O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, nesta segunda-feira, 19, em Pequim, enquanto os Estados Unidos e a China buscam tirar as relações de um profundo congelamento que levantou preocupações globais sobre o risco crescente de um conflito entre eles.
Após a reunião, o presidente da China, Xi Jinping, elogiou o encontro pelo progresso em algumas questões. “Isso é muito bom”, declarou. No início, Xi destacou que os dois países devem basear a relação “no respeito mútuo e na sinceridade”. “Espero que através desta visita, Sr. Secretário, você faça contribuições mais positivas para estabilizar as relações entre China e Estados Unidos”, declarou.
Por sua vez, Blinken disse ao líder chinês que o governo americano estava comprometido em melhorar as relações diplomáticas entre Pequim e Washington, de acordo com uma declaração do Departamento de Estado. “É do interesse dos Estados Unidos, da China e de todo o mundo”, afirmou.
A reunião entre as duas autoridades, realizada no Grande Salão do Povo, o grande edifício no lado oeste da Praça da Paz Celestial onde Xi costuma receber líderes estrangeiros, enviou um sinal, pelo menos por enquanto, de que as duas nações não querem que seu relacionamento seja definido por hostilidade aberta e que eles percebam o enorme risco de sua rivalidade e seus esforços diplomáticos.
No início do dia, Blinken se reuniu com Wang Yi, principal autoridade de política externa da China, que disse que os dois países têm a responsabilidade perante o mundo de reverter a espiral descendente de suas relações, de acordo com uma leitura oficial chinesa das três horas reunião. Mas Wang adotou um tom duro ao colocar a culpa em Washington pelas tensões.
Conforme a imprensa estatal, o presidente chinês espera “resultado positivo” da visita do secretário estadunidense. A expectativa de uma reunião entre Blinken e Xi já existia, mas nenhum dos lados havia confirmado oficialmente até apenas uma hora antes das negociações.
Esse encontro é considerado crucial para o sucesso da viagem, e um desprezo por parte do líder chinês teria sido um grande obstáculo para os esforços de restabelecer e manter a comunicação e melhorar as relações.
Blinken é o mais alto funcionário dos Estados Unidos a visitar a China desde que o presidente Joe Biden assumiu o cargo, e também o primeiro secretário de Estado a fazer essa viagem em cinco anos.
Espera-se que sua visita abra caminho para uma nova rodada de visitas de altos funcionários entre os EUA e a China, possivelmente incluindo uma reunião entre Xi e Biden nos próximos meses.
O encontro com Xi ocorre no segundo e último dia das importantes reuniões de Blinken com diplomatas chineses. Até agora, ambos os lados demonstraram disposição para o diálogo, mas mostraram pouco interesse em ceder em posições rígidas que aumentam as tensões.
Líder chinês elogia encontro
O presidente da China, Xi Jinping, elogiou os dois lados por progredirem em algumas questões durante a visita de Blinken, dizendo: “Isso é muito bom”.
“As interações entre os Estados devem sempre ser baseadas no respeito mútuo e na sinceridade. Espero que através desta visita, Sr. Secretário, você faça contribuições mais positivas para estabilizar as relações entre China e Estados Unidos”, afirmou o presidente da China durante o encontro.
Blinken disse ao líder chinês que o governo americano estava comprometido em melhorar as relações diplomáticas entre Pequim e Washington, de acordo com uma declaração do Departamento de Estado. “É do interesse dos Estados Unidos, da China e de todo o mundo”, disse ele.
Os dois países tem sido pressionados por outros líderes mundiais para reduzirem a escalada dos embates. Qualquer conflito armado entre China e Estados Unidos seria considerado uma catástrofe.
Os dois países são as duas maiores economias do mundo, potências nucleares e são os atores dominantes em tecnologias avançadas e outras indústrias críticas.
Diplomatas tinham poucas expectativas para reuniões de Blinken
Durante os dois dias de reuniões, diplomatas americanos não expressaram nenhuma esperança de grandes avanços entre Pequim e Washington. Em vez disso, eles se concentraram em tentar reconstruir os canais de comunicação que haviam sido reduzidos nos últimos meses e em fortalecer as negociações sobre questões menores, como vistos e voos comerciais entre os dois países.
Na conversa entre Blinken e Wang Yi, o chinês adotou um tom mais duro em relação a escalada dos conflitos com os Estados Unidos. Ele disse que Washington deve suspender as sanções contra a China e parar de suprimir o desenvolvimento tecnológico do país. Ele acusou os Estados Unidos de “interferir imprudentemente nos assuntos internos da China” em questões como Taiwan, ilha que a China considera como parte de seu território.
O Departamento de Estado descreveu a reunião de Blinken com Wang como “sincera e produtiva”, dizendo que Blinken enfatizou que as duas potências precisam gerenciar sua rivalidade com responsabilidade e se comunicar melhor para “garantir que a competição não se transforme em conflito”.
Saiba mais
A pressão pode estar aumentando em Pequim para estabilizar os laços com Washington por conta da piora da economia da China. Xi também pode querer estabilizar o relacionamento porque parece ansioso para se apresentar como um estadista global.
Os dois presidentes podem se encontrar pessoalmente em São Francisco no mês de novembro, caso o líder chinês decida participar de uma cúpula de líderes da Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico.
“A China passou os últimos meses culpando os Estados Unidos por tudo o que há de errado no relacionamento entre os dois países. Agora, os líderes da China precisam criar um espaço político para que a comunicação melhore entre eles”, afirma Ryan Hass, pesquisador do Brooking Institution. “Pequim avalia que é importante ter uma comunicação direta com os Estados Unidos para administrar as tensões entre os dois países e construir uma ponte para que Xi Jinping visite o país em novembro”, completa Hass./AP, AFP e NY Times.
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