WASHINGTON - O presidente americano, Joe Biden, disse nesta segunda-feira, 30, que o seu sucessor, Donald Trump, deveria aprender a “decência” com o legado de Jimmy Carter, em comentários feitos horas após a morte do ex-presidente no domingo, aos 100 anos.
Falando aos repórteres durante as férias com a família nas Ilhas Virgens Americanas, o presidente dos EUA traçou fortes contrastes entre o caráter de Carter e o de seu antecessor e sucessor Trump, que deve iniciar um segundo mandato em janeiro.
Quando perguntado se havia algo que Trump poderia aprender com Carter, Biden respondeu: “Decência. Decência. Decência.”
“Você consegue imaginar Jimmy Carter passando por alguém que precisava de algo e simplesmente continuando a andar?” disse Biden. “Você consegue imaginar Jimmy Carter se referindo a alguém pela aparência ou pela maneira como fala? Não consigo.”
O presidente, que deixará o cargo no dia 20, falou por nove minutos sobre Carter, descrevendo-o como um humanista, um amigo pessoal e um “líder notável”. Ele enfatizou como os valores de Carter refletiam na posição global dos Estados Unidos, observando que “o resto do mundo olha para nós. E valia a pena olhar para ele”.
Trump, que já teve desentendimentos públicos com Carter no passado, adotou um tom mais comedido em sua resposta. No domingo, ele elogiou Carter como “um homem realmente bom” por quem ele tinha o “maior respeito”.
Luto
As bandeiras nacionais estão a meio mastro nesta segunda-feira (30) nos Estados Unidos, um dia depois da morte de Jimmy Carter, aos 100 anos, um ex-presidente cujo mandato foi marcado por fracassos, mas cuja vida política como pacificador e filantropo foi unanimemente elogiada.
Joe Biden declarou o dia 9 de janeiro como luto nacional em honra de quem governou o país entre 1977 e 1981, e ordenou que as bandeiras americanas fiquem a meio mastro por um mês, período durante o qual Donald Trump assumirá a presidência do país.
O presidente democrata convidou “todos aqueles que buscam entender o que significa viver uma vida com propósito e significado” a estudar a vida de Jimmy Carter, “um homem de princípios, fé e humildade”.
As autoridades responsáveis pelo funeral de Estado do ex-presidente ainda não informaram sobre a programação dos atos. Segundo o New York Times, no dia 9 de janeiro será realizada uma cerimônia na Catedral Nacional de Washington, na qual Biden fará uma oração.
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Luta pela paz
Os ex-presidentes americanos vivos prestaram homenagens: Barack Obama saudou Carter como uma pessoa “extraordinária”, George W. Bush como um “homem de convicções profundas”, enquanto Bill e Hillary Clinton disseram que o democrata “trabalhou incansavelmente por um mundo melhor e mais justo”.
“Embora eu estivesse profundamente em desacordo com ele filosoficamente e politicamente, também percebi que ele realmente amava e respeitava nosso país”, disse Trump no domingo em sua plataforma Truth Social, após, no passado, ter criticado veementemente o ex-presidente.
Os elogios à figura de Carter também se multiplicaram internacionalmente.
O papa Francisco destacou o compromisso de Carter com a paz, “motivado por uma profunda fé cristã”, enquanto o presidente francês Emmanuel Macron, o rei britânico Charles III e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacaram o compromisso do falecido mandatário com a defesa dos direitos humanos.
O Centro Carter, a fundação do ex-presidente, anunciou no domingo que o prêmio Nobel da Paz de 2002 faleceu “em paz” no mesmo dia em sua casa em Plains, Geórgia, “rodeado por sua família”.
Carter é originário desse estado do sudeste dos Estados Unidos, onde cresceu na fazenda de amendoim de seus pais, uma propriedade da qual se encarregou quando deixou a Marinha, antes de entrar para a política.
Sua esposa e fiel companheira Rosalynn faleceu no ano passado, aos 96 anos, e foi enterrada em Plains, após uma homenagem nacional.
Com o rosto abatido, Jimmy Carter participou do funeral, em uma de suas raras aparições públicas nos últimos anos.
Espera-se que o ex-presidente seja enterrado ao lado de Rosalynn após as cerimônias previstas em Washington e Atlanta, capital da Geórgia.
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