Biden tira Cuba da lista de patrocinadores de terrorismo para libertar prisioneiros políticos

Dezenas de cubanos que foram presos em manifestações e outros considerado injustamente detidos pelos EUA seriam soltos até o fim do governo democrata; decisão possivelmente será revertida por Trump

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Por Redação

O presidente em fim de mandato dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu, nesta terça-feira, 14, retirar Cuba da lista de países que patrocinam o terrorismo para possibilitar a libertação de um número “significativo” de presos políticos, um decisão aplaudida por Havana.

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Altos funcionários do governo dos EUA, que assistiram ao anúncio, falaram sob condição de anonimato, disseram que “muitas dezenas” de presos políticos e outros considerados injustamente detidos pelos EUA seriam libertados até o fim do governo Biden, ao meio-dia de 20 de janeiro.

Biden enviou na tarde desta terça um relatório ao Congresso sobre “a proposta de revogação da designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo”, informou a Casa Branca. Washington afirma ter realizado gestões “com uma série de atores, incluindo a Igreja Católica”.

O objetivo é criar “um ambiente” que favoreça “a libertação dos defensores dos direitos humanos”, incluídas as pessoas “detidas durante os protestos de julho de 2021”, explicou uma das fontes.

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Cubanos compram comida em uma rua de Havana. Biden removeu a designação dos EUA de Cuba como um Estado patrocinador do terrorismo, em um acordo soltará manifestantes presos. Foto: Yamil Lage/AFP

O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que Washington atua “na direção correta”, mas se queixou de que “o bloqueio permanece”. É “um gesto de boa vontade com o objetivo de facilitar a libertação das pessoas detidas injustamente” em Cuba, disse o funcionário americano.

A decisão tomada pelo presidente democrata, que tem menos de uma semana no cargo, pode ser revertida pelo governo do republicano Donald Trump. Como futuro chefe da diplomacia, o magnata escolheu Marco Rubio, um filho de imigrantes cubanos bastante crítico do governo castrista de Cuba e defensor de sanções à ilha.

Por mais de seis décadas, Washington impõe a Cuba um embargo comercial que Trump endureceu em seu primeiro mandato, ao voltar a incluir a ilha na lista de patrocinadores do terrorismo, uma medida que cria obstáculos às transações e aos investimentos externos porque as empresas ficam expostas a sanções americanas.

O Ministério das Relações Exteriores cubano disse que o governo está ciente de que o novo governo dos EUA pode reverter a decisão, mas que permanecerá “pronto para desenvolver uma relação respeitosa com aquele país, baseada no diálogo e na não interferência nos assuntos internos de ambos os países, apesar das diferenças”.

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Ao chegar à Casa Branca em 2021, Biden prometeu revisar a política sobre Cuba, mas mudou de opinião após as manifestações antigovernamentais de julho daquele ano na ilha, que tiveram como saldo um morto e dezenas de feridos, e depois das quais centenas de manifestantes seguem presos.

Biden também emitiu nesta terça-feira uma suspensão por seis meses, a partir de 29 de janeiro de 2025, do título 3 da lei Helms-Burton, que permite aos americanos recorrer ao tribunais pelas propriedades expropriadas pelo governo cubano desde 1959. Este título da lei, aprovada em 1996, foi ativado por Trump.

O octogenário democrata também vai rescindir um memorando promulgado em junho de 2017 em virtude do qual uma lista de entidades cubanas estão proibidas de realizar algumas transações financeiras./AFP e AP.

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