mais peso nos Estados que já vão votar em Trump. Nos Estados em que a eleição será decidida por alguns milhares de votos, não. As evidências dos os resultados das eleições de 2022 mostram isso, onde os democratas ganharam consistentemente e a posição pró-escolha também foi vitoriosa. Como disse, votação é emoção, que toma cada vez mais conta à medida que se aproxima. Então, é mais visceral, como você está se sentindo emocionalmente sobre um líder, mas como se sente emocionalmente sobre as questões. Se os Democratas fizerem seu trabalho, até o momento em que as mulheres votarem, elas terão sido lembradas milhares de vezes de quem tirou o direito de escolha delas.

E será também sobre o direito à escolha, não apenas sobre o aborto. Os movimentos pró-aborto e antiaborto há muito tempo fizeram suas escolhas de como gostariam de ser chamados, e ambos escolheram bem. O antiaborto se disse pró-vida, que soa lindo, mas o pró-aborto disse pró-escolha. O forte impulso americano pela escolha, pela liberdade de escolher é muito poderoso, está em nosso DNA. Isso é muito uma parte da persona americana. E e acredito que isso está sendo extremamente subestimado. O que significa ter seu direito, esse direito de escolha, mais do que apenas um aborto, um direito de escolha removido legalmente? É um impacto enorme. E, no final, as emoções em torno disso vão aparecer.

E a campanha de Biden está explorando bem essa questão? Às vezes eles parecem evitar a questão do aborto

A equipe de Biden vêm tentando se concentrar em conquistas: economia forte, infraestrutura, clima. Eles têm muitos assuntos sobre os quais podem falar. Isso faz parecer que não há ênfase na questão do aborto. Mas a mensagem está começando a se voltar para isso - assim como os dólares destinados à publicidade serão, em grande parte, usados para essa tarefa, tanto pela campanha oficial do Biden quanto pelas entidades externas que os apoiam. E isso também é muito localizado.

Como eu mencionei, vou ser muito ativo no Estado de Michigan, porque leciono na Universidade de Michigan. No Estado de Michigan, eu garanto que eles vão focar intensamente na questão do aborto. A governadora de Michigan é uma mulher, democrata. Muitos dos principais oficiais no Estado, oficiais democratas, são mulheres. Eles tiveram um referendo sobre aborto recentemente que teve uma enorme abrangência. Então, a liderança local vai se concentrar na questão. Grupos externos que gastam com isso também vão se concentrar na questão. Em Michigan, em 5 ou 10 condados chave, você vai ouvir sobre isso o tempo todo. Mas em muitos Estados fundamentais para a eleição, essa será uma das mensagens mais importantes, com muito dinheiro por trás.

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Segundo uma média de pesquisas recentes divulgadas pelo jornal The Washington Post, Biden está atrás de Trump em 5 de 7 Estados-chave. A campanha de Biden tem sido criticada por parecer ignorar essa desvantagem. Como reverter isso?

Não acho que tenha sido ignorado, de forma alguma. Eles estão levando muito a sério e com sobriedade as dificuldades. Um grande indicativo de foco é a agenda de viagens do presidente. Para um presidente em exercício visitar esses Estados indecisos tantas vezes quanto ele já fez, em junho, é surpreendente. Isso terá ramificações. Como na ocasião em que ele caminhou em um piquete com o Sindicato dos Trabalhadores Automobilísticos em Michigan, foi histórico. Talvez esse tipo de mensagem devesse ser mais enfatizada.

Eu gostaria de ver uma mensagem mais forte sobre inflação. Eles têm muito a dizer sobre o que fizeram para reduzir os custos de saúde, mas também para se contrapor ao que Trump fez. Porque as políticas de Trump literalmente tiraram dinheiro do bolso das classes trabalhadora e média e deram em forma para os ricos e corporações em forma de cortes de impostos. Essa é uma mensagem que ressoa. Ele usou essa mensagem no discurso do estado da União, mas não usaram o suficiente desde então. É a mensagem pró-trabalho, sabe, os democratas perderam terreno com os membros de sindicatos nesses Estados-chave, que são industriais. Biden precisa aproveitar esse crescimento da nova atividade sindical que está alcançando muitas pessoas nos EUA, incluindo eleitores que Biden precisa trazer de volta, enfatizando suas raízes trabalhistas, sua conexão com esses esforços. Acho Isso pode ser poderoso.

Algumas pessoas dizem que Trump talvez não seja um verdadeiro risco à democracia. Ele seria apenas um populista, seus discursos são ‘parte do show’. Há um exagero sobre a ameaça de Trump à democracia?

Eu entendo o cinismo. Se isso for uma visão de mundo cínica, eu entendo a complacência. E sou o primeiro a dizer que acho que a democracia sobreviverá a Donald Trump, mesmo que ele seja eleito. Mas 6 de janeiro de 2021 é toda a prova de que você precisa. E há muitos mais exemplos. Nunca houve um dia na história americana como o 6 de janeiro, nem durante a Guerra Civil. A sede do governo nunca foi invadida, nem com um Exército inimigo não muito distante. Nunca aconteceu. Isso ocupa um grande espaço na mente do público.

Trump claramente não acredita em nossas normas democráticas. Mas o pior é que ele está liberando outras forças que não acreditam em nossas normas democráticas, permitindo que vozes de exclusão e racismo se fortaleçam. E isso mina o que se supõe ser uma democracia multicultural e inclusiva como a americana. É claro que ele é uma ameaça real à democracia. Eu não acredito que ele será uma ameaça vitoriosa à democracia, mas ele é a definição perfeita de uma ameaça à democracia.

O senhor acredita que um novo 6 de janeiro seja possível, no futuro?

Não acredito, por causa da abordagem adotada desde então pelo sistema de justiça criminal dos EUA. O sistema foi muito rápido para processar e responsabilizar aqueles que participaram. Isso não foi muito discutido. Esses processos foram incomumente rápidos e severos, porque o sistema de justiça criminal americano tomou uma decisão, quase em uníssono, para enviar uma mensagem de que haveria consequências reais. Não me surpreende que desde 6 de janeiro de 2021 o nível de violência política tenha diminuído significativamente.

Acho que o extremista americano típico não é tão corajoso. Eles acharam que era ótimo fazer algo até descobrirem as consequências reais.Sabe, os Estados Unidso, para o bem e para o mal, são uma nação de classe média muito confortável, com poucas pessoas dispostas a quebrar esse padrão. Mas mais importante, o sistema criminal americano e a comunidade de segurança estão extremamente atentas a essas ameaças e muito mais propensas a confrontá-las de maneira eficaz. O público responderia negativamente em qualquer cenário onde esse tipo de violência fosse empregado. Então, devemos estar vigilantes. Mas, de certa forma, 6 de janeiro foi uma vacinação. Foi um dia horrível e vidas foram perdidas. Elas nunca serão trazidas de volta. Poderia ter sido muito pior. Mas serviu para nos despertar.

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