BRASÍLIA - Bombardeios das Forças de Defesa de Israel cortaram nesta sexta-feira, dia 27, a comunicação entre o Escritório de Representação do Brasil em Ramala e os brasileiros que tentam fugir da guerra na Faixa de Gaza. O grupo de 34 brasileiros, porém, está em segurança, segundo o Itamaraty.
Mais cedo, o serviço de telecomunicações local foi afetado pelos ataques aéreos israelenses, informou em comunicado a empresa palestina Jawwal, responsável pela conectividade em Gaza. O Grupo Paltel divulgou um comunicado oficial em que anuncia o “apagão”, com todos os serviços inoperantes.
“O Grupo Paltel lamenta anunciar que todos os serviços de telecomunicações, incluindo telefone fixo, móvel e internet, foram perdidos na Faixa de Gaza. Isto deveu-se ao bombardeio contínuo e intensivo que causou o corte de todas as restantes rotas de fibra que ligam Gaza ao resto do mundo. Gaza está atualmente apagada”, afirma a nota.
O Itamaraty confirmou as dificuldades de contato e a interrupção nos serviços de telefonia, mas disse que o embaixador Alessandro Candeas, chefe da representação brasileira na Palestina, conseguiu falar com um dos brasileiros hospedados em Rafah.
“Segundo o relato, há bombardeios intensos nesta noite, mas os brasileiros estão em segurança”, disse o Ministério das Relações Exteriores. A queda no serviço de telefonia e internet em Gaza ocorreu por volta das 14h, no horário de Brasília, às 20h, no fuso de Gaza.
Desde que o governo federal iniciou uma operação de repatriação de brasileiros na região, anunciada em 8 de outubro, o grupo de brasileiros tenta deixar a Faixa de Gaza, onde há risco de uma iminente invasão por terra. Esse cenário tende a complicar qualquer evacuação de estrangeiros, na avaliação de diplomatas. Cerca de 5 mil aguardam autorização para deixar Gaza.
O Estado de Israel declarou guerra ao Hamas logo depois dos ataques promovidos pelo grupo terrorista de origem palestina, 20 dias atrás. O ataque terrorista e a resposta militar, até agora realizada principalmente com bombardeios, levaram à morte de 7 mil palestinos e 1,4 mil israelenses, segundo autoridades políticas dos dois lados em conflito.
Além disso, os brasileiros e os cerca de 2 milhões de habitantes de Gaza convivem desde então com escassez de itens básicos, como água potável, alimentos e medicamentos, por causa do cerco israelense e dos bombardeios frequentes, inclusive na parte Sul da faixa, para onde civis deveriam ir, segundo o ordem de evacuação emitida pelas FDI.
O comboio brasileiro foi dividio em dois, para facilitar o abrigo e o deslocamento. Um está abrigado em Khan Yunis, e o outro em Rafah, ambos a não mais do que 10 quilômetros da fronteira com o Egito. Eles aguardam aval para cruzar a passagem terrestre ao Sinai, por parte do governo de Israel. Ao todo, são 18 crianças, 10 mulheres e 6 homens entre eles.
Eles receberam apoio terrestre, com a contratação de transporte pelo Itamaraty, mas não há nenhum membro do governo acompanhando-os in loco. Os diplomatas monitoram a situação à distância, por isso a importância dos serviços de telecomunicação. Um avião da Presidência da República está no Egito a espera para trazer o grupo ao Brasil.
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